O Diário Causa Operária abriu durante o término de 2021 uma série de reportagens a respeito da interferência do imperialismo, sobretudo norte-americano, na esquerda brasileira e na luta política. Por meio de um trabalho investigativo, foi comprovado que os principais atores de movimentos contra o governo do PT e em prol do golpe, como o Não Vai ter Copa, foram financiados por ONGs, brasileiras ou não, que são integralmente sustentadas por países estrangeiros.
Uma campanha do imperialismo
Após estas revelações, novos casos começaram a surgir em toda internet revelando diversas intervenções do imperialismo na política brasileira, por meio das ONGs com financiamento estrangeiro. E com este propósito, a conta “Pensar a História” publicou uma série de materiais no Twitter revelando a operação do imperialismo na campanha contra a construção da Usina de Belo Monte, uma campanha contra os governos do PT que já existe há mais de uma década.
Relatório da ABIN mostra que o golpe de Estado de 2016 foi organizado e apoiado de fora do País, como já foi denunciado no caso da Lava-Jato. O não vai ter Copa também fazer dessa história. https://t.co/q5fIughmxn
— Rui Costa Pimenta (@Ruicpimenta29) January 24, 2022
Um relatório oficial da ABIN (Agência Brasileira de Inteligência), identifica a atuação de ONGs financiadas pelo imperialismo e instituições internacionais que trabalhavam na campanha contra a construção da usina.
No relatório em questão, a ABIN relaciona 11 ONGs internacionais, conforme apurado pela conta do Twitter. Sendo nove delas provenientes dos Estados Unidos e duas da Europa, listadas em destaque a Fundação Clinton, WWF, Greenpeace, AIDA, The Nature Conservancy, Avaaz, Amazon Watch, Raiforest Foundation US, entre outras.
Um fato importante é que grande parte das ONGs listadas no relatório da ABIN possuem já um histórico ligações diretas a serviços de fachada para interesses corporativos, sobretudo para a política externa dos Estados Unidos, como pode ser percebido por nomes como “Fundação Clinton”. Essas ONGs já financiaram pelo mundo diversas operações golpistas, promovendo milícias de extrema-direita e uma verdadeira política de desestabilização dos governos adversários dos interesses norte-americanos.
Soros, Fundação Ford e Estados Unidos
Uma das ONGs em questão, AIDA, se destacou na pesquisa pelo fato de ter em seu site oficial um pedido enfático de que o Brasil “deve responder por violação dos direitos humanos causados pelos danos de Belo Monte”, em uma clara campanha internacional contra o governo brasileiro, utilizando como já é de costume, os “direitos humanos” como forma de incriminar os inimigos do imperialismo.
O relatório da ABIN ainda coloca a presença classificada como “incomum” de norte-americanos e britânicos na região de construção da usina, além de visitas de representantes das ONGs mencionadas a lideranças indígenas nas aldeias de Arara do Maia e Paquiçamba Juruna, enviado junto a eles motores, combustíveis e outras mercadorias.
Em relação à participação das ONGs brasileiras, minorias nesta operação, se colocam duas organizações intituladas de Movimento Xingu Vivo para Sempre (MXVPS) e a ONG “Uma Gota no Oceano”.
O primeiro foi fundado em 2008, conforme apuração da conta no Twitter, por Antônia Melo, servindo para atuar na mobilização de comunidades indígenas. Até este ponto, nada de tão impressionante, até ser revelada a informação de que a ONG é financiada sobretudo por organizações estrangeiras. Destaca-se sobretudo, o recebimento de verbas do Fundo Brasil, uma espécie de “filial” da Fundação Ford, uma das organizações imperialistas mais atuantes em todo o mundo e que é uma fachada da CIA.
Este “Fundo Brasil” inclusive é a mesma organização que financiou o movimento “Não Vai ter Copa”, tendo sua fundadora, Antônia Melo, recebido um prêmio em 2017 concedido pela Fundação Alexander Soros (do filho do especulador George Soros), ou seja, um prêmio de reconhecimento diretamente do imperialismo.
Já a ONG “Uma Gota no Oceano” entrou no cenário com uma campanha recheada de globais que, em um vídeo promocional, convocavam o engajamento da população no ativismo contra a construção da Usina de Belo Monte. Os argumentos centrais, em grande medida difamações e informações incorretas. Chegava a afirmar que a usina alagaria o Parque Nacional do Xingu, localizado a 1.300 km de distância do local da barragem.
Esta fundação foi lançada em 2011 e também é financiada pela Fundação Ford e pela Open Society Foundations, já reveladas neste mesmo Diário como algumas das principais organizações do imperialismo e da CIA em todo o mundo.
Indo além dos globais, a campanha reuniu pessoas importantes do mundo artístico internacional, em especial James Cameron, diretor de “Avatar” que chegou a dizer, sob a base da intensa campanha do imperialismo, que a Usina de Belo Monte não é “problema só do Brasil”.
Um dos episódios do golpe contra Dilma
A campanha sempre foi tão cínica, que mesmo o jornal golpista O Estado de S. Paulo afirmou que a “usina é um crime contra a humanidade”, em um esforço junto ao imperialismo para tentar acabar com o projeto de estruturação nacional.
Já o jornal El País, com um suposto viés esquerdista ecoando a voz do imperialismo europeu, se colocou de maneira ainda mais absurda, acusando inclusive que o governo brasileiro, na época, comandado por Lula, provocava um “etnocídio”, e ainda mais, era comparável ao massacre feito por Adolf Hitler (!), comparando os indígenas da região ao massacre nos campos de concentração organizados pelos nazistas, a partir do fato que os indígenas estariam adquirindo hábitos alheios à sua cultura, citando casos como “consumir bolachas”, “beber refrigerantes” e “assistir televisão”.
A obra iniciada pelo governo Lula, assim, sofreu de inúmeras ações judiciais, e contou com a ação de promotores ligados à Operação Lava Jato, revelando a operação e interferência dos EUA. Este problema se acentuou ainda mais quando o governo brasileiro foi intimado pela Comissão de Direitos Humanos da Organização os Estados Americanos (OEA), um braço dos Estados Unidos na América Latina.
O governo de Dilma respondeu, cortando as contribuições feitas à OEA. Enquanto isso, o imperialismo reforçava a campanha internacional, o que forçou o governo brasileiro a reduzir a construção da Usina.
Mesmo assim, a Usina de Belo Monte já representava naquele momento a quarta maior do mundo, sendo capaz de abastecer 60 milhões de habitantes em 17 diferentes estados do Brasil, uma conquista nacional em meio à enorme luta contra o imperialismo que busca a todo custo conter o crescimento nacional.
Fica óbvio, portanto, que a campanha contra a construção da Usina de Belo Monte foi orquestrada pelo imperialismo para impedir o desenvolvimento do Brasil e preparar o golpe de 2016, utilizando-se de ONGs que supostamente estariam defendendo o meio ambiente, os indígenas e os direitos humanos. Esse é um método utilizado pelo imperialismo no mundo todo e continua sendo implementado mesmo no Brasil de hoje, impulsionando a política identitária.