─ RIA Novosti, tradução do DCO ─ A principal responsabilidade pela escalada da crise ucraniana recai sobre os Estados Unidos e outros países da OTAN, disse o cientista político John Mearsheimer em um artigo para The Economist.
Em sua opinião, as raízes do conflito de interesses devem ser buscadas em 2008, quando o governo de George W. Bush pressionou a Aliança do Atlântico Norte a prometer aceitar a Ucrânia e a Geórgia em suas fileiras, apesar dos protestos de Moscou. Mearsheimer está confiante de que foram as tentativas dos Estados Unidos de “puxar” Kiev para a UE e a OTAN que provocaram um golpe de Estado e a derrubada do legítimo presidente Yanukovych.
“A Ucrânia estava de fato se tornando um membro da OTAN. O processo começou em dezembro de 2017, quando o governo Trump decidiu vender “armas defensivas” a Kiev. Era difícil dizer se poderia ser considerado “defensivo”, mas em qualquer caso, suas entregas à Ucrânia pareciam um insulto para Moscou e seus aliados no Donbass […] Outros países da OTAN se juntaram a essa onda, enviando armas para a Ucrânia, treinando seu exército e permitindo que ele participasse de exercícios aéreos e navais conjuntos”, explicou o especialista.
Os passos subsequentes para consolidar Kiev sob a bandeira americana, disse ele, apenas exacerbou a situação. O “confronto diplomático com Washington” sobre as garantias de segurança da Rússia e a não expansão da OTAN para o Leste também fracassou.
“Assim que esta crise de 2014 surgiu, os políticos americanos e europeus não quiseram admitir que foram eles que a provocaram, tentando integrar a Ucrânia ao Ocidente. Em vez disso, saíram de suas bocas declarações de que a verdadeira fonte do problema foi o “revanchismo” da Rússia e seu desejo de dominar, se não conquistar a Ucrânia”, explicou Mearsheimer.
Em uma situação em que o Kremlin, não vendo outra saída, lançou uma operação militar especial, o Ocidente também não está fazendo nada para começar a diminuir o conflito. Ele, segundo o autor do artigo, não percebe a gravidade das consequências das sanções econômicas e da ruptura das relações com Moscou.
“Eles estão aumentando a ajuda à Ucrânia enquanto aplicam sanções econômicas para ‘punir’ a Rússia em massa. Esses são exatamente os passos que Putin agora considera ‘como uma declaração de guerra'”, resumiu o cientista político.