─ Gabriela Moncau, Brasil de Fato ─ A greve de servidores municipais da saúde, educação, assistência social e coleta de resíduos em Florianópolis acontece desde o último dia 9. Tendo como principais bandeiras a interrupção das privatizações e o cumprimento dos acordos coletivos, a paralisação seguirá por tempo indeterminado.
A decisão foi reiterada em assembleia dos trabalhadores nesta segunda-feira (14). Isso a despeito de a prefeitura, sob gestão de Gean Loureiro (União Brasil), não só rejeitar o diálogo até o momento, como ter acionado a Justiça pedindo a prisão dos diretores do Sindicato dos Trabalhadores no Serviço Público Municipal de Florianópolis (Sintrasem).
Na última quinta-feira (10), acatando medida liminar pedida pela prefeitura, o Tribunal de Justiça de Santa Catarina (TJ-SC) considerou a paralisação dos servidores ilegal e decretou uma multa de R$ 100 mil por cada dia a mais de greve. A decisão da desembargadora Sonia Maria Schimitz autoriza, ainda, que o município desconte os dias não trabalhados dos participantes da mobilização.
Pedido de prisão
Em nova ação judicial, a gestão de Loureiro requisita ao TJ-SC a prisão dos “responsáveis” por “fomentar” a greve. Em resposta, a desembargadora Schmitz afirma que os protestos estão gerando “balbúrdia”, determina o aumento da multa ao sindicato para R$ 300 mil por dia e autoriza a abertura de sindicância contra trabalhadores. Contudo, para Schmitz, as prisões seriam desproporcionais “por ora”.
Para Kawe Campoli, assistente social e diretor do Sintrasem, as atitudes da Justiça e do governo municipal são de “prática antisindical” e de “criminalização da luta popular”. A determinação da multa diária de R$ 300 mil “significa dizer que um sindicato como o nosso não pode existir”, denuncia.
“Quem decide como o movimento começa, quais suas pautas e a hora que ele vai encerrar são as assembleias da categoria”, afirma Campoli. “Não é a polícia, nem a justiça, nem a prefeitura que vão decidir o que o sindicato tem ou não tem que fazer”.
Coleta de lixo
Sandro Luis Todeschini trabalha como gari há 13 anos na Companhia de Melhoramentos da Capital (Comcap), autarquia responsável pela coleta de lixo, limpeza e manutenção em Florianópolis.
Este é um dos serviços que vêm sendo, aos poucos, privatizado pela gestão de Gean Loureiro. Reeleito em primeiro turno em 2020 pelo DEM, mais recentemente o prefeito ingressou no partido recém-criado que surgiu da fusão entre PSL e DEM: o União Brasil. Já anunciou que pretende deixar a prefeitura no fim de março para concorrer nas eleições para governador de Santa Catarina.