A situação política não para de se acirrar com a aproximação da campanha eleitoral, tendo como base o avanço da crise econômica, da crise histórica que se abate sobre todo o mundo (que gera enormes tensões internacionais), em meio à qual o retrocesso brasileiro é potencializado por conta da politica predatória adotada pelo regime surgido com o golpe de Estado de 2016, em favor do imperialismo e de um reduzido grupo de tubarões capitalistas “nacionais”.
Para defender seus interesses, os capitalistas e seus governos procuram impor seu interesses, por todos os meios possíveis, fazendo a situação como retroceder como nunca. Assim, temos recordes de fome que, em diferentes níveis atinge mais de 120 milhões de pessoas; recorde de desemprego com mais de 40 milhões de trabalhadores desempregados ou subempregados; a renda do trabalhadores retrocedeu a níveis de 10 anos atrás e a situação se agrava com a falta de medidas efetivas de combate à pandemia, que levou a mais de 631 mil mortes em números oficiais.
Uma eleição decisiva
A situação de agravamento da crise confere ainda maior importância ao processo eleitoral brasileiro, polarizado à esquerda pela presença da candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, maior liderança popular do País, e único candidato da esquerda capaz de derrotar o atual presidente fascista, Jair Bolsonaro, bem como os demais candidatos da direita golpista e que só não foi reconduzido ao governo em 2018, por conta da fraude que foi a eleição realizada com a cassação de sua candidatura, após a sua condenação e prisão ilegais.
Ao mesmo tempo em que se divulga pesquisas eleitorais (encomendadas, realizadas, pagas e divulgadas pela burguesia e sua imprensa golpistas) que apontam uma liderança folgada de Lula, a direita – ainda que em meio a violenta crise – busca se articular e preparar uma verdadeira guerra para impedir a vitória de Lula e a derrota do regime golpista. Estão em jogo poderosos interesses dos capitalistas no Brasil e de todo o Mundo. E a burguesia dá os primeiros sinais que os ataques contra Lula e contra a esquerda que se opõe à política de frente ampla com a direita golpista, irão se intensificar e muito.
Cada declaração de Lula contra o imperialismo, em defesa dos países como a Nicaraguá, Cuba, Venezuela e China, duramente atacados pelos Estados Unidos e seus aliados, é duramente criticada pelos agentes do imperialismo. Cada intervenção do ex-presidente, contra a devastação da economia nacional, como a entrega acelerada do petróleo nacional, e rebatida pelos “analistas” que defendem os interesses dos especuladores que querem que a gasolina passe de R$10 o litro, e assim por diante.
Bolsonaro, Moro e toda a direita, requentam velhas calúnias contra o candidato da esquerda e, por certo, junto com outros setores do imperialismo, preparam novos ataques.
As articulações políticas de todos os partidos da burguesia, incluindo o apoio de alguns setores à candidatura reacionária do ex-presidente do PSDB e ex-governador de SP, Geraldo Alckmin, como vice-presidente na chapa da esquerda, visa estabelecer controles sobre a campanha para levar-la à derrota ou para golpear um possível futuro governo Lula.
Os trabalhadores precisam intervir
Diante dessa situação, a classe trabalhadora e suas organizações de luta precisam intervir na situação com uma politica e organização próprias, independentes da burguesia e dos seus mesquinhos interesses.
Um aspecto decisivo na situação é a mobilização dos explorados no próximo período, nas ruas, pois sem ocupar as ruas e enfrentar a direita será impossível derrotar o regime golpista e fazer vitoriosa a candidatura de Lula e a defesa dos interesses da maioria do povo, contra os interesses do grande capital.
Para essa mobilização é preciso ultrapassar os estreitos limites das estruturas atuais, das organizações da esquerda, sindicais, populares, estudantis etc. que encontram-se – em grande maioria – dominados por uma burocracia conservadora, paralisada diante da ofensiva da direita ou que se limita a defender seus interesses particulares (eleitorais e outros) acima dos interesses dos trabalhadores e que se opõe à realização de uma ampla mobilização dos trabalhadores, da juventude e de todos os explorados contra a direita golpista.
A experiência recente da luta contra o golpe, pela liberdade de Lula, pelo Fora Bolsonaro etc. mostrou os profundos limites políticos dessas direções, dominadas pela política de conciliação e de
capitulação diante da burguesia. Por outro lado, desenvolveram-se – ainda que limitadamente – organizações de novo tipo, com potencial para mobilizar milhares de pessoas que, em muitos casos, se agruparam em Comitês de Luta, como os comitês contra o golpe, comitês volta Dilma, Comitês pela Liberdade de Lula, Comitês Lula Livre, Comitês Fora Bolsonaro etc.
Formar Comitês em todo o País e no exterior
Esses Comitês representam um espaço democrático de participação e educação política, de mobilização do povo trabalhador por suas reivindicações. É uma tarefa central, portanto, para quem quer impulsionar a luta pela vitoria de Lula e do povo brasileiro contra o imperialismo, para quem quer generalizar e fazer bem sucedida a luta para barrar a ofensiva de toda a direita e conquistar as reivindicações dos trabalhadores diante da crise, impulsionar a criação e o fortalecimento dos Comitês de Luta, em todo o País e até mesmo no exterior, onde vivem cerca de 5 milhões de brasileiros.
A própria direção do Partido dos Trabalhadores anunciou, em janeiro, que planeja montar 5 mil comitês para dar sustentação à campanha do ex-presidente Lula. Esses comitês, de acordo com o PT, seriam territoriais e setoriais. Trata-se de uma política correta. É necessário, no entanto, ir muito além dos limitados e viciados comitês eleitorais que, na maioria dos casos, repetem velhas práticas da política burguesa e se constituem em grupos de cabos eleitorais pagos, assessores etc. sem quaisquer perspectiva real de mobilização, visando apenas obter algum apoio eleitoral para os candidatos que comandam tais comitês.
É preciso criar os comitês nos locais de trabalho, estudo e moradia que sejam organismos vivos de mobilização, de organização de atividades, de realização de um intenso trabalho de agitação e propaganda em torno das reivindicações mais sentidas pelos distintos setores dos explorados e na defesa da candidatura de Lula, por um governo dos trabalhadores, um governo das organizações operária e populares, da cidade e do campo.
Esses Comitês devem unir os distintos setores da esquerda interessados em uma mobilização real dos trabalhadores e da juventude e não apenas em na conquista de um apoio eleitoral. Pois essa mobilização vai ser decisiva para conquistar uma vitória do povo trabalhador contra o regime golpista.
Não há tempo a perder. É preciso mobilizar já e passar à criação dos Comitês de Luta, por Lula presidente, por um governo dos trabalhadores.