Na última segunda-feira (21), foi ao ar o programa Análise Internacional, no canal do Diário Causa Operária no YouTube. Tendo como principal tema “A ofensiva imperialista contra o Catar”, o programa, apresentado pelo presidente nacional do Partido da Causa Operária, Rui Costa Pimenta, teve a participação, pela primeira vez, dos analistas Rogério Anitablian e do comandante Robinson Farinazzo, dono do canal Arte da Guerra. A partir de agora, Robinson participará sempre do programa, enquanto Anitablian será um convidado frequente.
O Catar é a sede da Copa do Mundo, que teve início no último domingo (2), e vem sendo manchete nos jornais não só pela questão futebolística, mas também pelos ataques imperialistas.
O Catar é o maior produtor de gás natural do mundo, extraído por uma empresa estatal de um campo compartilhado com o Irã. Além disso, o país formulou um acordo recente com a China para que, nos próximos 27 anos, venda seu gás natural ao país asiático — tudo isso levando em consideração que o gás natural, assim como o petróleo, faltam na Europa ao ponto de causar uma gigantesca crise no continente por conta das sanções à Rússia.
“Se a imprensa diz isso do Catar, eu gostaria de saber o que eles vão dizer da Arábia Saudita”, iniciou o comandante Robinson em sua fala. “Tá ali do lado, é um dos países ainda mais medievais do mundo, uma ditadura extremamente repressiva, e não se fala nada […] a imprensa está no bolso da Arábia Saudita […] a indignação da imprensa é seletiva.”, continuou o comandante. “Até ontem o Catar não existia, agora parece ser a fonte de todos os males do mundo.”, finalizou.
“O que a gente recebe aqui no Brasil é propaganda, não é análise […] A propaganda tá muito dentro desse contexto do que é feito em relação ao Catar, ao Irã, à Síria, à Venezuela.”, comentou Rogério Anitablian. O analista também afirmou que vê muitas pessoas afirmando posições sem conhecer a realidade desses países, propagando ideias que, na realidade, fazem parte da manipulação da imprensa sobre esses assuntos.
Os ataques à FIFA
Após um comentário do comandante Robinson questionando os ataques imperialistas à FIFA, o companheiro Rui Costa Pimenta iniciou sua fala: “O ataque à FIFA tem uma explicação muito simples, basta ver os últimos locais onde se deu a Copa do Mundo, nós tivemos o Brasil em 2014, a Rússia e agora no Catar, quer dizer, países ou governos que estão em conflito com o imperialismo mundial. No caso do Brasil houve a derrubada do governo, no caso da Rússia temos a situação atual e no Catar ninguém se lembra do fato de que o catar é a sede da Aljazeera, a maior rede de comunicação do Oriente Médio e que teve uma atuação independente em vários acontecimentos na região”. Rui afirma que a FIFA, apesar de ser difícil de explicar porque, propagandeia os países em questão, o que é negativo para o imperialismo.
A importância do futebol
“Há uma luta política muito intensa em torno do problema do futebol, e não é por acaso. O futebol, ao mesmo tempo, é um grande negócio e é também uma coisa que traz dividendos políticos. Por isso também a tentativa de inviabilizar a Copa nesses países, no Brasil teve o Não Vai Ter Copa, por exemplo.”, afirmou Rui sobre os ataques intensos ao esporte mais popular do mundo.
“Embora ajam pessoas quem digam que é absurdo o PCO misturar futebol e imperialismo, é difícil não fazer isso.”, finalizou Rui.
Catar, o principal inimigo do mundo
Rui Pimenta também afirmou que toda a campanha começou com uma notícia falsa publicada pelo jornal The Guardian, no qual afirmava que 6500 pessoas morreram na construção de estádios para a Copa do Mundo no Catar. É evidente que existem acidentes e é muito comum esses locais de trabalho terem muito pouca proteção para o trabalhador, mas para matar 6500 pessoas, assim como afirmou o companheiro Rui, seria necessário jogar uma bomba na própria obra, no mínimo.
“O governo do Catar publicou uma estatística que falava que, em 10 anos, morreram, por diversas causas, 6500 imigrantes, por má nutrição, assassinato, doença, velhice — não por causa da Copa […] Na Copa, o índice oficial é de 37 pessoas, para termos uma ideia.”
Rui também citou o problema levantado por Anitablian de que existem muitos outros países que realizam tudo aquilo o que acusam o Catar de realizar, dando o exemplo não só da Arábia Saudita, mas também de Israel, que oprime a população palestina, colocando-os num verdadeiro gueto semelhantes a campos de concentração e da qual ninguém fala absolutamente nada. Rui Pimenta afirmou que sim, o Catar é uma monarquia absoluta, mas passa longe de ser a única do Oriente Médio — na Península Arábica, por exemplo, todos os países são adeptos a esse regime.
O problema do identitarismo
“Nós estamos vendo agora o porquê o identitarismo é importante para o imperialismo: é uma arma para mobilizar a classe média de pensamento politicamente liberal em torno de uma defesa abstrata, unilateral e falsa dos direitos da mulher, dos homossexuais, etc. O pessoal não para nem para pensar, é uma espécie de fanatismo.”
Rui afirmou que isso está a favor da opressão dos países imperialistas contra os países oprimidos. O Catar é uma monarquia absoluta, mas quem sempre garantiu isso foi o imperialismo. O fundamentalismo religioso é uma parte importante, mas também é necessário considerar que, quando os países árabes tentaram se libertar de seu atraso através de governos que não eram religiosos, como o governo do Gaddafi, do Nasser ou do Baath, quem impulsionou o desenvolvimento do fundamentalismo religioso contra esses governos foi o próprio imperialismo.
A análise ainda contou com considerações gerais sobre a região do oriente médio e os ataques do imperialismo a diversos países e organizações minimamente nacionalistas da região.
Ficou interessado? Assista ao vídeo inteiro no link abaixo e acompanhe a Análise Internacional, todas as segundas-feiras, às 18 horas, no canal do Diário Causa Operária!
