No último sábado (26), a Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA) instaurou uma investigação contra a Federação Sérvia de Futebol após a divulgação de uma foto em um vestiário que mostra uma bandeira do país que inclui Cosovo como pertencente ao seu território. Sobreposto a isso, está o lema “nema predaje” que, em sérvio, significa “não se render”.
O caso veio à tona após o ministro da Cultura, Juventude e Esportes de Cosovo, Hajrulla Ceku, publicar em sua conta no Twitter a foto em questão, afirmando tratar-se de um ataque “odioso, xenofóbico e genocida contra o Cosovo”.
A Federação de Futebol do Cossovo (FFK) também foi a público:
“Pedimos para que a Fifa aplique rigorosamente as suas regras e puna a federação sérvia por esta ação agressiva e contra os valores que o futebol transmite”, disse.
Em primeiro lugar, é natural que os jogadores da seleção da Sérvia defendam que Cosovo seja parte de seu país. Afinal, a região foi extirpada dos sérvios pelo imperialismo que, por meio de uma guerra violenta, encabeçada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), bombardeou a Sérvia e Montenegro de maneira constante, resultando em dezenas de milhares de mortes.
Foi mais um episódio no qual o imperialismo tentou desmembrar determinado país que se opunha à sua dominação para enfraquecê-lo e, posteriormente, invadi-lo. Algo que mostra que Cosovo é, de fato, parte da Sérvia, e não um país independente.
Os sérvios e, principalmente, os jogadores de sua seleção, que tendem a ser mais nacionalistas do que demais setores da sociedade por defenderem o seu país em uma competição global, entendem esse ponto e, assim, defendem o seu território. Algo que, aparentemente, não pode ser feito pelos atletas.
O processo da FIFA é ainda mais absurdo quando levado em consideração que a bandeira em questão não estava nem mesmo em público. Trata-se, fundamentalmente, de uma campanha imperialista que pressiona a FIFA a agir contra a Sérvia, atacando o direito dos jogadores de defenderem que seu território roubado pelo imperialismo seja devolvido.
Vale ressaltar que esse processo vem após uma dura campanha por parte do imperialismo contra o Catar. Em suma, a imprensa, bem como demais seleções, começaram a destacar e criticar a política do país sede da Copa em relação à população LGBT, à proibição de cerveja nos estádios e às mulheres. A seleção alemã, por exemplo, tapou as suas bocas em campo como se estivessem sendo censurados pelo regime catarense.
Com o Irã, o mesmo aconteceu. Por ser alvo de um golpe imperialista que tenta derrubar o governo nacionalista do país, também está sendo atacado por todos os lados. Chegou ao ponto de que um “torcedor” invadiu o campo com uma bandeira LGBT e uma camiseta que, na frente, dizia “salve a Ucrânia” e, nas costas, “respeito pelas mulheres iranianas”. Um amante ferrenho da demagogia do imperialismo com os povos oprimidos.
Entretanto, a diferença fundamental entre os casos da Sérvia para os do Catar e do Irã é o tratamento que a imprensa imperialista reserva para cada um. Finalmente, ficou claro que houve uma grande mobilização dentro e fora de campo contra os países árabe e persa. Por que não ocorreu o mesmo em relação à Sérvia? Afinal, é exatamente a mesma situação: um país está sendo censurado por portar uma bandeira, sendo que a seleção sérvia nem mesmo o fez em público.
E mais: o pretexto jurídico para investigar a Sérvia é o fato de que a FIFA proíbe manifestações políticas e religiosas em campo. Mas por que nada foi feito em relação à seleção alemã, que tapou a sua boca, à seleção iraniana, que recusou-se a cantar o hino do próprio país, e à seleção inglesa, que se ajoelhou em protesto?
Ninguém faz nada porque o imperialismo apoia a censura da FIFA contra a Sérvia. É uma prova cabal da demagogia da imprensa capitalista que, ausente de qualquer princípio político, opera conforme os seus próprios interesses. Em outras palavras, não defende os direitos das mulheres, dos LGBTs ou qualquer coisa do tipo. Antes, utiliza esses setores como justificativas para atacar os países que se opõem, de alguma maneira, à sua ditadura, como é o caso, neste momento, do Irã, da Sérvia e do Catar.