No sábado (26/02), indígenas Guarani e Kaiowá iniciaram a retomada da Fazenda Inho, que faz parte do território de Laranjeira Nhanderu em Rio Brilhante (MS).
Há meses os Guarani e Kaiowá vem denunciando ao ministério público federal e a FUNAI a intenção da formação de um assentamento dentro do território indigena. Eles receberam a visita pessoal do Sr. Ramão, pai do vereador Adão Evandro Leite (DEM), de Rio Brilhante, que foi lá dizendo que tem documentos que comprovam que as terras não estão dentro do território indigena, no entanto ele precisaria de um documento dos indígenas afirmando que a área de intenção não estava dentro do estudo da Funai… Com a negativa dos indígenas de fornecer o tal documento, resolveram mudar de estratégia.
A ocupação pelos Guarani e Kaiowás ocorreu depois da notícia de que neste último final de semana, as pessoas do assentamento estavam planejando ocupar as terras como uma forma de pressionar o governo a liberar a concessão de crédito fundiário, conforme noticia o Cimi – Conselho Indigenista Missionário. A questão é que essas terras estão em processo de identificação como terras indígenas, e o assentamento ficaria dentro destas terras.
Fica claro que os latifundiários estão querendo jogar a população que luta pela terra contra os indígenas com essa ameaça de criação de um assentamento, e daí justificar uma ação violenta de despejo realizada pela polícia
Já durante a mobilização dos Guarani e Kaiowá, que fecharam a rodovia BR 163, um efetivo do Batalhão de Choque da polícia militar, a polícia federal e a polícia civil se posicionaram de forma a agir se “necessário”. Fazendeiros e colonos também compareceram fazendo ameaças, uma liderança indigena tekoha que não se identificou por segurança denunciou ao CIMI: “Já vieram fazendeiros e nos ameaçaram. Falaram que estamos em pouquinhas pessoas, é só meter bala e termina logo. Aí o pessoal começou a falar com eles e agora eles recuaram, foram para a cidade. Eles falaram que vão articular as pessoas e que vão voltar com peso de tarde”.
Durante muitos anos o ‘proprietário’ da fazenda Inho, Raul das Neves, ameaçou e fez de tudo para expulsar o povo indigena de seu próprio território, em tempos de escassez e fome não deixou que eles plantassem para se alimentar e também impedia que Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai) chegasse a comunidade. Ele ainda responde por despejo aéreo de agrotóxicos sobre o acampamento Kaiowá.
Neste ano de eleições, as ofensivas dos latifundiários contra o povo indígena está se acirrando cada dia mais, e como vemos a polícia cumpre seu papel de atacar os indígenas e proteger os pistoleiros e latifundiários assassinos.