Nessa quarta-feira (09), as Forças Armadas entregaram ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) seu relatório relativo às urnas utilizadas nas eleições de 2022. No documento em questão, os militares reconheceram o resultado divulgado pelo TSE, afirmando que não houve divergências entre os números do tribunal e os seus números. Entretanto, destacaram que foram identificadas fraquezas no sistema eletrônico de votação.
“Do trabalho realizado, destaco dois pontos. Primeiro, foi observado que a ocorrência de acesso à rede, durante a compilação do código-fonte e consequente geração dos programas (códigos binários), pode configurar relevante risco à segurança do processo. Segundo, dos testes de funcionalidade, realizados por meio do Teste de Integridade e do Projeto-Piloto com Biometria, não é possível afirmar que o sistema eletrônico de votação está isento da influência de um eventual código malicioso que possa alterar o seu funcionamento”, disse Paulo Sérgio Nogueira, ministro da Defesa, em ofício encaminhado ao TSE.
Cabe ressaltar que o TSE, sob a justificativa de preservar a lisura do processo eleitoral, não disponibilizou os códigos-fonte originais das urnas, apenas cópias. Em decorrência disso, a Defesa apontou dificuldades na apuração do funcionamento do aparelho:
“Foram autorizadas somente análises estáticas, ou seja, foi impossibilitada a execução dos códigos-fontes, fato que teve por consequência a não compreensão da sequências de execução de cada parte do sistema; não foi autorizado o acesso ao sistema de controle de versões do SEV [sistema eletrônico de votação] […] Isto quer dizer que não há certeza de que o código presente nas urnas é exatamente o que foi verificado; não foi concedido acesso às bibliotecas de software desenvolvidas por terceiros e referenciadas no código-fonte, limitando o entendimento do sistema inspecionado; e as restrições à fiscalização no ambiente de análise dificultaram a inspeção de um sistema complexo que possui mais de 17 milhões de linhas de código-fonte”, registrou a Defesa em seu relatório.
Em outras palavras, ao mesmo tempo em que confirmou o resultado das eleições deste ano, as Forças Armadas indicaram que poderia ter havido uma fraude, apontando, então, problemas presentes nas urnas eletrônicas brasileiras.
O engraçado é que, frente a isso, Alexandre de Moraes, ministro ditatorial do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do TSE, não disse um pio. Limitou-se a afirmar que estaria “satisfeito” com o relatório dos militares quando, segundo a Constituição Federal de Xadão, criticar absolutamente qualquer aspecto relativo ao sistema de votação brasileiro é um crime gravíssimo que prevê, inclusive, cadeia.
É um tratamento completamente diferente daquele que, recentemente, foi dado a Marcos Cintra. O ex-deputado federal e ex-candidato à vice-presidência da República não só teve a sua conta no Twitter censurada após decreto de Moraes, como também foi intimado a prestar depoimento à Polícia Federal. Seu crime? “Falar mal” das urnas eletrônicas.
O ponto é que – e justamente por isso a necessidade das aspas – Cintra não falou absolutamente nada flagrante, tampouco mais crítico do que o relatório apresentado pelas Forças Armadas. Antes, limitou-se a levantar dúvidas acerca do sistema eletrônico de votação, expondo uma mera opinião informal em sua própria conta nas redes sociais.
Marcos Cintra, mais uma vítima da ditadura do STF
Se Moraes fosse, de fato, o grande defensor da democracia brasileira, como procura afirmar a imprensa burguesa e a grande maioria da esquerda pequeno-burguesa, teria que “cancelar” os militares por seu padecer relativo às urnas. Mas, no final, não sofreram e não sofrerão nenhuma retaliação, pois o verdadeiro jogo de Xandão é covarde e, logo, só ataca figuras que não podem se defender da ditadura do judiciário no Brasil.
Fica claro que a preocupação do skinhead de toga do STF não é com a democracia, tampouco com o povo brasileiro. Serve, acima de qualquer coisa, aos interesses da burguesia e, portanto, não possui nenhum princípio minimamente progressista. Toda a sua enorme luta contra o “fascismo” – leia-se espantalho – não passa de uma farsa, mas, uma farsa que lhe convém para que, posteriormente, atinja seus verdadeiros objetivos políticos: atacar a esquerda e as organizações dos trabalhadores.