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É preciso mobilizar

Primeiras indicações de Lula assustam a burguesia

A burguesia começa a pressionar Lula antes mesmo de assumir o governo, devido às suas indicações ministeriais. É preciso chamar o povo às ruas para defender uma política popular.

O Governo Lula está, neste momento, divulgando as suas primeiras indicações ministeriais. E, embora algumas das indicações tenham apontado um caminho de conciliação, há, na realidade, um sinal de que estamos diante de um governo com muito mais propósito do que os mandatos anteriores do PT.

As indicações mais importantes e que dão um sinal de que Lula deverá seguir uma política econômica consequente, independente das pressões que vêm sendo feitas pela burguesia, são principalmente as da Economia, da Fazenda, da Educação, do Trabalho e a presidência do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).

A indicação de Fernando Haddad para o Ministério da Fazenda foi uma das primeiras feitas por Lula. Trata-se de uma indicação positiva, já que Haddad é uma figura de confiança de Lula e executará a política econômica exigida pelo presidente. Logo que se aventou a possibilidade do ex-prefeito de São Paulo, os banqueiros e setores ligados ao mercado financeiro já expressaram sua contrariedade. Até o momento atual, existe uma intensa campanha da imprensa, dizendo que Haddad está com dificuldade para formar suas equipes e outras questões.

Lula deu indícios de que levará adiante uma política econômica com vistas ao desenvolvimento e à reindustrialização do país. Para poder fazer isso, ele precisa ter alguém de confiança na liderança da equipe econômica. Outra indicação que mostra esse caminho é a de Aloizio Mercadante para a presidência do BNDES.

Mercadante também foi recebido com extremo desagrado pela burguesia golpista. Está sendo anunciado em todos os lugares que procurarão utilizar-se da Lei das Estatais – que estabelece, entre outras coisas, que o presidente de empresas estatais não pode ter se envolvido com campanhas eleitorais antes de assumir – para impedir a indicação.

 Essa lei, sancionada durante o governo do golpista Michel Temer, é mais uma daquelas que têm a função de impedir que a esquerda possa montar seu governo de modo a levar adiante a sua própria política, sem a ingerência da burguesia. 

No entanto, não está definido se essa manobra funcionará ou não. Até o momento, Mercadante é a indicação de Lula para presidir o BNDES. Mercadante é do círculo íntimo de Lula, um economista de esquerda, que sempre esteve ligado à militância da esquerda, inclusive ao movimento sindical. Ainda que já tenha feito coisas reprováveis no passado, é alguém da confiança de Lula há muitos anos e deve seguir sua orientação para exercer o cargo.

O BNDES é um órgão importante, pois é por meio dele que o governo auxilia pequenos investidores a desenvolverem seus negócios e movimentarem a economia. Trata-se de um órgão fundamental para a expansão da economia nacional.

Tudo indica que a burguesia irá utilizar o Banco Central para pressionar o governo a levar adiante a sua política econômica. Isso é uma demonstração de pôr que não se deve apoiar, de forma alguma, a independência do Banco Central. Nenhum órgão do governo deve ser “independente”. Prova disso foi a autonomia da Polícia Federal durante o governo de Dilma Rousseff (PT), que levou à investigação da presidenta e de outros setores e culminou com sua derrubada do poder.

Para o Ministério do Trabalho, Lula convidou Luiz Marinho, do PT. Marinho nunca foi da ala mais radical do Partido dos Trabalhadores, no entanto, já foi presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo do Campo e Presidente da CUT, o que mostra que Lula desenvolve uma política totalmente diferente de suas anteriores para o Ministério do Trabalho. Em um de seus mandatos anteriores, ele havia indicado pessoas ligadas à Força Sindical, central de brinquedo dos patrões e cuja função é atacar os direitos dos trabalhadores.

O Ministério do Trabalho é a ponte entre o governo e os sindicatos. No Brasil, os sindicatos são extremamente dependentes e ligados ao governo, portanto é um cargo importante para se ter uma base significativa na sociedade. Marinho é também alguém da ala mais lulista do PT, portanto, é mais um indicativo de que é um ministério sobre o qual Lula quer ter um bom controle. 

Para o Ministério da Educação, ainda não há uma definição concreta de quem será o ministro. Tudo indica, no entanto, que também será alguém do PT. Trata-se de um Ministério muito importante para a elaboração de políticas sociais que atinjam a toda a população. Sob o comando do MEC estão milhões de professores e alunos, para os quais é muito importante fazer uma política social acertada. O mesmo vale para o Ministério da Saúde.

Essas indicações, centrais para a definição política do governo, mostram que Lula não tem a intenção de ser um capacho do imperialismo em seu governo. Muitos setores da esquerda pequeno-burguesa, pseudo-radicais, fizeram uma propaganda de que Lula seria o “candidato de Biden”, e governaria conforme quer a burguesia. No entanto, está claro que isso foi um erro de prognóstico muito grande.

Outro setor que está extremamente insatisfeito com essas indicações é a própria burguesia. Nas páginas dos jornais golpistas, vê-se críticas de todo o tipo contra as indicações de Lula. Desde acusações de corrupção até a campanha de que “Lula está apenas indicando seus companheiros”. Uma acusação bastante absurda. Afinal, quem Lula deveria indicar senão os seus companheiros? Quem o ajudou a se eleger foram esses tais “companheiros”. 

Outra campanha semelhante é a de que Lula fala em frente ampla, mas “não a pratica nas indicações”. É preciso responder que isso é o correto. Há boatos de que não serão indicadas para nenhum ministério, Simone Tebet e nem Marina Silva e isso tem revoltado setores da imprensa. No entanto, é preciso dizer que são notícias positivas, mesmo que sejam boatos. Essas duas golpistas nada fizeram para ajudar na eleição de Lula, apenas simularam um apoio de última hora e utilizaram a campanha de Lula para autopromoção.

Ainda que sejam ataques de baixa intensidade contra Lula, já são demonstrativos da campanha virulenta que virá pela frente assim que Lula assumir o mandato. Outro setor que pressionará Lula de todas as formas são as Forças Armadas. A indicação de José Múcio para a Defesa foi uma política incorreta de Lula. Mas, num certo sentido, compreensível. Múcio é alguém de confiança das Forças Armadas, portanto Lula procura estabelecer uma política de pacificação com as Forças Armadas. No entanto, eles são fortes opositores de Lula e funcionam, assim como o Banco Central, de forma independente.

Para Lula combater todas as pressões, é preciso mobilizar a população do país. O PT deve aprender com o caso de Pedro Castillo no Peru. O presidente golpeado procurou fazer acordos com todos os setores, menos com o povo. Assim que ele foi derrubado, o povo saiu às ruas para defendê-lo, o que mostra que eles poderiam ter saído às ruas antes, caso tivessem sido convocados. Lula deve governar com a população e mobilizar o povo e a classe operária para conseguir levar sua política adiante, contra a pressão da burguesia.

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