Nesta sexta-feira (11), o YouTube, controlado pela Google, tirou do ar o principal canal de notícias russos de todo o mundo, a Russia Today (RT). Segundo o porta-voz do YouTube, Farshad Shadloo, “Nossas Diretrizes da Comunidade proíbem conteúdo que negue, minimize ou banalize eventos violentos bem documentados, e removemos conteúdo sobre a invasão da Rússia na Ucrânia que viola essa política”.
Apesar de que o portal de notícias da RT ainda está acessível do Brasil, a censura do YouTube representa o bloqueio de um veículo que noticiava quase que instantaneamente, por meio de vídeos e fotos, os principais acontecimentos na Ucrânia. Uma perda inestimável aos meios de comunicação.
Esse acontecimento vem em seguida de uma série de polêmicas que, agora, colocam em xeque a política identitária acerca da censura. Finalmente, criou-se um clima de que determinado tipo de censura seria favorável à sociedade, o que foi chamado de “censura do bem”.
Entretanto, agora mais do que nunca, fica claro que essa política serve unicamente aos interesses da burguesia que utiliza a defesa da esquerda pequeno-burguesa à censura como justificativa para impor os seus próprios objetivos.
Neste momento, a Rússia realiza uma verdadeira operação de libertação dos povos oprimidos na Ucrânia. Afinal, o país sofre com um golpe desde 2014 que, de maneira documentada, colocou um governo de extrema direita no poder que é diretamente sustentado por milícias nazistas.
Por esse motivo, o imperialismo faz de tudo para que, ao mesmo tempo em que evita um conflito direto com a Rússia, consiga prejudicar o país e impulsionar a dominação da OTAN na Europa por meio da Ucrânia. Nesse sentido, a imprensa burguesa é uma das frentes mais importantes da intervenção imperialista e, agora, com a censura da RT e de outros veículos russos, sua hegemonia cresce e a cobertura do conflito na Ucrânia passa a se resumir em mentiras fabricadas pela burguesia.
Acima de qualquer coisa, é a prova cabal de que a censura sempre se volta ao oprimido, ao setor mais fraco da sociedade. A burguesia tem interesses claros e, para manter sua posição, massacram de todas as formas possíveis os trabalhadores de todo o mundo. Como esperar que essa mesma burguesia tenha comportamentos que favorecem o povo por livre e espontânea vontade? É uma crença que surge da mais profunda confusão acerca do que de fato é o estado burguês – a democracia – e como funciona a luta de classes na sociedade dos dias de hoje.
No mês passado, a esquerda pequeno-burguesa defendeu a censura contra Monark, afirmando ser um ponto em comum com os setores mais diversos da sociedade brasileira. Seria, supostamente, uma cruzada – encabeçada pela burguesia – contra o fascismo. Agora, a burguesia, os mesmos paladinos que censuraram Monark, censuram um veículo que, nos últimos dias, tem revelado de forma cabal que esse mesmo imperialismo anti-fascista é, na realidade, financiador número 01 do nazismo na Ucrânia!
Sem princípios políticos, perde-se a noção do que acontece, do que existe e do que fazer. E que fique claro, o identitarismo não é e nunca foi um princípo progressista. Apenas nos resta perguntar: de que lado ficarão quando chegar a hora da revolução?