O anúncio de pretenso “possível golpe de Estado” por parte de alguns empresários apoiadores do imperialismo, por parte do portal Metrópolis, em matéria do colunista Guilherme Amado, utilizando as comunicações em redes sociais desses empresários, anuncia bombasticamente que eles defendem ruptura em caso de vitória de Lula.
Como podemos notar é puro sensacionalismo barato, os empresários apenas e tão somente expressam que preferem Bolsonaro a Lula e exageram na expressão comumente utilizada por todos ao se referir a algo que não suportam, como a expressão usada em piada como “prefiro a morte que esse cheiro forte”. Isso não tem nada de anormal, é de uso cotidiano, como podemos notar nas próprias impressões de suas conversas abaixo.
A interpretação do colunista sobre as mensagens trocadas no grupo vão além do que queriam dizer os empresários, como vemos na transcrição do autor com seus grifos a seguir.
“Empresários apoiadores de Jair Bolsonaro passaram a defender abertamente um golpe de Estado caso Lula seja eleito em outubro, derrotando o atual presidente. A possibilidade de ruptura democrática foi o ponto máximo de uma escalada de radicalismo que dá o tom do grupo de WhatsApp Empresários & Política …A defesa explícita de um golpe, feita por alguns integrantes, se soma a uma postura comum a quase todos: ataques sistemáticos ao Supremo Tribunal Federal (STF), ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e a quaisquer pessoas ou instituições que se oponham ao ímpeto autoritário de Jair Bolsonaro.”
O colunista ainda cita a afirmação do empresário Ivan Wrobel, proprietário da W3 Engenharia do RJ, ocorrida em 31 de julho, “Quero ver se o STF tem coragem de fraudar as eleições após um desfile militar na Av. Atlântica com as tropas aplaudidas pelo público”. E que o prefeito Eduardo Paes informou que não haveria desfile na orla marítima, apenas apresentações da Marinha e Aeronáutica.
Sejamos sensatos, desde quando um punhado de empresários nacionais tem força para convocar as forças armadas do país, sob comando do presidente da República, e impor um golpe de Estado? E um prefeito determinar quais das Forças Armadas podem ou não se apresentar no dia de homenagem à independência do país, da nação? Estão de brincadeira, só pode.
Os desfiles de 7 de setembro ocorrem desde a independência do país em relação à coroa portuguesa em 1822, comemorando a libertação do Brasil, coisa que querem agora através da terceira via, revogar a independência e voltar a sermos serviçais e colônia dos EUA e da Otan. Esse é o verdadeiro projeto da terceira via claramente.
Relata que nesse mesmo dia José Koury, proprietário do shopping Barra World diz preferir a ruptura à volta do PT e que a ditadura não impediria o país de receber investimentos externos.
Também cita o médico gaúcho Marco Aurélio Raymundo, dono da rede de lojas Mormaii, que diz: “O 7 de setembro está sendo programado para unir o povo e o Exército e ao mesmo tempo deixar claro de que lado o Exército está. Estratégia top e o palco será o Rio. A cidade ícone brasileira no exterior. Vai deixar muito claro” Ainda responde a postagem de Koury em defesa do golpe dizendo: “Golpe foi soltar o presidiário! – Golpe é o ‘supremo’ agir fora da Constituição! – Golpe é a velha mídia só falar merda”. O que ele diz em relação ao supremo e a mídia temos absoluta concordância.
E relata a ação de Afrânio Barreira, dono da empresa Coco Bambu, aplaudindo o que disse o José Koury e que se envolveu em discussão com Ciro Gomes, sendo atacado por este afirmou que o empresário é sonegador e que foi negado pelo empresário.
Aqui os defensores da 3ª via se expõem, ao defender que o apoio a uma opção de governo não aceita outra seria ato de chamar um golpe de estado e ao mesmo tempo aludir a outro pré candidato da própria 3ª via, o Ciro Gomes. Por força de expressão todos dizem matar alguém que proferiu uma ofensa forte, daí executar a promessa vai um caminhão de diferença. Fica evidente a utilização de força de expressão para cancelar o outro.
Os dois candidatos com chance de ir ao segundo turno são Lula e Bolsonaro, o ataque ao Lula se encontra nas postagens dos empresários, faltou apenas atacar o outro candidato com chances verdadeiras, o Bolsonaro, em termos de propaganda.
Como fazer isso? Alegando que seus apoiadores querem romper com a “democracia” e atacam o supremo e a corte eleitoral, o que é absolutamente normal acontecer numa democracia. Não permitir ou não aceitar críticas configura a falta dela, simples assim. E não se tem notícia que as Forças Armadas tenham sido convocadas para agir, seja por quem for, isso é fato.
É mais uma propaganda da terceira via contra o Bolsonaro. Finalmente, os prints são extremamente questionáveis e não são fortes o suficiente pra falar de golpismo, eles só estão reclamando. É, antes disso, um “furo” para aumentar o clima na imprensa capitalista de que Bolsonaro vai dar um golpe nas eleições e que, por isso, é preciso dar carta branca ao STF e ao TSE para impor uma ditadura durante as eleições
Isso se sustenta também pela repercussão que outro jornal golpista e favorável à 3ª via noticiou, o portal Uol, onde a partir da notícia do portal Metrópolis citada acima, informa que o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) acionou o Supremo Tribunal Federal contra o grupo Empresários & Política, pedindo inclusão no inquérito das milícias digitais que está sob relatoria de Alexandre de Morais. O ministro ainda não se manifestou sobre o pedido do senador, diz o portal.
O congressista diz que a investigação seria o melhor instrumento para responder a essas indagações e que é imperioso que o supremo atue em defesa da Constituição, do regime democrático e do sistema eleitoral.
O senador quer que a corte investigue a expressão da opinião dos empresários. No frigir dos ovos é isso. Se essa corte acatar o que diz a constituição e demais leis do país, ela só pode rejeitar esse pedido e o próprio inquérito das “fake news”, pois se trata de investigar e condenar, como já o fez fechando vários canais de partidos, de políticos e pessoas que simplesmente expressaram opinião nas redes sociais. O que está em jogo é a própria liberdade de expressão.
Se o supremo, que acatou acusações sem provas e que recentemente declarou inocentes os envolvidos no mensalão, que acatou o impedimento da então presidente Dilma Rousseff e destituindo do cargo, na prisão sem sentença definitiva de julgamento do ex-presidente Lula, por exemplo, não rejeitar todo esse processo estará dizendo ao povo brasileiro que a democracia já era, são favas contadas.
Isso seria o limiar entre democracia e ditadura, com o intuito claro e evidente de tirar do páreo tanto Lula como Bolsonaro a favor da 3ª via, ainda não definida se será Simone Tebet ou Ciro Gomes. Não é sem motivo que ele foi citado nas duas matérias.
Sendo ele se declarado anti PT e anti Lula, não o fez com relação ao Bolsonaro. E motivos não faltariam para isso. Este jornal inúmeras vezes criticou a política deste, nas promulgações de leis que tiraram vários direitos trabalhistas e previdenciários do povo trabalhador, nada fez para amenizar o impacto da pandemia, está entregando todo o patrimônio nacional ao capital estrangeiro imperialista, etc. O Ciro nada fala de críticas ao Bolsonaro, só contra o PT e o Lula, estranho não acham?
De fato ele está esperando a oportunidade de ser o primeiro candidato do imperialismo pela 3ª via, e como sabemos se a terceira via não conseguir avançar, o imperialismo fica mesmo com Bolsonaro, fazer o que?
