Há uma semana, surgiram protestos na China em decorrência da política governamental do “covid zero”. A imprensa burguesa tem dado amplo destaque e repercussão para fazer propaganda contra o governo chinês, algo que também apelou, como sempre, à esquerda pró-imperialista.
Em primeiro lugar, é preciso dizer que o regime chinês é instável, ou seja, não governa exatamente conforme os seus interesses. A burocracia chinesa precisa medir constantemente as suas ações frente às massas para que estas não se levantem contra o governo. Ela evita, inclusive, tomar medidas mais autoritárias, não possui força política para impor uma linha dura contra o povo.
Nesse sentido, decerto que o tamanho da repressão noticiado pelos grandes jornais é distorcido, uma vez que, materialmente, o regime não possui condições de se tornar a ditadura sanguinária que a imprensa tão corriqueiramente retrata.
Finalmente, os protestos são secundários, o que mais existe é propaganda contra a China justamente porque ela se configura como um obstáculo à dominação do imperialismo na região e em todo o mundo. Veja como a cobertura da imprensa, até no Brasil, é dramática:
“Levados ao limite pela política de covid zero do governo, jovens estão questionando os líderes do país e testando as restrições impostas a atos políticos que vigoram há décadas”, escreve o sítio Terra.
Ainda, tentam apelar para o sentimentalismo, pintando uma cena digna de um filme hollywoodiano:
“Na China, uma nova geração saiu às ruas no último fim de semana. Muitos participavam de seu primeiro protesto […] “Uma jovem que estava próximo da multidão disse que achou aquele momento emocionante, mas frágil […] Nunca vi nada assim na minha vida na China. Sinto um alívio. Finalmente podemos nos reunir e nos unir para dizer algo que queríamos falar há muito tempo”.
O pior é que, mesmo assim, a esquerda pequeno-burguesa mergulha de cabeça nessa campanha contra a China, utilizando como justificativa a luta abstrata pelos povos oprimidos, que seriam os trabalhadores chineses Uma análise estranha ao materialismo histórico por desconsiderar completamente a atual etapa do capitalismo, o imperialismo, como principal algoz da classe operária a nível mundial.
Assim como um cão de guarda, setores ditos de esquerda são obedientes ao imperialismo e fazem o que ele manda. Se a campanha da vez é contra a China, a Rússia, ou, de maneira geral, qualquer inimigo dos Estados Unidos, ficam rapidamente a favor da “democracia” e da “liberdade”.