A burguesia não está medindo esforços para emplacar sua candidatura prioritária, a terceira via com Simone Tebet. Os ataques ao PT estão apenas começando, sob a tradicional bandeira do “combate à corrupção”, mas sua imprensa também mira as candidaturas concorrentes dentro da própria direita, como ocorreu nessa semana em relação a Ciro Gomes e a Jair Bolsonaro.
Em relação a Gomes, a imprensa repercutiu com grande destaque as reações nas redes sociais a uma fala do candidato onde ele se refere com menosprezo à população pobre. Em encontro com empresários na Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan), ao ser elogiado por um deles, o abutre avaliou que o encontro havia sido “um comício para gente preparada”, acrescentando a observação “imagina eu explicar isso na favela, isso é serviço pesado”.
Vale observar que o “tweet” que repercutiu nas redes partiu justamente do perfil “Jornal O Globo”. Uma série de candidatos da esquerda compartilhou a publicação dando seus pareceres sobre a fala que, vale registrar, cabe na boca de qualquer político da direita. Nenhuma novidade da parte de Ciro Gomes também, que tem como hábito desde o início da sua vida política de dar com a língua nos dentes, expondo frequentemente mais do que deveria.
O que chama mais a atenção do que a fala nojenta de Ciro Gomes é a cobertura dada pela imprensa “livre de fake news”, o principal veículo para a propaganda eleitoral. Sua abordagem e destaques cumprem papel ainda mais decisivo diante das regras draconianas impostas para o exercício da atividade de propaganda política no curto período eleitoral. O mesmo vale para alguns destaques relacionados a Bolsonaro.
O portal UOL requentou uma notícia de 2021 envolvendo a segunda ex-esposa de Bolsonaro e o costume da família de possuir imóveis milionários. Um dia antes, o mesmo portal divulgou reportagem que apontou que quase metade dos 107 imóveis negociados pela família foram comprados com dinheiro em espécie, no melhor estilo gangster. Bolsonaro envolvido com esquemas suspeitos de corrupção? Também nada de novo, nada que os monopólios da comunicação não soubessem na eleição anterior.
A grande notícia, na realidade, é que a burguesia está trabalhando para transferir fotos de todos os candidatos para a latifundiária Simone Tebet. Vendida como anti-PT e anti-Bolsonaro ao mesmo tempo, revestida com o manto protetor do identitarismo e blindada pela poderosa imprensa golpista. O alto investimento empreendido na sua candidatura pela burguesia é motivo para despertar grande preocupação na esquerda.
Fica claro que para a classe dominante não basta tudo o que Bolsonaro tirou do povo nos últimos 4 anos, ela precisa de muito mais. E para isso, quer alguém de sua plena confiança ocupando a presidência, alguém que fale menos e faça mais na defesa dos seus interesses mesquinhos. A campanha pela terceira via pode até falhar, e a burguesia ter que se contentar com seu menino problemático por mais 4 anos, mas ela está a pleno vapor.
