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Quem o "globalismo" quer?

Fontes do “mercado” indicam mais apoio a Bolsonaro que a Lula

Capital financeiro teme que vitória de Lula possa levar a uma radicalização de suas políticas, apesar de apostar em um Lula mais moderado

Parte da esquerda ainda não entendeu que para o ‘deus mercado’ o problema não é Lula, mas aquilo que ele representa, por isso prefere Bolsonaro como “plano B”, caso não consiga emplacar a terceira via.

Um político de direita pode muito bem continuar aplicando medidas que favoreçam os bancos, como a manutenção do teto de gastos, uma imposição do mercado financeiro. Como um candidato da esquerda que tem apoio da classe operária conseguiria fazer isso? A pressão que Lula sofre de suas bases é muito forte, seja vinda da CUT e seus quase 4 mil sindicatos, seja de movimentos sociais, como o MST.

O ideal, para o mercado, seria um candidato da terceira via, sem nenhuma base social à qual devesse respostas. Bolsonaro, apesar de tudo, tem uma base social que o pressiona, basta ver a maneira como tratou o aumento do preço dos combustíveis. Formou-se uma crise gigantesca com ameaça de greves de caminhoneiros. O que obrigou o governo a baixar os preços da gasolina e do diesel. Nestas poucas semanas antes das eleições, o preço tem caído, o que fez com que Bolsonaro tenha conseguido subir um pouco nos índices das pesquisas de intenção de voto.

Mas mesmo assim, sua política é a de privatizações e redução de direitos sociais. É disso que os capitalistas gostam, por isso não descartam Bolsonaro.

Parasitas do sistema financeiro

A Petrobrás é a empresa no mundo que mais tem distribuído dividendos, lembrando que esse tipo de rendimento não paga imposto de renda, e se os acionistas estão calados, significa que apoiam Bolsonaro, pois ninguém gosta de perder dinheiro, ainda mais quando se trata de uma ‘mamata’. Em um governo Lula seria tão tranquilo? O governo Lula se orgulhou de ter feito investimentos na empresa e isso simplesmente foi interrompido, uma vez que o lucro vai todo embora.

O agronegócio (ou seja, o latifúndio) é outro ramo de atividade no Brasil que não paga impostos, é uma farra, nunca ganharam tanto dinheiro os fazendeiros. Um governo Lula traz consigo a pressão do MST, de quem o latifúndio é inimigo mortal. Existe uma disputa violenta por terras no País e a balança tenderá para os trabalhadores sem terra em um eventual governo Lula.

Os bancos, os maiores parasitas da economia, não apenas no Brasil, mas no mundo, terão de lidar com o incômodo que causa a independência do Banco Central no seio dos eleitores de Lula. Ainda que Lula não reverta essa medida, há também uma grande expectativa de que tente retomar as rédeas da economia.

Esses grandes ramos da economia estão mais favoráveis a Bolsonaro, não a Lula, ainda que prefiram uma Simone Tebet no poder, candidatura da qual ainda não desistiram.

“Talvez até aconteça uma euforia de curto prazo, com Bolsa em alta e dólar em queda, uma reação momentânea visto que entre Bolsonaro e Lula, o mercado realmente prefere o Bolsonaro”, reconhece um alto funcionário do mercado financeiro, Leandro Petrokas, ouvido pela reportagem do E-Investidor, portal do jornal O Estado de S. Paulo voltado a acionistas e investidores.

“Caso o presidente seja reeleito, tudo indica que as privatizações devem ganhar mais força, o que beneficiaria os acionistas das empresas estatais ou com participação do governo“, completa o especialista de uma consultoria de investimentos Juan Espinhel.

A pressão popular

Podemos exemplificar as dificuldades que Lula teria para ter um governo direitista. Durante as manifestações de 2021 pelo Fora Bolsonaro, houve uma grande articulação de setores do movimento para a formação de uma frente ampla “anti-fascista” que incluía elementos como João Doria, mais conhecido como BolsoDoria, slogan que utilizou em sua campanha para o governo de São Paulo. Ciro Gomes também foi aventado para fazer parte de uma frente, mas esses elementos foram amplamente rejeitados. Ciro Gomes teve que sair às pressas de um ato na Avenida Paulista e mesmo assim não conseguiu evitar um entrevero com militantes da CUT.

A frente ampla foi inviabilizada pela esquerda do movimento. Foi preciso a direção acabar com os atos de rua para que os acordos fossem costurados por cima e assim se concretizasse, na surdina, uma frente popular. Que contou com a presença do tucano (mal)disfarçado, Geraldo Alckmin, como vice na chapa de Lula. Além da aproximação com elementos do ‘campo democrático’, composto por golpistas de todas as cores partidárias.

