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Mobilização nas periferias

Iniciativa de Lula é correta e o PT deve acompanhar mobilização

É preciso pôr todo o aparato à disposição da candidatura de Lula

Os comícios do ex-presidente Lula no Rio de Janeiro deram mais uma mostra da evolução à esquerda da campanha de Lula para este segundo turno. Na quinta-feira, Lula fez dois comícios no estado: um na cidade de São Gonçalo, outro em Padre Miguel, na Zona Oeste da capital fluminense.

Em ambas as regiões, Bolsonaro teve mais votos que Lula no primeiro turno; além disso, em ambas concentram-se um setor muito importante da população pobre. Muitos trabalhadores da construção civil, desempregados desde o golpe, bem como trabalhadores da Petrobrás – que são o eleitorado natural de Lula e do PT – estavam nos comícios. Além disso, via-se uma grande onda vermelha, mesmo com Bolsonaro tendo vencido no primeiro turno.

Tais informações indicam que Lula está adotando a política de tentar virar o voto de seu eleitorado natural, que são os trabalhadores e o povo pobre em geral, que votou em Bolsonaro no primeiro turno. Para isso, está direcionando a campanha para as periferias, com o objetivo de criar nelas um clima de mobilização, de impulsionar uma campanha corpo-a-corpo para impulsionar a sua candidatura. Essa política é uma política correta e, aliás, é a única capaz de assegurar a vitória. É preciso fazer como Lula e ir aos bairros operários virar o voto dos trabalhadores que votaram em Bolsonaro. Lula está correto em apelar para uma campanha que mobilize os trabalhadores em geral em torno de suas reivindicações concretas. 

No entanto, se a campanha de Lula de fato deu uma guinada à esquerda em relação ao que foi no primeiro turno – graças ao fim do clima de “já ganhou” –, ainda há um setor do PT que não assimilou esta virada. Mesmo que Lula empurre a campanha para a esquerda, faça comícios onde perdeu no primeiro turno e faça discursos denunciando a destruição da economia pelo golpe de Estado, o PT não tem acompanhado esta tendência e Lula está praticamente isolado nessa posição acertada.

Por consequência disso, apesar de Lula ter tirado Geraldo Alckmin do palanque, ainda há a participação de vários direitistas nesses comícios. No Rio, por exemplo, Eduardo Paes esteve no comício em Padre Miguel. Ademais, as lideranças nacionais do PT também não têm acompanhado Lula nesses comícios, o PT não lançou um ampla campanha de panfletagem, não convocou nenhum megacomício ou um ato em defesa da eleição de Lula, nem tem dado suporte a seus militantes para fazer corpo-a-corpo nas periferias e bairros operários.

Em resumo, a campanha de Lula no segundo turno foi para a esquerda, mas muito mais por conta da pressão exercida pelo próprio Lula do que por qualquer outra coisa. A virada na campanha do ex-presidente se deu quando, graças à sua experiência, percebeu que a eleição não estava ganha e que seria necessária uma campanha popular para garantir a vitória. No entanto, não tem passado disto: da ação individual de Lula, que não tem encontrado respaldo no restante da direção do PT. O PT precisa dar total apoio logístico à candidatura de Lula – isto é, deve levar seus militantes e simpatizantes para os comícios, mesmo que de outros estados, deve levar a direção nacional do partido em peso para os comícios, deve impulsionar uma ampla campanha de panfletagem e de virada de votos “corpo-a-corpo”. Além disso, o PT deve focar no eleitorado natural de Lula, que são os trabalhadores. E por isso precisa mobilizar a CUT e seus quatro mil sindicatos.

O PT precisa fazer como Lula e superar a barreira do imobilismo, que reinou no primeiro turno com o clima de “já ganhou”. É preciso defender os interesses materiais e concretos do povo, agrupar uma base de trabalhadores em torno de uma campanha ideológica e politizada – portanto, é preciso deixar de lado as asneiras moralistas e profundamente despolitizadas que o PT impulsionou durante este segundo turno, que vão desde acusar Bolsonaro de ser maçom até a acusar Bolsonaro de ser canibal.

Contudo, apesar de ser imprescindível a defesa de que o restante do PT também faça uma campanha popular, não se pode desconsiderar a virada à esquerda que a campanha de Lula deu neste segundo turno. Os comícios já não têm mais aqueles cercadinhos, eles são uma verdadeira onda vermelha e estão sendo feitos em bairros operários – aliás, deve-se destacar, bairros onde Lula perdeu no primeiro turno. E tais comícios – ainda que possam melhorar em muitos aspectos – estão surtindo um efeito muito positivo. Por exemplo, depois do comício no Complexo do Alemão, houve um ato da população local em defesa da candidatura de Lula. Isto é, os comícios estão levantando o clima e o moral dos trabalhadores desta região, que estão se empenhando em virar votos, em panfletar, em resumo, que estão sendo influenciados pelo comício a não só votar em Lula, como a entrar na campanha por Lula presidente.

Tudo isso demonstra o caminho correto a ser seguido: aproveitar a polarização e levar a campanha de Lula para a esquerda. Lula tem trabalhado neste sentido e, ainda que o restante do PT não tenha aderido a essa política e não esteja acompanhando a iniciativa de Lula, ela já tem conquistado diversos resultados positivos. Portanto, é preciso ampliar o que, no momento, é uma iniciativa pessoal do Lula e torná-la comum a todo restante do PT, a CUT e as organizações sindicais que verdadeiramente apoiam o Lula. A iniciativa de fazer a campanha corpo-a-corpo, de ir aos bairros operários, de virar o voto do eleitorado de Bolsonaro e abandonar a histeria moralista despolitizada. É preciso substituir esta histeria pela defesa das reivindicações concretas da classe operária, como o aumento do salário mínimo e a revogação das reformas feitas pelo golpe de Estado.

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