A polícia do Canadá reprimirá violentamente as manifestações de caminhoneiros que, conforme o governo, são “ilegais e antigovernamentais” e invocará pela primeira vez na história dessa nação a Lei de Emergências (substituiu a Lei de Medidas de Guerra na década de 1980), que dará à polícia ainda mais força repressiva e prerrogativa de uso de ferramentas letais. Essa lei permite que investidores, empresas e demais instituições que financiaram e financiarem os bloqueios nas ruas sejam postos sob investigação do Centro de Análise de Transações e Relatórios Financeiros do Canadá – FINTRAC, ou seja, a agência nacional de inteligência financeira do Estado.
Os caminhoneiros canadenses, como cabe a qualquer segmento da classe trabalhadora, decidiu se manifestar em contraponto às medidas contrárias aos seus interesses. O movimento iniciado no final de janeiro está sendo chamado de “Comboio da Liberdade” e os caminhoneiros, acertadamente, não se dizem contra a vacinação, mas sim, contra a obrigatoriedade da mesma.
A instituição do chamado “passaporte da vacina” prejudica sobremaneira a vida dos caminhoneiros canadenses. Por fazer fronteira e depender particularmente do comércio com os Estados Unidos, o fluxo logístico entre os dois países é intenso. A obrigatoriedade da quarentena instituída pelos governos fronteiriços obriga os caminhoneiros que transitam entre os dois países a terem de ficar parados por vários dias e a não apresentação do passaporte diminui as alternativas de fretamento dos caminhões.
O movimento cresceu tanto que polícia já tentou prender os manifestantes mas não deu conta do serviço. Agora o regime está juntando forças para uma repressão em larga escala. Os chefes de polícia estão alertando que irão encerrar os protestos e que os policiais estão se preparando para agir. “Os manifestantes devem deixar o local de protesto ilegal. Os policiais já estão indo de caminhão em caminhão para aconselhá-los sobre essa demanda. Queremos que eles façam isso pacificamente e imediatamente e estamos facilitando a partida de quem quiser sair, também temos métodos apropriados e legais para remover qualquer um que se recuse”, disse o chefe interino de polícia de Ottawa, capital do Canadá, Steve Bell.
Parte da população canadense se solidarizou com o movimento e está fazendo doações para que os caminhoneiros continuem reivindicando seus direitos. O governo, em contrapartida, ameaça congelar as contas de quem está doando e recebendo. Vejam o nível de arbitrariedade que o “democrático” governo canadense ameaça impor.
É patente que no mundo inteiro há grande revolta contra a obrigatoriedade da vacina e o passaporte vacinal. O autoritarismo, a repressão, o ataque aos direitos democráticos do povo têm sido a resposta da burguesia para se contrapor ao descontentamento popular. O caso canadense é um exemplo típico disso. O ataque ao direito de livre manifestar-se e associar-se é um crime e deve ser amplamente repudiado e enfrentado.