Lula venceu a eleição em 11 capitais. Bolsonaro venceu em 16.
O candidato do PT venceu em São Paulo, Porto Alegre, Salvador, São Luís, Aracaju, João Pessoa, Recife, Natal, Fortaleza, Teresina e Belém.
O candidato do PSL, no entanto, além de ter vencido em mais capitais, venceu em centros urbanos importantes como Rio de Janeiro e Belo Horizonte.
A vitória em São Paulo, o maior centro industrial do País, comprova que Lula ainda tem um imenso apoio no seio da classe operária mais organizada e avançada do Brasil. No entanto, a derrota em outros municípios industrializados acende um alerta.
O PT nasceu dos centros industriais, onde a classe operária se organizou em partido político. Enquanto era oposição, o partido cresceu muito no eleitorado do sudeste industrializado. Porém, quando chegou ao governo ele perdeu apoio nesse setor devido à colaboração com a direita que levou Lula e Dilma a aplicarem algumas políticas de ataque aos direitos dos trabalhadores, como a reforma da previdência e privatizações.
Por outro lado, aumentou o apoio entre o povo pobre do nordeste, porque o PT investiu em importantes (embora limitadas) políticas de transferência de renda, que atingiram os mais necessitados, sendo a maior parte deles do nordeste.
A vitória nas capitais nordestinas, bem como no interior desses estados, que foi acachapante, é comprovação de que as políticas sociais petistas continuam surtindo um poderoso efeito eleitoral. No entanto, se Lula quiser ter poder para governar apesar das sabotagens da direita e da pressão da burguesia, precisa recuperar o apoio dos trabalhadores industriais do sudeste.
É primordial que uma das primeiras medidas de Lula seja um pacote de políticas voltadas diretamente aos trabalhadores industriais. Mesmo antes de assumir, em 1° de janeiro, Lula poderia fazer anúncios nesse sentido. Por exemplo, a elevação real do salário mínimo, um programa para reduzir drasticamente o desemprego, a recuperação da CLT, rasgada pelo golpe, a reestatização das empresas privatizadas pelos golpistas, a retomada do controle da Petrobras pelo Estado, a criação de novas empresas em setores chave da indústria, gerenciadas pelo Estado, a redução da jornada de trabalho etc.
Lula falou muito timidamente de algumas dessas questões na campanha eleitoral. Precisa aplicar planos concretos nesse sentido. Não pode passar o governo oferecendo apenas socorro aos setores mais pobres, mas sim aplicar uma política que dê uma vida digna a essas pessoas que impeça a volta à marginalização, ao mesmo tempo que concede maior poder aos trabalhadores para que eles organizem a luta de todo o povo oprimido por seus direitos universais.