Nessa segunda-feira, dia 31 de outubro, o Companheiro Rui tratou no programa Marxismo, que vai ao ar todas as segundas-feiras às 18h no canal do YouTube do PCO, da questão da vitória das frentes populares francesa e espanhola formadas na década 30. O tema se faz atual dado o desenvolvimento da situação brasileira.
A título de exemplo, tratemos de maneira resumida o caso francês, àqueles interessados em maiores detalhes fica a recomendação de assistir ao programa e a ler os artigos que Trotsky escreveu analisando a questão em detalhes. Houve uma aventura da extrema-direita em 1934 que procurou dar um golpe de Estado e assumir o poder, antes que a burguesia houvesse se unificado por detrás da política fascista. A resposta foi uma repressão dura que “reverteu” o golpe, mas que não desorganizou a extrema-direita. A verdadeira força social, no entanto, que freou a tomada do poder pelos fascistas foi a classe operária francesa que promoveu uma gigantesca greve geral com ocupação de milhares de fábricas pelo país, forçando a esquerda a se unificar. Qual foi a resposta profundamente oportunista que o Stalinismo deu a essa grande investida dos trabalhadores? Conter a greve e compor com o principal partido burguês, com o “centro político”, o Partido Radical, que na época se encontrava numa profunda crise. A esta junção fantasmagórica entre as forças da esquerda e os partidos da direita “democrática” em processo de decomposição se deu o nome de “frente popular”. Esta frente viria a ser eleita em 1936 e governar a França por dois anos antes de entrar em falência, ressuscitando a direita traidicional.
Ainda que a polarização brasileira não tenha se desenvolvido a tal intensidade uma vez que a classe operária mal volta a atuar no cenário político após décadas de refluxo, vemos na situação francesa da década de 30 muitas semelhanças com a atual situação no País. Para derrotar o Bolsonarismo e sob grande pressão política, foi preciso que toda a esquerda se unificasse. Sob a ilusão de lutar pela democracia, a candidatura Lula foi infiltrada por elementos da direita “democrática”, como Geraldo Alckmin; elementos estes que, se já se mostravam falidos em 2018, foram varridos do mapa nas eleições de 2022, com a exceção dos direitistas resgatados pela esquerda e sua ausência de princípios políticos, como, por exemplo, Eduardo Leite. Tal qual na época das eleições francesas, muitas candidaturas da esquerda foram abdicadas para que se lançassem direitistas, como, por exemplo, em Minas Gerais e Pernambuco. Ao olhar a situação com cuidado, vemos que a “frente ampla” que “elegeu” Lula, é uma ilusão achar que os direitistas de qualquer forma que não seja negativa à campanha eleitoral, trata-se de uma frente popular com muitas semelhanças àquelas do pré-guerra; donde a importância de bem compreendê-las.