Na sabatina realizada pela Band News FM 90.3, o candidato ao governo do Rio de Janeiro pelo PCO, o companheiro Luiz Eugênio Honorato, operário aposentado da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), teve a oportunidade de apresentar o programa do Partido na última quinta-feira, dia 25, em mais uma participação em meio ao bloqueio e censura generalizados que recobrem as eleições deste ano. Luiz Eugênio participou da histórica greve da CSN de 1988, e é membro fundador do PCO. Além disso, teve papel importante na organização da greve na CSN no ano passado, com a Corrente Sindical Nacional Causa Operária, pelo setor Luta Metalúrgica, que chegou a compor chapa com a CUT para o sindicato dos metalúrgicos.
O começo da entrevista foi direto, com a primeira pergunta já abordando a questão da polícia, perguntando a opinião do companheiro sobre as operações policiais nas favelas, e sobre a questão da segurança pública.
Luiz Eugênio: Nós somos a favor da dissolução da polícia militar, por repensar a segurança pública no estado, e do envolvimento do Estado, das comunidades, de equipes técnicas na solução desses problemas. Porque a violência é fruto de um desmonte do Estado, em que milhões de famílias são jogadas na miserabilidade, não tem emprego, tem contas para pagar, sofrem despejos, etc. E não achamos que montar toda uma estrutura tecnológica, de investimento, nas polícias, no armamento dessas corporações vai ser uma solução. Pela dissolução da polícia, temos o exemplo da Suíça [em que a população é armada e realiza a segurança nacional]. E armar os policiais, realizar um grande investimento nisso, já vimos que não surte efeito, o problema da violência só aumenta, com chacinas como no Jacarezinho, no Alemão e por aí afora.
Band News: Hoje, nesse tema de comunidades ainda, são 2,7 milhões de pessoas que passam fome no Rio de Janeiro, qual seria a resposta para combater isso?
LE: Essa é uma preocupação que contribui muito com o problema da violência. É necessário fazer um levantamento, uma sindicância das receitas e despesas do Estado, e ter uma vontade política, e a vontade política tem lado. Se for para amparar os trabalhadores, os movimentos sociais, a população do estado do Rio de Janeiro, vamos superar isso, mesmo que o sacrifício seja nas grandes fortunas, num imposto mais taxativo, e abrir oportunidades para geração de emprego e renda. Defendemos 100% de reposição da inflação, semana de trabalho de 35 horas semanais, e assim vamos conseguir contornar a situação tão dramática estabelecida no estado. Além disso, o Estado tem que buscar amparar as famílias, dar uma renda maior, ver a questão da habitação, que vemos cada vez mais pessoas na rua, nos viadutos da cidade, desamparadas e jogadas no centro da cidade. O que poderemos fazer se não olhar como Estrado para essa situação?
BN: Sobre a questão da Supervia, quem utiliza os trens hoje enfrenta dificuldades, temos uma série de questões envolvendo a concessão, o que o senhor propõe para o caso do transporte por trens para o estado do Rio de Janeiro?
LE: A primeira coisa é rever essa concessão da Supervia. Ela tem que fazer investimento é atender a população, a nossa preocupação com a questão do transporte é que tem que ter uma política mais eficiente, porque é onde vai o fluxo todo de economia, é o que atende as camadas mais pobres e gera toda a riqueza do estado. Tem muito pouca preocupação nesse sentido, e muito pouco envolvimento do Estado. É preciso exigir mais coisas da empresa e encampar projetos em aliança talvez até com a obrigação da prefeitura, com o BRT, as barcas, para atender o estado como um todo.
BN: O senhor acredita que é possível continuar tendo concessionárias administrando o transporte hoje, mesmo a situação estando precária?
LE: Somos a favor do Estado assumir o transporte. Se com as exigências do Estado a Supervia suprir a demanda, então não tem importância de fazer essa parceria.
BN: Na área de saúde, o que pretende fazer para reduzir os problemas, o tempo para consultas, procedimentos?
LE: Temos que fortalecer o SUS no estado, rever os contratos das OSs (organizações sociais), fortalecendo o SUS. O Estado, na questão da educação e da saúde, foi feito um congelamento, então teríamos que ver isso pra resolver a situação. Achamos que o Estado tem que usar mais recursos e priorizar a saúde, que é onde o maior investimento deve ser, e rever todos esses contratos de OS, porque não funcionou.
BN: Sobre a questão da indústria no estado, tivemos um número muito alto no estado, hoje esse número é menor, qual a proposta nesse sentido?
LE: Temos uma discussão nacional da questão da industrialização do país. Houve um sucateamento imenso, temos que fazer todo um resgate da industrialização, porque nenhum estado e nem o país vai se desenvolver se não desenvolver a indústria. É preciso fazer todo o investimento necessário. O Rio de Janeiro tem como recursos naturais petróleo e gás, temos que explorar esses recursos de maneira sustentável para que o estado se desenvolva, sem parar mais.
BN: E na educação, com o pós-pandemia, quais as propostas para esse setor?
LE: É preciso investir na área, pois o estado que não investe em educação é falimentar. Temos que valorizar os professores, atender a demanda abrindo concursos públicos, novas vagas, amparar essa juventude com circuitos integrados de educação para resgatar, disputar esses jovens no tráfico, nas ruas, no banditismo. A educação é responsável por isso, somos pela educação do Estado, ensino gratuito, e pelo fim do vestibular, para que tenha essa educação integrada, do primeiro grau, ensino médio e faculdade.
BN: Considerações finais do candidato.
LE: Agradeço a participação e convoco todos a nos ajudar. Temos investidas sendo feitas contra nossa existência, principalmente nossa liberdade de expressão, temos pouco espaço para divulgar nosso programa, chamamos todos a conhecer nossas propostas nas plataformas digitais. Nos convidem que iremos mostrar o PCO como uma ferramenta de solução num momento tão difícil da conjuntura.