Como método clássico da burguesia, as denúncias de corrupção são nada mais nada menos que a montagem de um clima para entregar as riquezas do País ao imperialismo. Muitas das companhias de telecomunicações e bancos entregues no governo golpista de Fernando Henrique Cardoso passaram por uma profunda campanha da imprensa em relação à corrupção.
A recente acusação de corrupção de alguns cartolas da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) era, na verdade, a preparação para a campanha que viria na sequência: a formação da Liga do Futebol Brasileiro (Libra). A Libra tem entre seus integrantes Flamengo, Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Santos, Red Bull Bragantino, Cruzeiro, Vasco, Botafogo, Grêmio, entre outros times. Há outros clubes fora do grupo, uma parte deles reunidos no Forte Futebol como Internacional, Atlético-MG, Fortaleza, e outros.
Uma associação é independente da CBF e poderia vender o campeonato e fazer outras coisas como quisesse. Uma proposta tipicamente golpista e neoliberal, que claramente visaria privatizar e entregar o futebol aos especuladores internacionais. Todo o circo estava armado.
O projeto andou e, na última segunda-feira (7), a Libra fez uma reunião da assembleia na qual tratou da proposta do Mudadala. Trata-se de um fundo com o dinheiro dos Emirados Árabes que fez uma oferta de R$ 5 bilhões pela compra de 20% da Libra. O mais intrigante é que este valor não foi divulgado e supostamente foi vazado por uma fonte que participou da reunião, mostrando o ato criminoso de esconder valores dos verdadeiros donos dos clubes de futebol: o torcedor.
O valor, que pode parecer alto, com certeza é irrisório perto do montante que o futebol brasileiro movimenta. Nenhum fundo iria realizar a compra por amar o futebol. Esses fundos fazem uma análise de retorno de curto prazo e sabem que de fato estão pagando uma pechincha para ganhar dinheiro e comandar uma parte do maior futebol do mundo. O fato é que os clubes da Libra já aceitaram os termos iniciais do Mubadala. Ainda implica em negociações por parte de clubes que estão fora da Libra.
Os torcedores, as torcidas organizadas e os movimentos populares devem se mobilizar para realizarem uma campanha contra a privatização do futebol. Já ficou inviável o comparecimento aos estádios pelos altos valores e com essa privatização será uma elitização ainda maior nos estádios. O futebol brasileiro é o maior do mundo, gera muito dinheiro e esse dinheiro deve ficar aqui, dentro do nosso País.