Há três anos, durante o governo Bolsonaro, foi implantado um sistema de educação cívico-militar em escolas do Distrito Federal. Se existiam professores e alunos que, no começo, acharam que essa ideia poderia ser boa, a percepção mudou pouco tempo depois.
Professores revelaram, em entrevista, que os agentes (policiais militares) disciplinadores agiam colocando medo tanto em docentes, quanto em estudantes, e que a repressão fazia parte do cotidiano. Segundo Sueli, que dá aula no Centro Educacional no Distrito Federal, tiveram casos em que alunos fizeram um mural sobre o dia da consciência negra e os policiais obrigaram que o mural fosse retirado, somando-se aos diversos outros casos de censura dedurados por ela e os demais.
Mães de alunos contam que os filhos já foram levados para a delegacia por “desacato” e “desobediência” nas escolas e que, ao serem levados para a delegacia, receberiam um “susto” que os colocariam no eixo. Isso, porém, não foi o meio adotado por apenas uma escola. Segundo a pasta da Educação, mais de 100 escolas foram alvo da militarização ocorrida no governo ilegítimo do capitão da reserva.
A repressão não pode estar presente no cotidiano de uma escola, nem por parte dos professores, tampouco dos alunos. O modelo, adotado sobretudo no Distrito Federal, Paraná e Rio de Janeiro, sofreu resistência em São Paulo por parte da APEOESP, um dos maiores sindicatos da América Latina. O Sindicato dos Professores do Estado de São Paulo levou a briga às últimas instâncias judiciais, conseguindo uma liminar provisória que barrava o sistema no principal estado brasileiro mas que, posteriormente, foi derrubada pela Justiça.
Um ex-aluno do Rio de Janeiro relatou que os pais têm medo de reclamar ou comparecer às reuniões, afinal, policial serve para reprimir e fazer com que seus direitos sejam suprimidos, não seus problemas solucionados. A população trabalhadora já sofre nas mãos da polícia, seja militar ou civil, diária e noturnamente, então não vai ser nas escolas que vão querer encontrar agentes dessa máquina de matar do Estado burguês. Há relatos, inclusive, de falta de comida nas escolas que adotaram esse sistema na antiga capital brasileira.
A educação não deve estar atrelada ao Ministério da Defesa, tampouco aos aparatos repressivos do Estado contra os mais pobres. A repressão por parte da polícia faz parte do cotidiano e do dia-a-dia de um trabalhador e o ensino, que deveria ser um direito, já sofre inúmeros ataques por parte da burguesia e seus tubarões da educação. As escolas não devem ser militarizadas, tampouco privadas. A defesa da população e da classe operária passa, sobretudo, por uma defesa do ensino público, gratuito e contra o esquema de lucro que os capitalistas armam em cima da educação. Estudar é um direito de todos.