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Fábio Picchi

Militante do Partido da Causa Operária (PCO). Membro do Blog Internacionalismo e do Coletivo de Tecnologia do Partido da Causa Operária. Programador.

Imperialismo digital

Nuvens negras sobre o Vale do Silício

Há uma diminuição nas demissões das empresas de tecnologia em dezembro, mas a crise não dá sinais de arrefecimento

Conforme nos aproximamos do final do ano, sinais de que a bolha especulativa em torno das grandes (e pequenas) empresas de tecnologia estão para explodir. Segundo o portal Layoffs Tracker – rastreador de demissões, numa tradução livre – ao longo 2022, quase 240 mil trabalhadores que atuam na área de tecnologia da informação foram demitidos. As demissões vêm de apenas 1.227 empresas.

Este é apenas um dos muitos portais acompanhando o grande volume de demissões que acontecem na minha área. Os dados e os sítios, mantidos e criados provavelmente pelos próprios profissionais de tecnologia, apresentam algumas variações em certos números, mas, em seu conjunto, apontam na mesma direção. Todos concordam em quem são as principais responsáveis pelo alto número de demissões: Meta, com mais de 11 mil trabalhadores afastados; Amazon, com 10 mil; e Twitter, após ser recentemente adquirida pelo bilionário Elon Musk, com 9.250.

Para os três casos, jornalistas burgueses correm para achar explicações. No caso da Meta, empresa dona das plataformas Facebook, Whatsapp e Instagram, explica-se pela guinada da empresa em relação a óculos de realidade virtual – fabricados por outra subsidiária, a Oculus – e ao “metaverso”. A iniciativa onerosa ainda não empolgou usuários – seja pelo preço, seja pela falta de espaço nos cubículos em que somos forçados a viver – e a tração entre investidores cai no mesmo ritmo que memes sobre a tecnologia surgem nas redes sociais.

No caso da Amazon, é simples novamente: a gigante do comércio digital e da infraestrutura de computação em nuvem investiu dinheiro demais em crescimento durante a pandemia, durante uma alta na demanda por seus serviços, e agora, com recuo nessa demanda, a empresa se reajustou. Finalmente, o caso Twitter é explicado pela perseguição do novo dono aos supostos funcionários identitários, partidários da censura na rede social – que continua viva e forte sob o comando de Musk, apesar de algumas concessões pontuais.

Nada disso explica, porém, as demais 210 mil demissões em empresas como Bytedance – dona da rede social Tiktok -, Microsoft, HP, etc. A realidade é que o índice Nasdaq-100, que acompanha as 100 empresas mais bem avaliadas na Nasdaq, bolsa especializada em empresas de tecnologia, retraiu 29% em 2022, vaporizando todos os ganhos desde 2020. Em termos de valor de mercado, foram US$5,6 trilhões subtraídos do valor dessas empresas.

Com o aumento dos juros feito pelo Banco Central norte-americano, na tentativa desesperada de conter a inflação, a “farra” dos investidores que despejavam dinheiro em empresas de tecnologia esperando que se tornassem uma nova Amazon, ou um novo Facebook, acabou. Acabou também a oferta ininterrupta de recursos a esses grandes monopólios que, já há algum tempo, não apresentam o crescimento exorbitante que apresentavam nas décadas anteriores. Essa crise, naturalmente, está circunscrita na crise capitalista mundial.

O recuo dos banqueiros, em busca de ativos mais seguros, é acompanhado pelo movimento dos grandes monopólios de tecnologia em direção à especulação. A Alphabet, a Meta e a Microsoft todas possuem seus próprios bancos de investimento em capital de risco e controlam uma série de outras empresas, num fenômeno típico da era imperialista, de aglutinação dos capitais especulativo e produtivo.

A crise do Vale do Silício, que fez da Califórnia, caso fosse um país, o quinto maior PIB do mundo, não se arrefecerá. Há uma grande especulação em torno do valor das empresas – evidenciada pela brusca queda que sofreram este ano – e o seu próprio envolvimento com o capital especulativo são sinais claros de uma grande crise. Pelos valores envolvidos, ela promete ser muito maior que o crash do início do século, a explosão da bolha “ponto com”.

* A opinião dos colunistas não reflete, necessariamente, a opinião deste Diário

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