Diante do cenário de grande confusão em função das manobras promovidas pela burguesia durante as eleições, e por falta de clareza no que diz respeito ao desenvolvimento da situação política que decorre do golpe de 2016, determinados setores da esquerda passaram a afirmar que a candidatura do presidente Lula estaria recebendo apoio dos setores capitalistas mais poderosos e, portanto, não seria o candidato dos trabalhadores e da população mais pobre. Agora, às vésperas do terceiro governo Lula, depois da quinta vitória de seu partido (PT) em eleições, o presidente eleito, maior liderança popular do país, anuncia que lançará mão de uma política de enfretamento aos interesses dos banqueiros e do grande capital.
Nesta quinta-feira (10), em encontro com parlamentares no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), onde funciona a transição do governo, o presidente Lula deu a seguinte declaração: “Quero dizer para vocês que as empresas públicas brasileiras serão respeitadas. A Petrobras não vai ser fatiada, quero dizer que o Banco do Brasil não vai ser privatizado, assim como a Caixa Econômica e o BNDES, o BNB (Banco do Nordeste) e o Basa (Banco da Amazônia) voltarão ser bancos de investimento”. O discurso do presidente Lula contra as privatizações e em defesa do patrimônio nacional demonstra que seu novo mandato presidencial será conduzido muito mais à esquerda que os anteriores, suas colocações deixam para trás a ideia de que governaria para os capitalistas.
No mesmo sentido, nesta quarta-feira (09), Lula já havia declarado que seu novo governo vai investir no povo pobre, na saúde pública e em programas sociais como Farmácia Popular, além de se comprometer em erradicar a fome no país. Apesar de não revelar seu ministério da economia, o presidente eleito se opôs à política de corte de “gastos”, segundo ele, a mesma garante somente pagamento de juros aos banqueiros, e disse que o Brasil tem que pagar a dívida de 500 anos com a população mais pobre.
Os governos golpistas de Michel Temer e de Jair Bolsonaro, resultado do golpe contra a presidenta Dilma Roussef e da prisão do presidente Lula na operação farsesca da Lava-jato, atuaram de maneira a destruir os direitos e as condições de trabalho de empregados de empresas estatais como forma de preparação para entrega das mesmas aos capitalistas. O atual ministro da destruição econômica, o banqueiro Paulo Guedes, deixou bastante claro desde a primeira hora que seu objetivo era a liquidação completa das empresas públicas. Ainda que somente a Eletrobrás tenha sido privatizada no atual governo ilegítimo, se tratou de uma entrega ao melhor estilo FHC, e todas as demais estatais (Caixa Econômica Federal, Banco do Brasil, Correios, Petrobrás, entre outras) foram duramente atacadas com a privatização de diversas áreas.
O futuro governo do presidente Lula, que resultou da mobilização popular nas ruas de todo país e que representa a derrota do golpe de Estado, tem que de colocar fim a estes ataques e reverter toda a destruição promovida pelos golpistas. Neste sentido, os sindicatos e a CUT (Central Única dos Trabalhadores) devem unificar os trabalhadores e o conjunto da população em torno de um programa de luta, não somente contra as ameaças e privatizações em curso, mas pela reestatização da Eletrobrás, Vale do Rio Doce, da CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), empresas de telecomunicação (antiga Telebrás) e de todas as demais estatais brasileiras privatizadas. É preciso defender um governo dos trabalhadores e colocar fim à política entreguista também nos municípios e estados, e assim garantir condições de vida ao povo brasileiro e promover um amplo desenvolvimento da indústria nacional.