Nesta última sexta-feira (16), o governo ilegítimo de Jair Bolsonaro promoveu mais um leilão para a venda de blocos de exploração do Pré-Sal brasileiro. Esse foi, em tese, o último leilão destas áreas nesta gestão. Foram vendidos quatro de onze blocos ofertados pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis.
Um consórcio formado pela empresa francesa TotalEnergies, Petronas da Malásia e QatarEnergy, do Catar, arrematou o bloco Água Marinha, na Bacia de Campos no Rio de Janeiro, com uma pequena participação da Petrobras. Já a empresa britânica BP Energy levou a totalidade do Bloco Bumerangue, na Bacia de Santos, um bloco na maior bacia sedimentar no mar do país, com uma área total de mais de 350 mil quilômetros quadrados, que se estende de Cabo Frio (RJ) até Florianópolis (SC). Além destes dois, outra empresa estrangeira participou no arremate de outro bloco, trata-se do Bloco Sudoeste de Sagitário na Bacia de Santos que foi arrematado pela Shell.
Esse leilão foi um das dezenas de leilões realizados durante os governos golpistas após 2016. Isto é, uma das dezenas de entregas das empresas brasileiras para as empresas estrangeiras.
Um dos mais escandalosos foi o chamado megaleilão do pré-sal. O governo comemorou a possibilidade de arrecadar R$ 106,6 bilhões entregando as empresas para o capital estrangeiro quatro áreas do pré-sal: Atapu, Búzios, Itapu e Sépia, todas localizadas na Bacia de Santos. O que foi ocultado, no entanto, é que o valor possível de ser arrecadado foi bem abaixo do que as áreas valiam, o que fez o Brasil perder cerca de R$ 2 trilhões.
Essa avaliação foi feita pela Federação Única dos Petroleiros (FUP) e pelo Comitê Nacional em Defesa das Empresas Públicas. De acordo com as organizações, o valor do barril na venda estava calculado em torno de seis a sete dólares, quando, na verdade, o custo de produção estaria na casa de dez a vinte dólares. O volume de produção de óleo nas quatro áreas varia de seis a quinze bilhões de barris, portanto, os vencedores do leilão poderão ganhar de seis a oito vezes mais do que isso vendendo esse mesmo barril no mercado internacional por US$ 60. Considerando uma capacidade máxima de produção nestas áreas, de 15 bilhões de barris, o valor perdido pelo Brasil pode alcançar os R$ 2 trilhões.
Não satisfeitos com a entrega, o governo Bolsonaro foi além nos benefícios ao imperialismo. Além do valor ganho com a extração, essas áreas são ainda mais vantajosas porque as empresas não precisariam investir para encontrar petróleo, pois já foi descoberto pela Petrobras, com tecnologia desenvolvida pela estatal brasileira e com mão-de-obra brasileira. Entregou-se de mão beijada para o imperialismo todo o trabalho do povo brasileiro.
A Petrobras já havia investido em desenvolvimento da tecnologia necessária para a extração em águas profundas, pagou pelos riscos. Nesse megaleilão, de 12 empresas, apenas uma era brasileira, isto é, a própria Petrobras. Além dela, estavam presentes duas empresas norte-americanas, Chevron e ExxonMobil, a portuguesa Petrogal, a britânica Shell, a alemã Wintershall, a norueguesa Equinor, duas chinesas CNDOC e CNOOC, QPI do Catar, Petronas da Malásia e Ecopretol da Colômbia.
Durante todo o governo Bolsonaro e agora no apagar das luzes continua-se a criminosa venda e entrega ao imperialismo das empresas estatais brasileiras.
Por outro lado, a FUP ainda denuncia o caráter ilegal das privatizações, que desde o governo golpista de Michel Temer e passando pelo governo ilegítimo de Bolsonaro, para burlar a legislação, estão transformando os ativos da estatal em subsidiárias para possibilitar a venda sem a necessidade da aprovação do Congresso Nacional.
A eleição de Lula deu sinais de que será um fato péssimo para essa política. O petista já declarou que as privatizações irão parar e isso já deixou os especuladores internacionais furiosos, pois a empresa, até então, não está sendo vendida, mas literalmente entregue.
Lula deve ir além, não apenas frear as privatizações, mas reestatizar tudo o que foi vendido, colocar toda a tecnologia brasileira para trabalhar em favor dos trabalhadores e do desenvolvimento nacional.