O governo Lula (PT) nem começou e já sofre uma gigantesca pressão da burguesia, que quer mantê-lo sob sua tutela. O grande ponto de discussão é o de quem será o novo ministro da Economia, cargo que no último período esteve sob rígido controle da burguesia, que manteve Paulo Guedes durante todo governo Bolsonaro. O nome mais comentado é o de Persio Arida, o presidente do Banco Central durante o governo Fernando Henrique Cardoso (PSDB), um vampiro neoliberal que deixaria o governo Lula refém do imperialismo, assim como fizeram com Dilma em 2015.
Arida é ligado ao que há de pior na política internacional, o sistema financeiro, os grandes bancos que tem um poder tão grande que oprimem não só todos os povos do mundo como até mesmo as burguesias dos países atrasados, como no Brasil. Ele foi membro do Conselho de Administração do Unibanco, diretor do Opportunity Asset Management, do Conselho de Administração do Banco Itaú por 8 anos e foi um dos fundadores do BTG Pactual, tendo sido presidente do seu conselho de administração. Pérsio Arida é um banqueiro.
Sua trajetória começou na USP mas logo foi para os EUA, se formando doutor no MIT. Lá, também foi pesquisador do Institute for Advanced Studies em Princeton e do Center for Brazilian Studies de Oxford do Smithsonian Institution, em Washington. Além de fazer parte do governo Itamar Franco e do governo FHC. É um homem formado, controlado e totalmente a serviço do imperialismo, um dos maiores inimigos da classe operária brasileira.
O governo FHC
Na equipe econômica de FHC, destruidor do Brasil, Persio Arida foi um dos que encabeçou o Plano Real. Para enfrentar a crise econômica, que levou a inflação a taxa de quase 500% ao ano, o governo lançou uma política econômica de devastação contra os trabalhadores. Durante a vigência do plano, os salários acumularam perdas de até 80%, e a perda dos aposentados do INSS chegou a 87,28%, uma verdadeira selvageria.
O plano econômico levou a cabo ainda o maior e mais agressivo programa de privatizações da história do Brasil, numa política de devastação total da qual o País não se recuperou até hoje. Dentre os crimes do governo FHC, do qual Arida foi parte fundamental, e por isso é defendido hoje pela imprensa burguesa para integrar o governo Lula, estão a privatização fraudulenta e absolutamente criminosa da Vale do Rio Doce, pelo valor de 1% das reservas da empresa, a privatização de fato da Petrobrás, com a entrega de ações para o setor privado, que só não foi totalmente privatizada por uma greve fortíssima dos petroleiros, reprimida violentamente pelo governo FHC, que retirou e acabou com o direito de greve para fazê-lo, a expansão do capital estrangeiro no campo, a facilitação da entrada de multinacionais no Brasil, o favorecimento para a entrada de produtos industrializados estrangeiros no mercado nacional, que quebrou as pernas de uma série de setores da indústria nacional.
Outra das medidas econômicas daquele governo, no plano das privatizações, foi a da Telebrás, que legou ao país o atraso nas telecomunicações, o encarecimento e a piora no serviço. Não apenas, mas todas as privatizações realizadas foram envolvidas em escândalos com denúncias de fraudes, processos viciados e outras irregularidades.
A luta pelo governo
Em outras palavras, Pérsio Arida é um vampiro neoliberal, que faz carreira sugando o sangue e esfolando os pobres e a classe trabalhadora em geral. Seu tipo destrói países inteiros em nome do mercado financeiro em quando o trabalho é bem feito, impede de maneira quase definitiva qualquer possibilidade de recuperação. É isso o que a burguesia quer para o governo Lula, e é isso o que ele não dá indicativo de aceitar. Os vampiros treinados e adestrados nos EUA não devem ter espaço na política nacional, quanto mais num governo de esquerda.
Lula não foi eleito pelos banqueiros. Foi preso pelo golpe dos banqueiros. O que elegeu Lula foi o movimento criado mais especificamente no segundo turno da eleição, com a mobilização dos trabalhadores em todo o país em comícios gigantes nos bairros e cidades pobres. É para esse público que Lula direciona seus acenos. A burguesia coloca pressão, e atua de maneira crescente. Para barrar qualquer possibilidade de golpe, garantir a posse e as pautas dos trabalhadores, além de uma intensificação dessas pautas, com reestatizações e outras medidas, é necessário um movimento de massa que dê sustentação ao governo. Os sindicatos devem sair de seu sono profundo.