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O candidato da burguesia

R$50 mi: doações capitalistas a Bolsonaro são 20x mais que a Lula

Burguesia despeja enormes montantes de dinheiro na campanha de Bolsonaro, comprovando o gigantesco financiamento capitalista para que ele vença a eleição

Quem é apoiado pelo imperialismo, Bolsonaro ou Lula?  Essa questão é feita pela esquerda e setores nacionalistas há muitos anos, e se intensificou durante a campanha eleitoral de Lula, em virtude de suas alianças e supostos apoiadores. Mas, afinal, Lula realmente é o candidato do imperialismo? 

O que define quem é o candidato do imperialismo e da grande burguesia são três elementos fundamentais, a saber: 1) Doações em grandes volumes (não necessariamente os doadores, muitas vezes fazem doações a vários candidatos com objetivo de trunfos futuros); 2) Posicionamento dos Estados Unidos em relação aos candidatos, por intermédio de ONGs, think tanks e Departamento de Estado; 3) Uso ostensivo da imprensa capitalista no mundo inteiro, que observa, de perto, uma das eleições mais importantes do mundo; 4) Reações imediatas do “mercado financeiro” a cada declaração dos candidatos; 5) Controle territorial; 6) Posição do candidato entre os trabalhadores e na luta de classes do período em tela. 

Bolsonaro acerta os cinco primeiros quesitos e Lula acerta o último e mais importante. É muito simples, portanto, definir quem é o candidato do imperialismo, e, portanto, Bolsonaro claramente é o nome que será incensado por mais algum tempo pela grande burguesia, até que o nome de Simone Tebet ou alguém mais competente para realizar os serviços do imperialismo surja. Podemos adiantar que Bolsonaro tem em suas mãos a máquina estatal, os militares, as polícias, as igrejas e grande parte da população, que definitivamente criou um amplo movimento de massas. 

Segundo, além do apoio canino de diversos segmentos da burguesia, Bolsonaro tem um gigantesco aparato de apoiadores prefeitos, deputados e senadores, além do próprio judiciário, com quem Bolsonaro estabelece um teatro a fim de se mostrar como um candidato antissistema, e a técnica não se esgotou e parece estar distante do fim, afinal, o bolsonarismo cresceu graças ao fermento do próprio judiciário. 

Dinheiro 

“Doações para Bolsonaro mais que dobram no 2º turno e já chegam a R$ 77 milhões”, diz manchete do Estadão. O republicanismo da esquerda não impediu que as corporações capitalistas organizassem a manipulação eleitoral. Vejamos por quê: desde a reforma eleitoral de 2015, empresas foram proibidas de doar para legendas e candidatos. Doações de pessoas físicas para campanhas eleitoras podem ser feitas normalmente por transferência bancária, com a devida indicação do CPF do 
doador. O valor pode ser de até 10% dos rendimentos brutos da pessoa no ano anterior 
à eleição. 

Na prática, em termos eleitorais, essa situação aprofundou as disparidades entre as candidaturas, haja vista que o doador tem a devida isenção de utilizar mais de uma pessoa para fazer seu apoio de modo mais personificado, acentuando as características de governos de força. 

No segundo turno, definido quem concorreria com Lula, o dinheiro de pessoas físicas para ajudar a campanha de Bolsonaro mais que dobrou nas últimas três semanas, chegando em R$ 77 milhões e ainda pode crescer. Os dados são fornecidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Às vésperas do primeiro turno, Bolsonaro tinha recebido durante três meses de campanha, cerca de R$ 25 milhões. 

O maior doador de Bolsonaro entre as pessoas físicas até o momento é o pastor evangélico, filantropo e editorialista, Fabiano Campos Zettel, com R$ 3 milhões, seguido de José Salim Mattar Junior, vulgo “Raio Privatizador”, com R$ 1,8 milhão. Mattar é dono da Localiza, empresa que é fachada para negócios de vendas de veículos e investimentos em ações e títulos podres, negócio daqueles que militam pela privatização total. Mattar foi ex-secretário de Desestatização do governo Bolsonaro, o que demonstra a natureza atual do Estado brasileiro. 

O apoio de grandes empresários a Lula, como de Neca Setúbal, especializada em filantropia identitária, não significa apoio real, em dinheiro, que é o que define as eleições. Esse tipo de organização entre os capitalistas é comum, serve para confundir o panorama político, ao mesmo tempo que visa o futuro, em caso de vitória de Lula, pois os capitalistas barganham e tentam corromper a todos que venham a ser governo. 

Estados Unidos 

Recentemente, a este Diário analisamos um possível apoio a Bolsonaro pelo imperialismo, por intermédio do fortalecimento de relações institucionais durante as eleições. 

Em abril, o Brasil recebeu uma especialista em golpe de Estado, a subsecretária para Assuntos Políticos dos Estados Unidos, Victoria Nuland. Em nota, o Itamaraty divulgou que o diálogo objetiva: “ii) promoção da prosperidade econômica; e iii) fortalecimento da cooperação em defesa e segurança e promoção da paz e do primado do Direito”.  

Além de Victoria Nuland, vieram ao Brasil, o Subsecretário de Estado para Crescimento Econômico, Energia e Meio Ambiente, Embaixador Jose W. Fernandez; o Vice-Secretário de Estado Assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Ricardo Zúniga; o Secretário de Estado Assistente para Assuntos do Hemisfério Ocidental, Mark Wells; e a Secretária de Estado Assistente para Transição Energética, Anna Shpitsberg”, expunha a nota. Nuland foi a organizadora do golpe eleitoral do Euromaidan. 

