Dando prosseguimento a nossa série com os candidatos do PCO, hoje acompanhamos o companheiro Ubiracy Olímpio em entrevista. Realizada no dia de hoje, 8 de setembro, um dia após a comemoração do bicentenário da Independência, o companheiro Ubiracy, candidato ao governo de Pernambuco, nos contou um pouco sobre sua trajetória pessoal, profissional e política nos movimentos de luta dos trabalhadores, além de comentar sobre a importância desta candidatura:
Ubiracy Olímpio: Minha caminhada política começou quando assisti a um comício de Miguel Arraes, quando ele estava voltando do exílio, foi um dos primeiros comícios que ele fez aqui em Recife. No Largo de Santo Amaro estavam presentes Francisco Julião e muitas lideranças de esquerda daquele momento. Foi ali que me despertou para as mobilizações de esquerda. Fiquei num coletivo, não me lembro agora o nome, mas era uma corrente dentro do PT, na qual participei. Depois fomos para a Convergência Socialista e depois foi fundado o PSTU. Eventualmente me afastei por completo, por divergências dentro do partido. Aí militei no PCB, mais a frente falo do Jones, e assim foi.
DCO: E sobre sua vida pessoal, como chegou até aqui? Pode comentar sobre sua trajetória de profissão, e o envolvimento com a categoria?
UO: De questão pessoal, comecei a estudar muito cedo, terminei o ensino médio mas, diante das dificuldades da época, não consegui chegar à universidade, que é um sonho né, de todos nós. E a questão profissional, comecei muito cedo a trabalhar, tinha 9 anos de idade quando comecei. Depois entrei, já jovem, a trabalhar no sistema de telecomunicações do estado de Pernambuco, TELPE, com uma das prestadoras de serviço, quando conheci o sindicato, Sinttel, e fui oposição à diretoria.
Participei de várias greves, fui para a federação nacional dos telefônicos, que incluía a Embratel também, onde tive contato com vários companheiros. Lutei lá pela incorporação dos companheiros que não eram efetivos da empresa, e o sindicato pelego nunca quis. Na época fui demitido também, por participar de várias greves e por ter me engajado no “fora FHC” (Fernando Henrique Cardoso). Tinha reuniões periódicas a esse respeito, não com a dimensão agora do “fora Bolsonaro”, começamos com poucas pessoas e se tornou depois um movimento bem grande.
As privatizações que aconteceram no passado afetaram muito a classe trabalhadora. Tivemos um desemprego crescente mesmo nos governos de Lula e de Dilma. Ficou claro que a questão das privatizações foi fundamental para o crescimento do desemprego no país.
DCO: E sua candidatura, como você se vê como candidato, e o sentido dela na situação política, e no próprio estado de Pernambuco?
UO: A questão da minha candidatura é muito importante. Fez com que desse mais visibilidade para a classe operária no nosso estado, os trabalhadores em si. Vem na nossa candidatura uma candidatura de denúncia, como vimos fazendo nos debates, entrevistas, e isso é fundamental porque, além de dar visibilidade para nosso programa, também dá visibilidade para que os companheiros entendam nosso objetivo nas eleições.
DCO: Você compõe o coletivo João Cândido, nos conte um pouco sobre ele.
UO: O coletivo de negros João Cândido nos dá a oportunidade de expressar toda a nossa indignação diante da crescente onda do que vem ocorrendo no país e no mundo sobre o racismo. E termos um veículo que nos dá essa consciência é fundamental para enriquecer nosso conhecimento.
DCO: Para terminar, como vê as outras candidaturas de esquerda, e especificamente a de Jones Manoel, para o governo do estado?
UO: Voltando para a candidatura de Jones Manoel, não tenho afinidade com ele, vejo como um aproveitador. Um cara que está se aproveitando, diz que é o único candidato negro, pobre, que anda de ônibus, se rotulando de candidato dos pobres. É uma esquerda burguesa, um verdadeiro agente do imperialismo. Veja o que aconteceu no passado. É difícil falar de um candidato como ele, que tem um histórico tão pequeno, mas já com muitas manchas [Lava-Jato e o golpe de 2016].
A questão dos candidatos de esquerda, a nossa candidatura tem o diferencial, nos dá a oportunidade para mostrarmos o programa do Partido. Essa eleição é uma tribuna onde buscamos uma expressão política, onde podemos unificar toda a classe operária. Só através de uma revolução social, com certeza, vamos dar alusão a todo o entendimento socialista. Sabemos que não é no voto que vamos resolver os problemas sociais do país, é com mudanças revolucionárias, e para isso é fundamental que nossa candidatura tenha penetração grande na classe operária.
Vejo também que o Partido tem dado a nós essa oportunidade, porque temos candidatos pretos, índios, de toda classe social, e isso é muito importante que aconteça num partido operário como o nosso, e sabemos que não é algo que acontece nessa esquerda burguesa.