A bancada do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) na Câmara dos Deputados publicou uma nota no dia 30 de novembro afirmando que em 2023 não vai apoiar a reeleição de Arthur Lira para a presidência da Câmara Federal.
A nota assinada por todos os futuros parlamentares do PSOL vem cheia de demagogia e posições vazias sobre “democracia” e sobre os ataques ao patrimônio público como apoio as privatizações e arrocho salarial.
A decisão do PSOL veio após rumores, em particular após uma entrevista do deputado José Guimarães (PT-CE) a CNN que apresentou como quase certa essa definição.
A nota do PSOL pode até parecer uma decisão acertada, mas não passa de demagogia e uma possível preparação para iniciar uma oposição ao governo Lula. É importante lembrar que em 2021, a bancada do PSOL por pouco não apoiou o deputado do MDB Baleia Rossi logo no primeiro turno após a maior parte de seus parlamentares e principais dirigentes declararem que o partido deveria apoiar o candidato do golpista Rodrigo Maia.
Rodrigo Maia foi presidente da Câmara durante o governo golpista de Michel Temer e de Bolsonaro e que engavetou centenas de pedidos de impeachment. Sempre apoiou os projetos apresentados pelo governo Bolsonaro e depois confirmou que assumirá o cargo de Secretário de Projetos e Ações Estratégias no governo de Estado de São Paulo na gestão de João Doria afirmando que iria colocar em prática privatizações.
O presidente do PSOL, Juliano Medeiros, após negociatas com o PSB paulista (onde todos sabem que o PSB de São Paulo é sublegenda do PSDB) ficou como suplente de senador de outro golpista, o ex-governador Márcio França. O mesmo PSB do vice-presidente eleito Geraldo Alckmin, que articulou o apoio do PSB a chapa petista.
No Rio de Janeiro, parlamentares e dirigentes do PSOL declararam voto para Eduardo Paes (PSD) para prefeitura da capital e para a chapa de Freixo com o bolsonarista César Maia para o governo estadual. O apoio foi tanto que a corrente Resistência chegou a declarar oficialmente o apoio da corrente do PSOL a Eduardo Paes contra o “bolsonarista” Marcelo Crivela.
Com esses poucos exemplos podemos confirmar que o PSOL não possui nenhum critério de “esquerda”, “democrático” ou de derrotar a política bolsonarista no último período. Arthur Lira não possui nenhuma diferença na política de Rodrigo Maia, seu pai Cesar Maia, Eduardo Paes, Márcio França e Geraldo Alckmin.
Todos os citados acima não possuem nenhuma diferença na política bolsonarista de ataques aos trabalhadores, aos trabalhadores sem-terra e indígenas, na questão das privatizações, autonomia do Banco Central entre as outras pautas citadas na carta dos parlamentares sobre o não apoio a Arthur Lira.
A crítica não é para a posição sobre o apoio a Arthur Lira e sim pela política de comodidades que sempre servem à direita.
O PSOL tenta transparecer como um partido que apresenta uma política diferente de outros da esquerda, sem conchavos com a direita, sendo uma versão de esquerda “limpinha”, mas o que vemos é a mesma política em que se fundou e criticou muito contra o Partido dos Trabalhadores sempre foi colocada em prática pelo PSOL e que está cada vez mais escancarado e justificado nesse último período com a fachada de defesa da democracia e do anti-bolsonarismo.
Como vimos, fizeram no último período acordos com os elementos mais repugnantes e que nunca fizeram uma oposição de verdade a Jair Bolsonaro, alguns apenas na frente das câmeras e outros nem tanto, mas que, na prática, sempre apoiaram a política de rapina de Bolsonaro.
Agora querem se mostrar diferentes da política de frente com a direita golpista para obter ganhos eleitorais e mesquinhos de seus candidatos. É uma política em que se envolvem e se comprometem até o pescoço para depois sair e dizer que não concordavam com algum detalhe, assim como fizeram no rompimento com o PT. Apoiaram todos os acordos e mazelas com a direita para depois criticar e parecerem “puros”.
A única diferença em não apoiar Arthur Lira neste momento é que agora o PT e Lula se preparam para governar, e possivelmente apoiará Lira, e o PSOL já apresenta tendencias de se tornar não uma oposição a esquerda, mas um serviçal da direita para atacar um governo progressista.