O golpe na Argentina está avançando contra a ex-presidenta e atual vice-presidenta da República Cristina Kirchner. De maneira completamente ditatorial, a primeira instância condenou a peronista por “chefiar uma organização criminosa” a 6 anos de prisão – ela não será presa, porque tem foro privilegiado, e poderá concorrer à eleição presidencial.
Ela poderá concorrer até a Suprema Corte Argentina. Se for condenada, perderá para sempre o direito de exercer qualquer cargo público. Trata-se, evidentemente, de um grave atentado ao direito democrático do povo argentino de eleger seus representantes.
Além de tudo, a nova condenação de Cristina Kirchner é uma nova etapa do golpe de Estado, que havia colocado o ultradireitista Mauricio Macri na Presidência. Além de vice-presidenta da Argentina, ela também acumula a função de presidenta do Senado e é a política mais popular do país.
A condenação por corrupção lembra as condenações fraudulentas das quais foi vítima o presidente eleito Lula. Aqui, no Brasil, tais atentados contra os direitos democráticos do povo foram feitos em nome da ultrarreacionária lei da Ficha Limpa, que dá ao judiciário o poder de decidir quem será ou não candidato, colocando-os, na prática, como poder moderador.
Na Argentina, o judiciário, que. assim como no Brasil, é diretamente controlado pelo imperialismo, visto que sequer é eleito, está tentando caçar o direito de centenas de milhões de argentinos de decidirem quem será o seu futuro presidente, em um processo-farsa, que passou por cima de todas as garantias constitucionais – assim como foi feito no Brasil e nos demais países da América Latina em que a esquerda estava no governo.
É preciso denunciar efusivamente este tipo de violação dos direitos do povo, mesmo que sejam inicialmente dirigidos contra a direita, pois sempre tendem a se voltar contra as organizações operárias. No caso da Argentina, o judiciário decidiu rasgar a Constituição e condenar uma política de esquerda, deixando claro para que servem as legislações que limitam quem pode ou não ser candidato: servem para dar um controle maior do processo eleitoral para a burguesia.
Se até mesmo a candidata mais popular do país pode ser vítima de uma perseguição judicial, assim como o Lula foi vítima deste tipo de perseguição no Brasil, o povo em geral, então, está sujeito a muitas outras restrições. Trata-se de uma decisão totalmente autoritária, que deve mobilizar a solidariedade de toda esquerda a companheira Cristina Kirchner, bem como deve servir para mobilizar os trabalhadores argentinos em defesa de sua vice-presidenta e em oposição ao ditatorial regime judiciário.