Parte da campanha de avacalhação de tudo o que é nacional, o linchamento moral do jogador de futebol Robinho segue no melhor estilo da inquisição identitária. Robinho foi processado na Itália por violência sexual e, mesmo antes de terminadas as possibilidades de recurso, se tornou uma espécie de representante mundial dos estupradores graças a uma dobradinha propagandística entre a imprensa burguesa e os moralistas de esquerda e de direita nas redes sociais.
Ganhou enorme destaque na imprensa golpista ontem a notícia de uma pichação ocorrida no muro de uma das unidades da escolinha de futebol Meninos da Vila. Justamente na cidade onde o jogador nasceu, Praia Grande, na baixada santista. Interessante notar que a pichação ocorreu há cerca de um mês e a escola ainda está “providenciando tintas para cobrir a figura de Robinho e as ofensas”, segundo o portal G1 da Globo.
De repente, o problema das violências sofridas pela mulher na sociedade atual se tornou responsabilidade de um homem negro, que foi da pobreza ao luxo, como ocorre com a minoria dos jogadores de futebol no Brasil. Como não poderia deixar de ser, esse tipo de caça às bruxas precisa fazer muita vista grossa para sustentar o discurso bastante agressivo e decidido. Jogadores estrangeiros e muito badalados aqui (no país do futebol), como Benzema e Cristiano Ronaldo, nunca foram tratados de forma nem parecida com o que ocorre com Robinho.
Considerando que o futebol não é um concurso de miss, vale lembrarmos um pouco do jogador Robinho, um dos grandes craques do futebol brasileiro. O franzino atleta que despontou no Santos no início do século, liderando uma geração vitoriosa no tradicional clube paulista, ao lado de jogadores como Diego, Elano, Léo e Robert. Entre outros destaques individuais, foi artilheiro na conquista da Copa América de 2007 pela Seleção Brasileira.
Se trata nada mais, nada menos, do que o ídolo de Neymar, principal jogador brasileiro da sua geração e melhor do mundo – mesmo que não seja premiado como deveria pelos europeus. Diante de tanta loucura identitária, é preciso talvez explicar que Robinho é ídolo de Neymar como jogador de futebol, não como político ou ser humano, mesmo que mantenham uma amizade. Robinho se popularizou no Brasil e no mundo como o “Rei das Pedaladas”, drible desconcertante e executado com perfeição pelo brasileiro.
Bicampeão brasileiro, campeão da Copa do Brasil, Bicampeão Paulista, Campeão Mineiro, Bicampeão da Liga Espanhola, Campeão Italiano, 2 Copas das Confederações e uma Copa América, entre outros títulos coletivos. Bola de Prata em 2002, 2003, 2004 e 2016, Bola de Ouro em 2004, Melhor Jogador da Copa América, entre outras conquistas individuais no esporte mais popular do mundo.
A violência sexual e toda a opressão contra a mulher são decorrentes do papel de inferioridade imposto às mulheres na sociedade em que ainda vivemos. A escolha “a dedo” de alvos para o linchamento moral não resolve e nem ao menos alivia essa chaga. Por outro lado, ainda fortalece a repressão estatal e o clima de histeria que a burguesia adora manipular contra a população.
