Notícia divulgada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), neste 5 de dezembro, denuncia que o empresário paranaense, Eliberto Stein, ameaçou de morte uma idosa do território quilombola Tanque da Rodagem/São João, em Matões, Maranhão. Segundo os moradores, Stein e seu genro foram à casa da idosa ameaçando-a de expulsão porque eles iriam tomar a sua propriedade. Disseram que ali, naquele território, ninguém ficaria mais.
A denúncia foi feita à CPT que levará o caso ao Ministério Público por meio de seu advogado. Em 2021, os quilombolas fecharam a rodovia MA-262 e apreenderam dois tratores e um correntão usados por Stein e um de seus sócios, Silvano Marcelo de Oliveira, para desmatar grandes áreas de Cerrado. Stein tinha uma licença para desmatar que foi considerada suspeita expedida pela SEMA (Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Maranhão).
Para se vingar, o empresário contratou jagunços que bloquearam a rodovia em outro ponto durante 5 dias ameaçando os quilombolas. Os dois bloqueios foram reprimidos pela PM e os maquinários devolvidos ao empresário. No mesmo ano, outros quilombolas foram expulsos pelo empresário que se utilizou da mesma tática: intimidação por meio de ameaças.
Segundo o advogado da CPT, Rafael Silva, existe um acordo entre o Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), a Unilab (Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira), a Universidade Federal do Piauí e a Universidade Federal do Maranhão para estudo antropológico e Relatório Técnico de Identificação e Delimitação (RTID) do território Tanque da Rodagem/São João. Os dois, o estudo e o relatório visam à titulação dos quilombolas em suas terras junto ao INCRA.
Recentemente, o mesmo empresário ameaçou à equipe de pesquisadores das universidades que estavam no local. Os mesmos só podem retornar ao local garantidos por policiais pois o empresário mantém jagunços no local para garantir a ameaça que fez.
Analisamos que todo o pessoal quilombola dessa região está indefeso, porque a política do atual governo deu aval para pessoas como este empresário que têm acesso à armas e escritórios de advogados que acham brechas nas leis para se beneficiar. Usa da impunidade e da truculência para invadir as áreas que, segundo a Constituição, garantiriam moradia aos quilombolas. O atual governo disse textualmente que nenhum centímetro iria ser demarcado para os quilombolas, o que é o suficiente para Stein se sentir autorizado a ameaçar e perseguir qualquer quilombola.
Os quilombolas têm que se organizar e ter sua própria segurança. Não há garantia pela polícia ou pelo atual governo de segurança aos quilombolas. Elementos da burguesia como este empresário não teriam a mesma ousadia se os quilombolas montarem seus grupos de autodefesa.