A Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) planeja lançar um manifesto de “apoio à democracia” chamado “Carta às brasileiras e aos brasileiros em defesa do Estado democrático de Direito”. O texto base já circula nas redes, mas a declaração definitiva será lançada no dia 11 de agosto.
A carta mal foi anunciada e a imprensa burguesa já se deu o trabalho de defendê-la de todos os ângulos possíveis. Em tese, o manifesto critica as declarações contra o processo eleitoral e a democracia proferidos pelo Bolsonaro (apesar de não o citar), enquanto defende os “tribunais superiores, as eleições e a democracia” — ele também se propõe a ser apartidário e com o objetivo de angariar o maior número possível de assinaturas de vários setores, e por isso evita citar nomes como Lula ou Bolsonaro.
O manifesto já conta com mais de 300 mil assinaturas e está sendo altamente impulsionado como um documento que não pode ser radical, nem “pró-PT” ou “anti-Bolsonaro”. Até mesmo a palavra “golpe” foi evitada no documento, para que “mais pessoas assinassem”.
É evidente que, quando não se apoia nem Bolsonaro e nem Lula, se apoia a terceira via. O manifesto é assinado por diversos empresários, banqueiros e outras figuras da burguesia, um sinal ainda mais alarmante do caráter do texto. Outro fato importante a ser observado é que quem teve a iniciativa de criar o manifesto foi a FIESP, que tem se colocado como defensora da democracia. Seria necessário que fosse pedido uma explicação de outros momentos em que a FIESP defendeu a democracia, como na vez que apoiou a extrema-direita indo às ruas para derrubar o governo Dilma.
Não existe nenhuma “defesa da democracia” vinda da burguesia. O manifesto é uma campanha da terceira via e serve apenas para a política desta, para manter o país e a população sob controle. O imenso apoio e divulgação da imprensa também evidencia isso — o jornal Financial Times, imperialista e porta-voz da burguesia britânica, afirmou que o manifesto é “a primeira resposta coesa da sociedade civil brasileira” às declarações de Bolsonaro sobre as urnas e sobre o sistema eleitoral.
Este é um golpe da terceira via, a continuação daquele dado em 2016 contra a presidente Dilma Rousseff, a qual a FIESP também fez parte. O manifesto serve à burguesia e à terceira via, e a última coisa que faz é “defender a democracia”.