Se não houvesse pressão popular e da esquerda (como o PCO, os Comitês de Luta, a CUT, o MST e a ala esquerda do PT), estaríamos hoje com um Ciro Gomes, ou um João Doria sendo apoiado “contra o fascismo”, leia-se Bolsonaro. Toda essa operação complicada, até hoje, não foi muito bem aceita. Nenhum paulista quer Alckmin no governo, quem banca sua presença na chapa é Lula.

Uma prova da rejeição da direita na chapa de Lula é a baixa adesão popular nos atos. Verdade que os comícios esvaziados são reflexo de uma política, equivocada, da direção da campanha, que insiste em fazer atos em lugares fechados ou com revista de participantes. Mesmo assim, há uma enorme parcela que não se anima a ir para um ato ouvir Alckmin ou Márcio França discursando no palanque.

Lula paz e amor

Embora o PT e Lula tenham recheado a chapa e a campanha de direitistas odiados pela população, mas amados pelo ‘mercado’, a verdade é que esses parasitas não confiam no PT.

Conforme a mesma reportagem do portal do “Estadão” para acionistas e investidores, o ‘mercado’ acredita na possibilidade de um novo governo Lula igual ao que foi quando de sua eleição em 2002: um governo de colaboração total com a burguesia. Mas isso já não é mais viável, o que foi provado pelo golpe de 2016, a prisão do ex-presidente e o impedimento para que concorresse em 2018. A burguesia não aceita Lula.

“Lula vem trazendo um discurso muito radical, sem preocupação fiscal, excesso de gastos, populismo, medidas de extremo apoio à população em detrimento de gastos do governo”, disse à reportagem o mesmo Leandro Petrokas.

O problema são as massas populares que têm expectativas com um governo de esquerda.

Aqueles que não aceitaram a direita e escorraçaram Ciro da Paulista são os mesmos que vão exigir investimentos na Saúde, na Educação etc. O aumento de gastos sociais significa menos dinheiro para a boca faminta (por lucros, enquanto o povo passa fome de comida) dos bancos.

Lula desviou de uma pergunta sobre a reversão de privatizações. Mas o jornalista William Waack (CNN), de direita, fez a pergunta porque sabe muito bem que esse é uma ponto nevrálgico, um flanco pelo qual a população irá pressionar um possível mandato.

A campanha de ‘Lula paz e amor’ não cola nos ouvidos da burguesia. Essa classe social é muito pragmática, tem estômago forte e não se incomoda com um Bolsonaro. Apenas a esquerda pequeno-burguesa fica insistindo na tecla de que se trata de um sujeito que fala cuspindo, que agride mulheres, não tem modos à mesa. Bolsonaro é um filho de deus, pelo menos para o deus mercado, que já pariu todo tipo de bebê-diabo.

“Globalistas”

Setores da direita e mesmo da esquerda acreditam que é Lula o candidato preferencial do mercado. Mas falham na análise porque não conseguem enxergar o problema do ponto de vista da luta de classes. Diferentemente da esquerda pequeno-burguesa, que enxerga o mundo pela ótica da moral, a classe dominante vê as coisas de uma maneira prática.

A prisão de Lula, como se pôde verificar, foi um grande projeto executado desde Washington. Para evitar que qualquer conversa fosse vazada, o juiz Sérgio Moro e o procurador Deltan Dallagnol foram diversas vezes aos EUA para receberem instrução.

Lula foi condenado sem provas. O TRF-4 passou ilegalmente seu processo na frente de outros para que assim pudessem, com uma condenação, incluí-lo na Lei da Ficha Limpa. O STF votou pela prisão do ex-presidente, ainda que a Constituição proíba prisões enquanto o réu tiver direito de recorrer.

Não faria o menor sentido essa operação de grande envergadura se Lula fosse o candidato do mercado, nem teria havido o golpe.

A vitória de Lula nestas eleições será um grande retrocesso, para não dizermos a derrota, do golpe de Estado dado em 2016. O que não significa que todas as perdas de direitos serão recuperadas pela população; mas, pelo menos colocará um freio na investida do grande capital. O imperialismo está em uma grande crise e por isso necessita sangrar o máximo possível os países atrasados. Uma vitória do PT, de Lula, com certeza trará problemas para essas intenções. Além do perigo de colocar a classe trabalhadora em um período de ascenso.

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