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Ric Jones

Médico homeopata e obstetra. Escritor, palestrante da temática da Humanização do Nascimento no Brasil e no exterior.

Distopias e o futuro

Distopias

Não há tempo para aguardar a solução tecnológica para a sociedade de classes

Tomei contato com um debate interessante, que passa por Blade Runner, Matrix, O Exterminador do Futuro, O Dia Depois de Amanhã e Star Wars entre outros: por que nossa literatura e nosso cinema insistem em desenhar futuros distópicos, desesperançosos, lúgubres, tristes e dramáticos? Por que não nos oferecem possibilidades para imaginar utopias ao estilo de Gene Roddenberry, que concebeu Jornada nas Estrelas a partir de uma perspectiva essencialmente otimista do mundo? Para ele, a solução dos conflitos e do egoísmo na Terra nos levaria a conquistar o Espaço, a “Última Fronteira”, já que, em nosso planeta, estas barreiras já teriam sido derrubadas.

Minha amiga antropóloga, Robbie Davis-Floyd, (uma Trekker) me contava que a ideia de Roddenberry se baseava em uma proposta inovadora: a solução dos problemas do planeta estava no fim do consumismo (e com ele a sociedade de classes). Entretanto, esta revolução não viria pela escassez dos recursos finitos do planeta e a consequente convulsão social, mas através da tecnologia. Máquinas de recombinação molecular fariam com que fosse possível criar facilmente qualquer “coisa”, qualquer objeto, a partir de seus componentes básicos. Assim, ao simples apertar de um botão, poderíamos criar um Stradivarius do século XVII, ou um Porshe 911 GT3, ao mesmo custo de um saco de bananas, apenas recombinando matéria. Com isso as coisas – pela facilidade absoluta de aquisição – perderam o valor, e a verdadeira riqueza (e o poder dela derivado) se tornou o conhecimento.

Desta forma, resolvidos os problemas na Terra, a Enterprise partia da Terra para resolver os dramas do Universo. Todavia, Star Trek é uma exceção entre os filmes de ficção científica. Estes, quase sempre, mostram mundos degradados, destroçados, gelados e onde a luta é pela dura e heroica sobrevivência dos poucos remanescentes. Por que insistimos em apostar em um futuro de horror e perdição?

Acho que a resposta é até simples: não mostramos futuros bons e perfeitos no cinema porque eles não vendem, da mesma forma que as novelas só apresentam ao público partos dramáticos, cheios de correria, angústia, dor, sangue e drama, e jamais apresentam nascimentos tranquilos, domiciliares, rápidos e cercados de paz. Essa felicidade e esse bem estar não vendem, não nos mobilizam. A bem da verdade, nem Star Trek mostra isso; apenas aceita que resolvemos as diferenças na Terra, mas na distância do cosmos imperam ainda o egoísmo e a violência; e é lá que as tramas se desenrolam.

Experimente aparecer em um estúdio de Hollywood dizendo: “Quero apresentar um projeto de filme que se passa em 2222. Nesta época da humanidade tudo dá certo, ninguém explora ninguém, não há crimes e sequer temos roubos; o marxismo venceu, a fraternidade impera, somos irmãos de todos, há equidade entre pessoas e povos, exterminamos a violência bruta e não há barreiras ou bordas. Não há sentido para as guerras, etc…” John Lennon na veia, “imagine all the people”

A resposta dos diretores seria: “Desculpe, no seu filme não há diversão alguma, não há conflito e, portanto, não há solução que se possa imaginar. Seu mundo é como uma montanha russa em linha reta, sem quedas, sem sustos e sem pânico. Entretanto, somos movidos por essas emoções. Sem o pavor despertado pelas distopias a vida se torna insuportável; elas são o bode colocado na sala da realidade“.

A má notícia é que não há possibilidade de aguardarmos uma revolução tecnológica como a que ocorreu na fantasia de Jornada nas Estrelas para acabarmos com a sociedade de classes. Muito antes que seja possível recombinar átomos para criar a matéria que compõe os objetos os recursos do planeta estarão escassos, os conflitos se multiplicarão e a tensão entre a diminuta classe burguesa e as multidões de operários, trabalhadores, miseráveis e famintos fará o mundo ascender a um modelo político e econômico superior. Gene Roddenberry por certo sonhou com uma fantasia de tecnologia redentora, mas a realidade material não suportará que o desnível criado pelo capitalismo continue até que ela seja realidade. O socialismo precisará chegar muito antes da Enterprise, do capitão Kirk e do Dr. Spock.

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