Em 2018, durante a final da Copa do Mundo da Rússia, o VAR – que estava sendo apresentado ao futebol pela primeira vez – interveio diretamente no resultado em favor da França. Essa verdadeira ferramenta de manipular os resultados tirou o título mundial da Croácia ao marcar um pênalti para a seleção do país imperialista e coroá-los com o bicampeonato mundial.
Agora, na semifinal da Copa de 2022 do Catar, mais uma vez, o VAR entra em campo para socorrer a França, que enfrentava a seleção de Marrocos. Na ocasião, o zagueiro francês deu uma dura entrada no jogador marroquino – na realidade, um chute –, sem mirar a bola, e o árbitro não marcou absolutamente nada. Depois de reclamação, o juiz ainda puniu os marroquinos com um cartão amarelo. Já o VAR, orientou pelo prosseguimento normal da jogada, ignorando completamente a dura entrada do francês.
Mais uma vez, o imperialismo lançou mão do árbitro de vídeo, que é o seu instrumento para manipular os resultados e interferir na partida. Graças a essa torpe manobra, a seleção marroquina não se classificou para a final, algo que levantaria a moral dos países oprimidos e desmoralizaria a campanha em defesa do futebol europeu.
Se, em 2018, o VAR deu o título para a França, em 2022, o VAR salvou os franceses de uma eliminação histórica contra Marrocos. É totalmente inconcebível defender o futebol brasileiro sem impor uma resistência enérgica contra esse mecanismo de manipulação dos resultados. Ao longo dos quatro anos em que esteve presente no futebol, o VAR interveio diretamente tanto na final da Copa de 2018, quanto na semifinal de 2022; definiu arbitrariamente diversos campeões para torneios nacionais e, até mesmo, internacionais; e tirou a alegria de comemorar o gol de diversos torcedores.
O objetivo do imperialismo ao forçar o VAR goela a baixo de todas as ligas nacionais e continentais também é tirar a alegria do gol. A verdadeira epopeia que surge desse momento, a alegria, o êxtase, tudo deixaria de existir ou seria diminuído por uma longa espera até a confirmação ou não do gol. Não o confirmando, vem a frustração e a raiva; confirmando-o, uma comemoração, mas com muito menos impacto e vitalidade.
Além da tentativa de tornar o futebol um esporte chato, o VAR também cumpre – e, mais precisamente, esta é a sua tarefa principal – a função de manipular os resultados esportivos ao bel-prazer dos monopólios imperialistas, que compram os árbitros e as confederações. Ao dar o direito de uma cabine secreta decidir os rumos que a partida deve tomar, põe-se um poderoso meio de decidir seu desfecho nas mãos dos tubarões do futebol, que a manipulará para alcançar seus interesses. A farsa para colocar a França na final da Copa do Mundo deste ano revelou isto de maneira indubitável: o VAR está a serviço das classes dominantes e do Capital internacional.