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Vinícius Rodrigues

Militante do Partido da Causa Operária no Rio de Janeiro e membro da Direção Nacional da Aliança da Juventude Revolucionária (AJR).

Revolução Islâmica

O Aiatolá do Irã é um aliado das mulheres contra o imperialismo

A luta contra o imperialismo realizada pelo governo do Irã fortalece a luta das mulheres iranianas e de todo o planeta por sua libertação

As manifestações golpistas do Irã financiadas pelo imperialismo que começaram a partir de setembro de 2022 voltaram a tona devido a participação do país na Copa do Mundo. A própria seleção iraniana sofreu uma imensa pressão da imprensa e acabou perdendo de goleada para a Inglaterra, o que não aconteceu no segundo jogo, quando venceu de Gales. É uma repetição da discussão que existiu após a vitória do Talibã em 2021 sobre os direitos das mulheres e a derrota do imperialismo. O Irã é um caso ainda melhor para entender essa suposta contradição.

O Irã é um país de maioria persa e xiita, ou seja, é muito diferente dos demais países do Oriente Médio, mas, ainda assim, é um dos maiores produtores de petróleo do planeta. Na década de 1950 o movimento nacionalista ganhou força encabeçado pelo Primeiro Ministro Mossadegh, que estatizou o petróleo. O imperialismo organizou um dos golpes de Estado mais violentos da história contra o Irã em 1953, um dos primeiros em que a recém fundada CIA participava, derrubou o PM e instaurou a ditadura do rei, ou Xá, Reza Pahlevi, uma das mais brutais do mundo, ao estilo das piores ditaduras da América Latina.

O Xá, apesar de instaurar uma ditadura brutal e tornar o Irã a capital mundial da tortura, não baseava a repressão na religião, pelo contrário, seu governo se apresentava como modernizador. Por isso as antigas fotos de mulheres iranianas sem véu durante a ditadura do Xá, o país vivia em uma miséria absoluta mas em algumas cidades maiores uma pequena parte das mulheres não era obrigada a usar o véu e possuía alguns outros direitos. Este fator já é crucial, o imperialismo consegue estabelecer uma ditadura sanguinária com uma aparência democrática utilizando uma pequena parcela da população de exemplo.

Em uma ditadura brutal estudantes universitárias aproveitam a “liberdade” da mulher

Mas passados 25 anos de governo do Xá os trabalhadores do Irã realizariam um dos mais importantes eventos políticos do Oriente Médio, a Revolução Islâmica. O Irã é o país com a maior classe operária da região e a revolução foi uma verdadeira revolução operária, portanto teve uma enorme participação de metade dessa classe, as mulheres. O que aconteceu é que não havia nenhum partido operário organizado para liderar essa revolução e portanto ela quem a encabeçou foi o setor nacionalista mais organizado o do Aiatolá Khomeini, que foi um verdadeiro líder revolucionário, um dos maiores da segunda metade do século XX.

É dai que surge a contradição, a revolução foi liderada por muçulmanos que tem uma política reacionária contra as mulheres mas que possuíam a política revolucionária contra o imperialismo e portanto foi apoiado pela grande maioria das mulheres trabalhadoras. Durante as gigantescas mobilizações em que o poder está quase que nas mãos do povo as mulheres ainda tinham uma grande autonomia, inclusive formando milícias operárias armadas, mesmo usando véus. Durante o processo revolucionário em 1979 no dia internacional da mulher trabalhadora houve um enorme manifestação de mulheres em defesa de seus direitos.

Mulher fotografada durante a Revolução Iraniana

Mulheres iranianas aprendendo a manejar armas durante a guerra contra o Iraque

Manifestaçâo do dia internacional da mulher trabalhadora de 1979

Guarda revolucionária iraniana feminina durante a revolução

As mulheres também participaram da guerra de libertação nacional contra o Iraque que invadia o Irã apoiado pelos EUA. Nessa também as mulheres tiveram uma participação armada com batalhões femininos. Isso mostra como a revolução foi profunda no Irã e como a classe operária é importante, tais batalhões não foram vistos na luta do Talibã Afeganistão, um país semelhante ao Irã mas em muitos aspectos mas com uma classe operárias diversas vezes menor. Na prática até os dias de hoje as mulheres do Irã estão enter as menos oprimidas do Oriente Médio, apesar da propaganda imperialista.

O que fica claro é que a luta pela libertação da mulher não pode estar descolada da luta contra o imperialismo. A Revolução Islâmica é mais um exemplo da falta de direção revolucionária, na Rússia a grande maioria da população era de cristãos ortodoxos mas a revolução foi dirigida por um partido operário revolucionário e portanto foi a que obteve mais conquistas para as mulheres em toda a história. É isso que é necessário para a libertação da mulher no Irã e é impossível acreditar que o imperialismo apoiará qualquer organização que se inspire no Partido Bolchevique de Lênin e Trótski.

Pelo contrário, o imperialismo se aproveita dessa contradição do Irã para estimula mobilizações golpistas contra o governo nacionalista na tentativa de derrubá-lo e assim voltar a saquear o país. Esse saque do país oprimirá toda a população e oprimirá desproporcionalmente as mulheres que já são um setor mais oprimido. Foi a mesma política do imperialismo no Afeganistão, é a mesma campanha feita hoje no Catar e em todos os países atrasados que estão na mira dos monopólios imperialistas. E é por isso que apoiar o regime do Irã contra o imperialismo é defender não só as mulheres iranianas como as de todo o mundo.

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