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Oportunismo político

Juliano Medeiros comemora o ministério neoliberal de Boric

Presidente Nacional do PSOL vai à público em sua conta no Twitter comemorar a demagogia identitária que é a composição ministerial de Boric

julianocoronga

A campanha de Gabriel Boric, no Chile, deu o que falar entre a esquerda pequeno-burguesa brasileira. Diversas figuras da política nacional comemoraram aos prantos a vitória do direitista, chegando, de alguma forma, à conclusão de que sua eleição significava uma reversão na conjuntura de forças na América Latina contra o imperialismo. Agora, foi a vez de Juliana Medeiros pagar mico na internet.

Em sua conta no Twitter, o presidente nacional do PSOL comentou sobre a nova composição ministerial de Boric. Àqueles que não acompanharam, Boric anunciou que seus ministérios seriam compostos por maioria feminina, algo que, prontamente, acendeu o aviso identitário dos esquerdistas de todo o mundo.

O melhor – talvez o mais cômico – é que Juliano vai além e reforça sua posição em resposta à outro tweet:

Sabemos, porém, que o psolista está completamente enganado. Somente a indicação de Mario Marcel para o Ministério da Fazenda já coloca em xeque qualquer tipo de identitarismo que procura mascarar a política neoliberal no Chile. Isso porque Marcel é presidente do Banco Central desde 2016, desde Piñera, ou seja, a própria encarnação do neoliberalismo chileno.

Todavia, não se trata de um erro ignorante de Juliano Medeiros, mas sim de uma enganação deliberada que visa esconder o caráter direitista de Boric. A composição ministerial é, além de Marcel, inteiramente direitista. A maioria das pessoas são ligadas ao Partido Socialista do Chile, partido esse que defende uma política extremamente neoliberal. Sem contar na Ministra de Relações Exteriores, Antonia Urrejola, completamente alinhada com a política exterior dos Estados Unidos, ou seja, atacar a Nicarágua, Cuba, Venezuela etc.

Antes de qualquer coisa, deve ficar claro que a quantidade de mulheres nos ministérios não representa por si só absolutamente nenhum avanço na luta dos trabalhadores quando as mesmas formam um governo que serve aos interesses do imperialismo. É esse o verdadeiro problema que supera considerações demagógicas acerca do assunto.

Além disso, vemos, aqui, um investimento muito grande por parte de um setor da esquerda brasileira, principalmente o PSOL, em defender a candidatura de Boric, apesar de todos os sinais vermelhos de sua política neoliberal alinhada com o imperialismo.

A eleição de Boric não representa uma renovação, uma revolução dentro da esquerda. Mas sim, a tentativa de vender como progressista uma nova esquerda que, acima de qualquer coisa, é diretamente ligada ao imperialismo e à sua política para a América Latina.

A missão da esquerda frente a acontecimentos de qualquer tamanho deve ser a de elucidar a discussão, desmascarando aqueles que querem se infiltrar no movimento dos trabalhadores para favorecer o imperialismo. 

Ao contrário disso, existe uma campanha proposital pela despolitização da esquerda brasileira, algo que fica extremamente evidente pela “denúncia” de Emir Sader, que, de forma bastante original, caracterizou o PCO como uma seita por denunciar Boric, afirmando que não podemos nos colocar por não possuirmos votos nas eleições. Algo que, por si só, já é uma argumentação extremamente reacionária.

Diferente do que fazemos com o Lula, discutindo os motivos pelos quais achamos que ele deve ser apoiado nas eleições deste ano por todas as forças progressistas do país, esses setores da esquerda apresentam Boric quase como um milagre, sem entrar na discussão política de absolutamente nada. Ao mesmo tempo, torna-se um criminoso por fazer qualquer tipo de crítica a aliados dessa esquerda domesticada.

Exemplo claro disso é o que ocorreu com Boulos. Por meio deste Diário, o PCO expôs de maneira factual as relações de Boulos com o imperialismo norte-americano por meio do IREE e da think-tank Global Americans. A resposta de parte da esquerda? Escorraçar ou ignorar, sem qualquer tipo de discussão política, nossas polêmicas.

A experiência no Chile é extremamente valiosa para a luta contra o imperialismo ao redor do mundo. Se queremos ter uma compreensão política real, é preciso ver se as opiniões, os preconceitos, as teorias são, ou não são, confirmadas pelos fatos materiais. E, no caso de Boric, vemos exatamente o contrário.

Apesar de qualquer comentário exaltado, como o de Juliano Medeiros, Boric tem ligações claras com o imperialismo e, além disso, defende uma política neoliberal. Nesse sentido, deve ser denunciado por todos aqueles que alegam ter um posicionamento sério no campo progressista das ideias. Caso contrário, fica claro que são diletantes e oportunistas.

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