Não é preciso gostar de futebol para saber que tem algo errado com a imprensa burguesa brasileira quando o assunto é a Seleção.
Em matéria sobre uma das partidas da Argentina, a Folha de S. Paulo, quando se refere ao futebol argentino, faz quase uma elegia a um deus grego. Aparecem frases como “Torcida argentina transforma Dorra em Buenos Aires e empurra a seleção para as oitavas de final”.
A matéria destaca que, no estádio, praticamente só havia argentino. Porém, para quem assistiu ao jogo do Brasil contra a Suíça, também se tinha a sensação que havia muito mais torcedores com camisas amarelas que outros torcedores. Contudo, procurando as fotos sobre o jogo da seleção brasileira contra a Suíça, nenhuma foto memorável, sequer uma foto simples da torcida brasileira é mostrada pela Folha.
Outras passagens da matéria parecem mais a narração de um romance, como, por exemplo, um trecho onde se detalha a lágrima do goleiro durante o canto do hino nacional argentino e outro comentário se referindo ao torcedor argentino que, até fora do campo, era um agente transformador na cidade parada.
“O clima já era elétrico antes de começar o jogo. O goleiro Emiliano Martínez enxugou as lágrimas com a luva na execução do hino […] Ela conseguiu (a torcida) transformar o ambiente indiferente e muitas vezes silencioso dos estádios do Mundial do Qatar em uma partida em La Bombonera”, escreve o jornal golpista.
Quanto ao que foi publicado sobre a seleção brasileira pela esfuziante torcedora da Argentina, a qual é a reportagem da Folha, nota-se um tom de velório ou clima de mesmice, como na passagem: “Nas duas partidas, o Brasil, na maior parte do tempo, foi muito previsível”.
Houve, sim, alguns elogios, mas como que por obrigação, porque a atuação da Seleção foi admirável e arrancou grandes elogios em vários jornais europeus. Nenhuma palavra na matéria sobre a torcida brasileira, sequer foto.
A cereja do bolo da redação da Folha sobre Brasil e Argentina, foi no quesito de falar dos craques Messi e Neymar. Sobre Messi, o jornal afirmou:
“Cada vez que Messi puxava a marcação com arrancadas, sempre que Rodrigo De Paul fazia um desarme ou Enzo Fernández achava um companheiro em condições de finalizar, a massa em Dorra respondia.”
Quanto a Neymar, disse a Folha: “…” Sequer um comentário sobre Neymar.
É nítida nas publicações que, para a Argentina, são só elogios, emoção, vibração da torcida. Mas, para o Brasil, críticas, reconhecimentos apáticos, a falta de elogios à torcida nos comentários, fotos mal feitas do técnico Tite, entre outras coisas.
Pela publicação da Folha a respeito das duas seleções, se nota um reforço à campanha negativa e antinacional que está sendo conduzida no Brasil tanto por uma parte da esquerda pequeno-burguesa, quanto por uma parte da direita. Depreciando Neymar por motivos políticos, e o próprio Tite por declarar apoio ao candidato da esquerda, Lula.
É fácil analisar que a imprensa faz parte da campanha contra a seleção brasileira e contra a vitória do Brasil nesta Copa. Vitória que daria um novo ânimo à classe trabalhadora, tão sofrida com os últimos ataques da burguesia, mas que, por raça, é uma classe que tem no futebol um motivo de alegria, e vibra nas ocasiões de jogos da Seleção.
Enquanto a imprensa internacional faz elogios vibrantes à seleção brasileira e ao torcedor brasileiro, a imprensa burguesa brasileira, no máximo, comenta que não se pode negar que os jogadores são bons, mas que poderiam ser melhores.