É preciso demarcar também que a Organização dos Estados Americanos (OEA), organização paraestatal americana para golpes na América Latina, está observando em tempo real as movimentações no Brasil, e, mais do isso, a própria contagem de votos pelas urnas eletrônicas. 

O Chefe da Missão de Observação Eleitoral (MOE) da Organização dos Estados Americanos (OEA), o ex-Chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez Lezcano, chega hoje à Brasília para se unir à equipe da OEA que observa o segundo turno no dia 30 de outubro. A Missão, conformada por 56 observadores e especialistas de 17 nacionalidades, estará presente em 15 estados e no Distrito Federal e observará o voto no exterior nos Estados Unidos, França e Portugal. Durante seu trabalho no país, a equipe da OEA se reunirá com autoridades eleitorais, o Governo, partidos políticos, representantes da sociedade civil e outros atores, a fim de conhecer suas impressões sobre diferentes aspectos do processo eleitoral em curso. Ao finalizar sua observação, a OEA apresentará um informe preliminar com observações e recomendações, com o objetivo de contribuir ao sistema eleitoral do Brasil. (Jornal Local) 

Essa missão foi convocada por Bolsonaro, de acordo com o e-Global. Se Bolsonaro não fosse o candidato do imperialismo, não teria tamanho poder. Zelaya, Ortega e Maduro jamais conseguiriam tamanha proeza. 

Imprensa Capitalista 

A imprensa capitalista brasileira e internacional está com Bolsonaro. A tentativa de tornar as eleições uma “guerra santa”, ou seja, jogar para o terreno eleitoral a disputa entre o “bem e o mal”, ajudou Bolsonaro a se desprender das questões econômicas. Através do Luciano Hang (entre outros), por exemplo, circula que se Lula ganhar muitos empresários vão embora do país, no mesmo movimento feito em 1989 por Mário Amato, então presidente da Fiesp. 

Além disso, o Partido da Imprensa Golpista, atua para informar sobre uma “recuperação da economia” que não existe, e a campanha da esquerda mordeu a isca da “guerra santa”, favorecendo enormemente Bolsonaro. 

Enquanto a imprensa divulga a disputa de bastidores, de recursos junto ao Alexandre de Moraes, as mazelas econômicas, o golpe dos bilhões para distribuir recursos públicos já é página virada. 

Juntamente com esse movimento calculado, a reação “dos mercados” já se fazem presentes novamente. À medida que Lula tem boa participação em podcasts, ou mesmo declarações em entrevistas para rádios do interior, a imprensa capitalista, venal, atua para mostrar o “humor” do mercado financeiro. 

Uso do território brasileiro em larga escala 

Bolsonaro, no último discurso, ressaltou que “nenhum prefeito ficou sem recurso” em discurso em Minas Gerais, e não foi contestado por ninguém importante. Segundo levantamento de Poder 360, 3.639 prefeitos apoiam Bolsonaro, dos 5570 municípios brasileiros. Mais do que os recursos que não chegaram aos municípios, o que se viu foi a entrega de pequenas obras com verbas parlamentares, além do confronto de prefeitos com cidadãos durante a pandemia, que fechou o comércio e dificultou a administração de muitos deles (os reeleitos), enquanto os eleitos em 2020 utilizaram exatamente a plataforma do Bolsonaro. 

Nunca houve um apoio tão grande da máquina pública a um presidente, o que será decisivo na hora de não colocar efetivamente os ônibus nas ruas das periferias, no momento que a polícia e exército instalados nos municípios gerarem um caos municipal no dia das eleições. Lugares longínquos, em distritos, ou mesmo em regiões de florestas, ilhas e sertão podem ficar sem votar com tamanho poder territorial. 

Lula, que é o candidato dos pobres, da população que mais depende de políticas públicas, poderá ter uma parcela enorme do seu eleitorado, simplesmente castrados pelos prefeitos. Enquanto a esquerda comemora suposta benesses de prefeitos, que dizem fornecer transporte gratuito, efetivamente podem cortar as linhas, atrasar o transporte e criar um caos tanto em cidades, mas, principalmente no campo, floresta e sertão.  

Lula, o candidato dos pobres, dos trabalhadores 

Lula é o candidato dos trabalhadores, não do imperialismo, ao contrário de Bolsonaro, que conta com uma estrutura jamais vista na história do Brasil, de modo que, uma eventual vitória de Bolsonaro pode favorecer uma administração draconiana, ainda mais agressiva aos trabalhadores, tendo em vista tamanho apoio. 

Por uma série de razões, as articulações políticas confundiram o panorama geral, haja vista que muitos golpistas pró-imperialistas estão apoiando Lula, muitas delas artistas de direita, pessoas despolitizadas, além de capitalistas e latifundiários como Simone Tebet, mas essas contradições fazem parte da luta política e do desespero do topo da pirâmide da esquerda. Contudo, não se pode confundir isso com apoio ao imperialismo por parte de Lula e vice-versa. 

Concretamente, Lula está sendo vítima de vários arranjos que fazem parte da quarta etapa do golpe de Estado, isto é, da tentativa de golpe eleitoral de 2022. Lula está ciente e consciente dos obstáculos impostos a ele, por dentro da campanha, ao mesmo tempo, Lula tem tensionado claramente com a burguesia, sinalizando aumento de salário e fim das privatizações. 

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