É escancarada a ação da burguesia brasileira em favor da reeleição do seu candidato Jair Bolsonaro. Depois das milhares de denúncias de intimidação de trabalhadores por parte dos patrões, como ameaça de demissões em massa ou fechamento das empresas no caso de vitória de Lula ou ainda a compra de votos, com a promessas de reajustes ou bônus em caso de vitória de Bolsonaro, agora chegou a vez das empresas de ônibus – que operam um serviço que é concessão do estado – tomarem partido na questão da gratuidade do transporte neste domingo das eleições em segundo turno, em São Paulo, o principal colégio eleitoral do País.
O Sindicato das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado de São Paulo (Setpesp) entrou com liminar contra decreto do governo do Estado que liberou o passe livre nas linhas intermunicipais para a eleição deste domingo (30).
De acordo com a liminar, “ao instituir gratuidade irrestrita no transporte intermunicipal no domingo, o decreto não contribui para o processo eleitoral, mas acaba por incentivar a abstenção, na medida em que facilita os deslocamentos para fins de lazer”. Quer dizer, para o sindicato patronal, o passe livre tem justamente o efeito inverso do seu propósito!
Na verdade, o que está por trás da liminar é uma declaração de intensões. Os mafiosos que controlam o transporte público em São Paulo, que estão em sua maioria apoiando Bolsonaro, querem dificultar o acesso da população paulistana às urnas. Afinal, a maioria dos residentes em São Paulo votou em Lula no primeiro turno.
Até o momento, o transporte gratuito segue determinado pela prefeitura e pela Justiça. No entanto, a intensão em desfazer a decisão do prefeito Ricardo Nunes (MDB) deve servir de alerta. Mesmo que formalmente esteja garantida a gratuidade, a burguesia poderá, de última hora, organizar um locaute por parte dos patrões — quer dizer, não disponibilizar o transporte para a população, particularmente às camadas mais pobres que em sua esmagadora maioria vota no candidato dos trabalhadores, vota em Lula.
O possível boicote patronal, como já mencionado, não é um fato isolado, mas corresponde justamente à luta de classes. De um lado, os capitalistas com Bolsonaro e de outro Lula com os trabalhadores.
Nessa guerra declarada que expressa a profunda polarização do País, a resposta dos trabalhadores só pode ser a mobilização. Ao contrário da crença alimentada por boa parte da esquerda de que a vitória de Lula já estaria sacramentada, a ação dos patrões é uma demonstração de que vão tentar por todos os meios e até o último momento a vitória do seu candidato.
Há, ainda, um outro agravante. A decisão do ministro do Superior Tribunal Federal (STF), Luís Roberto Barroso, não garante a gratuidade do transporte público, mas apenas impede que os governos estaduais e prefeituras que concederem o serviço não estarão incorrendo em crime eleitoral. Isso significa que está nas mãos dos governantes e das concessionárias que operam os serviços disponibilizar ou não o transporte e, ainda, como efetivamente será disponibilizado.
É por isso que a questão da mobilização é uma questão crucial a fim de garantir a vitória de Lula e depois para que efetivamente seu governo seja a expressão dos interesses das amplas massas brasileiras.