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Crise econômica mundial

O “dragão” da inflação abala o regime capitalista

O agravamento da crise econômica, que afeta até mesmo os países imperialistas e mais desenvolvidos, pode e deve gerar uma onda de grandes mobilizações dos trabalhadores

Desde o princípio da guerra entre a Rússia e OTAN a economia mundial sofre sérias oscilações. Em primeiro lugar, o dólar enfraqueceu. Agora, com as sanções econômicas impostas à Rússia, o preço do petróleo e do gás subiram bastante no mundo inteiro. A Rússia é uma das maiores exportadoras de gás natural e também fornece petróleo para toda a Europa. Grande parte da produção mundial está relacionada ao petróleo, por isso a rápida subida dos preços desses combustíveis estimulou a inflação.
Nos Estados Unidos, as reverberações já se fazem sentir. Nesse período a inflação chegou a 9%, um número que para a maior economia do mundo é altíssimo. A alta inflação nos países imperialistas é um sinal que precede grandes crises sociais. Com o salário deteriorado, a classe operária ingressa em um ciclo de reivindicações salariais para compensar a perda. Dada a situação caótica da economia, é difícil para o capitalismo dar uma resposta para a crise — esta é, na verdade, um fruto da decadência do regime econômico mundial e da incapacidade do imperialismo de gerí-la — portanto, inicia-se um efeito em cadeia que pode chacoalhar o movimento operário mundial. No Brasil em 1978 os trabalhadores entraram em um ciclo de greves devido à hiperinflação, por exemplo. Essas greves geraram o fenômeno Lula, abalaram profundamente a ditadura militar de 1964 e deram lugar a uma onda de mobilizações que geraram a CUT, o PT e, finalmente, a queda da ditadura.
Na França, o jornal Le Monde já aponta que inúmeras categorias estão entrando em greve por aumento salarial. Macron, cujo governo encontra-se em crise desde as mobilizações dos chamados coletes amarelos, acaba de ser reeleito e já enfrenta uma nova onda de greves. Já há quem peça sua destituição.
A crise abala os governos imperialistas. Boris Johnson, por exemplo, já renunciou ao governo inglês. O Primeiro-ministro italiano, Mario Draghi renunciou depois da queda da coalizão com o Movimento 5 Estrelas. Na Alemanha o Partido Social Democrata, recém-chegado ao poder depois de um longo período sem conseguir um Primeiro-ministro, também está cambaleante. Para os germânicos a alta no preço dos combustíveis pode levar a um aumento da conta de luz de 70% a 200%. Vale lembrar que no hemisfério norte, o outono chega em setembro e com isso a temperatura começa a cair rapidamente. Na maioria dos países europeus é impossível sobreviver ao inverno sem calefação. Em suma, a inflação tem um caráter devastador para os países capitalistas, todos os governos estão ameaçados pela crise e, para completar, os russos ameaçam diminuir ainda mais o fornecimento de gás e petróleo.
Mais ao sul, a crise econômica é igualmente dura, ainda que mais devastadora. O desmantelamento da economia dos países atrasados pelo neoliberalismo deixou-os completamente sem mecanismos para enfrentar a inflação mundial. No Sri Lanka pôde-se ver o resultado desse fenômeno num país atrasado. A população tomou de assalto o palácio do governo.
O Brasil e a América Latina de conjunto podem seguir o mesmo rumo da situação vista no Sri Lanka. Aqui o que mantém a crise latente por enquanto é o período eleitoral. A espera de uma mudança política no país com o advento do pleito para a presidência faz com que a revolta da população esteja adormecida, à espera do que pode acontecer. Passada a confusão do período eleitoral, o choque de realidade pode ser enorme.
Com a deflagração da pandemia, a derrota dos EUA no Afeganistão e agora a vitória dos russos, o imperialismo encontra-se em uma espiral de fracassos e complicações.

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