No último dia 6 de setembro, terça-feira, Juceli dos Santos Sales foi presa pela polícia federal quando retornava da cidade de Coroa Vermelha. Entre seus pertences, foram encontradas munições intactas, aproximadamente 600 reais e um telefone celular. De acordo com a polícia, a índia pataxó teria como objetivo levar as munições e demais objetos, para a aldeia Barra Velha, local este que atualmente é palco de constantes ataques de pistoleiros a mando de representantes do latifúndio vizinhos à terra indígena.
É sabido que desde que o golpista Jair Bolsonaro assumiu a presidência, juntamente com latifundiários, madeireiros, a perseguição, os assassinatos de povos camponeses, quilombolas e indígenas, a grilagem de terra, entre outras mazelas, têm aumentado drasticamente, o que não é diferente no caso da Aldeia Barra Velha.
Localizada no município de Porto Seguro, no estado da Bahia, esta aldeia vem sofrendo com a ação constante de pistoleiros, que têm sido autores de uma situação de verdadeiro terror contra os indígenas dessa região. Em reportagem para o jornal Brasil de Fato, Cleidiane Ponçada, morada de Barra Velha, relatou que “não andamos mais livres pelo território” e que “as entradas e estradas das comunidades estão sendo fiscalizadas por pistoleiros fortemente armados” e completa que, para expor ainda mais o abandono dessa população, “os órgãos públicos como Funai, já não existem e há muito tempo deixaram de dar apoio às comunidades indígenas”. Cleidiane finaliza ao alertar a respeito de uma situação que apresenta todos os elementos que resultarão em um massacra caso nada seja feito urgentemente.
Esse descaso se mostra ainda na ação da polícia militar que bloqueou as estradas de acesso às aldeias com o claro objetivo de manter os moradores de Barra Velha ainda mais desprotegidos, isolados e à mercê da ação de pistoleiros. Essas mesmas forças policias, como declarou o cacique de Barra Velha, que “fazendo bico depois do trabalho” mantém entre as fileiras de pistoleiros, integrantes da corporação. O que não é de se espantar, já que a polícia, diferente do que acreditam alguns desinformados ou cínicos, atua como uma força, um braço armado do estado e da burguesia para atender exclusivamente aos interesses destes. Nesse caso, no extermínio de uma população já tão fragilizada.
Direito à autodefesa
O caso da prisão da Pataxó Juceli dos Santos Sales e as investidas cada vez maiores da PM e pistoleiros a mando dos grandes latifundiários, justifica a necessidade imediata da formação de comitês de autodefesa indígenas. Já que esta população não pode contar com ajuda de nenhum órgão que deveria atentar para o bem-estar do povo indígena e sofre com os efeitos da “carta branca” que é dado a proprietários de terra pelo atual governo para perpetrar barbaridades inúmeras contra indígenas.
A necessidade de discutir e desenvolver a autodefesa se justifica ainda se pensarmos na esquerda paz e amor brasileira que defende uma ideologia pacifista que, na realidade é nefasta e impraticável, e que está mais preocupada em defender um índio gormet, um agente do imperialismo como Sonia Guajajara, por exemplo, e se nega o índio que vive na lama, sem moradia, sem saúde, sem desenvolvimento, sem nada, na Bahia, no Mato Grosso do Sul e em tantos outros lugares espalhados pelo país.
A autodefesa, lutar de todas formas necessárias pela vida, pela liberdade é, sim, um direito e que deve ser apoiado por toda a classe trabalhadora e todos os partidos da esquerda.