No último sábado (08), Sergio Moro foi novamente repudiado pela população da cidade de João Pessoa-PB. Dessa vez, os populares gritavam “golpista” das varandas dos prédios no Bessa, um bairro nobre da capital onde Moro passou antes de embarcar de volta para Curitiba-PR.
O asco dos pessoenses
Repetiu-se uma demonstração de total rejeição ao pré-candidato do Podemos a presidência da república. Moro foi recebido sob o cântico de “golpista” pelos moradores do bairro do Bessa. Mesmo no setor litorâneo, área nobre. Moro, um dos principais elementos do golpe de 2016, foi repudiado e reconhecido como um dos autores do golpe.
Esse não foi o primeiro episódio de aversão a Moro em João Pessoa. Já no momento de seu desembarque no aeroporto Castro Pinto, Moro foi recebido sob as pechas de “ladrão” e “traíra” pela população presente no saguão. Chegou a ocorrer um princípio de tumulto, com troca de socos, depois que um homem reagiu aos insultos populares.
Realidade da terceira via
Essa não é a primeira vez que Moro sente o desprezo popular, ele já foi execrado publicamente por manifestantes em Recife (PE), Porto Alegre (RS), Brasília (DF), Rio de Janeiro (RJ) e também no exterior, em Nova York (EUA). Chama a atenção que, pela sua atuação no golpe de 2016, entrada e abandono no ministério durante governo Bolsonaro, o ex-juiz parcial sofre desprezo tanto pela direita, dos simpatizantes de Bolsonaro, quanto pela esquerda.
Esse não é um fenômeno particular do elemento Moro, mas um reflexo da situação política, onde os agentes diretos do imperialismo no cenário político sofrem extremo desgaste. Foi a incapacidade da direita tradicional de aglutinar qualquer base popular que levou os golpistas a deixarem Bolsonaro assumir o governo.
O fenômeno da terceira via é uma tentativa da direita tradicional de angariar algum apoio popular, se restabelecendo na liderança do regime. Esse esforço segue por várias vias, das mais tradicionais como João Daria, a alternativas de menor envergadura como Moro.
O esforço para esconder a polarização política e restabelecer a direita tradicional é transparente no discurso de Moro: “Começo hoje a rodar o Brasil. Nesta semana, estarei na Paraíba. Conto com vocês nessa jornada que está só começando. Temos um país para salvar de uma triste polarização entre pelegos e milicianos. Vamos construir a nação moderna e inclusiva que queremos”.
Entretanto, já é visível para a maioria da população o papel da terceira via no golpe de 2016, bem como o ataque dessa política às suas condições de vida.
Um fato interessante é que, além de Moro, outro pré-candidato com laços estreitos com a terceira via, com muitos outros pontos em comum com Moro, estava em João Pessoa no final de semana passado. Esse segundo candidato é Guilherme Boulos, que além da agenda em comum, coincide em diversos pontos com Moro. Ambos foram essenciais para o golpe de 2016, ambos criticam a candidatura de Lula a presidente em 2022, ambos têm profundas relações com o imperialismo norte-americano e ambos trabalham com o empresário Walfrido Warde. As coincidências são inúmeras, mesmo sendo ponto pacífico que na política não há coincidências.
Temos que chamar a população a mobilizar-se em torno da campanha do Lula Presidente 2022. Sendo esta a melhor maneira de pôr abaixo o regime erigido pelo golpe de Estado de 2016, bem como reverter os ataques sofridos pela classe trabalhadora. Apenas a mobilização independente dos braços políticos do imperialismo pode livrar nosso país da insustentável realidade atual.