Lula insiste na aliança com Alckmin como uma alternativa para o posto de vice nas eleições de 2022. Essa é uma posição que se deve à política convencional da esquerda reformista, que é a de fazer “amplas alianças”, com os mais diversos setores, desde a esquerda mais radical, até a direita, no sentido de criar uma base de apoio para a formação de um possível governo. Quer dizer, é uma posição institucional que se dá não só com o PT, mas é adotada, historicamente, por todos os setores da esquerda burguesa e pequeno-burguesa conciliadora.
Nesse sentido, a posição de não apoiar a candidatura do Lula por conta das suas alianças não é justificável. Mas não só pelo fato de que o Lula é o principal candidato da esquerda e o único com condições de vencer Bolsonaro e, por fim, derrotar o golpe de estado.
A recusa dos partidos da esquerda ao apoio à candidatura de Lula não significa que esses próprios partidos esquerdistas, como PSOL e PCdoB, se estivessem na mesma posição do PT nas eleições, não fariam acordos iguais, ou até piores.
A crítica desses partidos não apresenta uma alternativa concreta à política de alianças com a burguesia e até mesmo a direita defendida por Lula e setores do PT. É preciso apresentar uma alternativa que não seja apenas negativa, que se reduza a uma crítica. É preciso oferecer uma solução prática para o problema das eleições e de um eventual governo, o problema que o próprio Lula e o PT estão tentando resolver.
Em um momento de tensões do imperialismo em relação aos partidos nacionalistas, como a Venezuela, Rússia e China, a ascensão ao governo de um elemento como o ex-presidente Lula, membro do maior partido de esquerda da América Latina, é uma questão da maior importância e motivo de grande preocupação para o imperialismo.
Essa possibilidade significa que a oposição dos que articularam o golpe de Estado a Lula e um possível governo do PT será determinante nas eleições deste ano. Essa oposição começa com a política de isolamento completo do PT das eleições deste ano. Também pressionados por isso, partidos como o PSOL ou o PCdoB, ainda não decidiram apoiar a candidatura do ex-presidente.
A possibilidade do isolamento, como dissemos, é combatida pelo próprio PT com uma política de alianças com a direita. Nesse sentido, a presença de Alckmin na chapa de Lula é bem vista por setores do PT que defendem que, para governar, Lula deve fazer os compromissos “que forem necessários”.
Contra a política de conciliação, portanto, é necessário apresentar uma alternativa concreta para Lula e o PT. Essa alternativa, a única que realmente permite que Lula e o PT governem sem ceder para a direita e o imperialismo em pontos essenciais, é apresentada pelo PCO como sendo o principal método para o combate político nestas eleições e em um possível governo Lula: a mobilização de massas.
Em uma situação de isolamento de Lula e do PT em relação aos partidos burgueses tanto nas eleições, quanto no Congresso em um eventual governo, a única alternativa para Lula e seu partido é obter o apoio das massas a sua política. Apoiar seu governo não em um acordo com os partidos e políticos tradicionais do regime político burguês, mas na pressão popular contra os golpes da burguesia nas eleições e em favor da política de enfrentamento com a burguesia “nacional” e o imperialismo.