Nas últimas semanas, o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, está realizando suas indicações ministeriais, o que dá demonstrações de qual será o teor do novo governo. A princípio nomeando os mais importantes, ligados à área econômica. A imprensa burguesa, então, após realizar seus tradicionais ataques em defesa do “mercado”, adotou mais fortemente a linha de tipo identitário, para pressionar o governo por mais pessoas ligadas a ONGs internacionais e ao imperialismo.
Os órgãos da burguesia exaltaram indicações de ongueiros ligados à Open Society, como Aniele Franco, para o ministério da Igualdade Racial, e Silvio Almeida, do IREE, ligado à Global Americans e ao NED, fachada da CIA, para o Ministério dos Direitos Humanos. Os agentes indiretos do imperialismo seriam agentes da promoção da igualdade e do combate aos preconceitos. Nada poderia estar mais longe da verdade. Ainda assim, a nomeação de esquerdistas pró-imperialistas e ongueiros ligados ao imperialismo se restringiu a essas áreas, de fato secundárias.
Frente ao avanço curto de sua infiltração no governo eleito, o imperialismo, através do Partido da Imprensa Golpista, vem intensificando a campanha. A questão política dá lugar a números de mulheres negras e homens brancos, a “sub representação”, o “critério racial”, a “representatividade”, como se fossem essas as questões centrais.
Mais que isso, a tal diversidade é utilizada para atacar abertamente o governo eleito. Um dos problemas apontados na escalação ministerial é “o predomínio petista sobre as pastas mais vistosas”. Ora, mas o presidente eleito justamente é do Partido dos Trabalhadores, deveria indicar tucanos a seus ministérios? Seria prudente indicar pessoas de outros partidos para os ministérios principais? Após o Golpe de 2016 e a Fraude Eleitoral de 2018, a farsa é escancarada, se trata de pura demagogia e busca por infiltrar elementos golpistas no governo, tal como demonstrado por Flávio Dino (PSB) no Ministério da Justiça.
De modo a tentar disfarçar sua ânsia golpista, a imprensa burguesa fala ainda numa “governabilidade”, a qual, para ser garantida, exigiria de Lula conceder ministérios a golpistas de toda sorte. Outro ataque, que também revela as intenções da burguesia, que não irá garantir “governabilidade” caso o governo busque uma independência em relação a ela. Em palavras francas, a burguesia irá buscar travar toda e qualquer medida do governo que não esteja sob seu controle.
Entre as matérias, colunas e demais artigos do golpismo da imprensa burguesa, uma declaração sobre outro tipo de diversidade ilustrou bem o problema. Em seu Twitter, a jornalista da Globo, Míriam Leitão, colocou:
“O ministro @Haddad_Fernando escolheu uma equipe sem diversidade. Em todos os sentidos. Muita homogeneidade de pensamento. Muitos expansionistas, nenhum fiscalista.”
Haddad é o ministro indicado para a Fazenda. A diversidade apontada pela jornalista é na equipe econômica do governo. Ela utiliza palavras cifras: “expansionista” e “fiscalista”, incomuns para a população em geral. O que a frase e suas palavras obscuras querem dizer é: na equipe econômica, há apenas pessoas comprometidas com o desenvolvimento nacional, com o investimento estatal na indústria e no progresso do Brasil, nenhum entreguista, privatista, capacho do imperialismo, tal qual a autora do comentário.
A “diversidade” apontada pela burguesia é uma farsa. A definição genérica do termo permite sua manipulação para a política identitária, a política do imperialismo.
O governo Lula deve sim ser diverso. Diverso entre aqueles que o elegeram, que são sua base, os trabalhadores. O governo deve ter membros da Central Única dos Trabalhadores – CUT — como o indicado para o Ministério do Trabalho, Luiz Marinho, ex-presidente da entidade —, da Federação Única dos Petroleiros – FUP, da Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação – CNTE, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra – MST e, mais que isso, do próprio Partido dos Trabalhadores, como tem sido feito.
A diversidade que não deve ter é a diversidade política de classe, de permitir a infiltração burguesa, golpista e imperialista no governo. Lula foi eleito pelos trabalhadores, e é a eles que deve responder com a formação ministerial e suas indicações.
De modo a levar adiante tal política, de formação de um governo dos de baixo, as organizações dos trabalhadores precisam mobilizar suas bases. A pressão da burguesia deve enfrentar uma pressão muito maior dos explorados, que empurre Lula ao enfrentamento aberto, com uma política vinculada totalmente às necessidades da classe operária: reestatizações, auditoria e não pagamento de dívidas ilegais, expropriações de propriedades improdutivas e tudo o mais. Por um governo dos trabalhadores!