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CUT

CUT deve intervir por um verdadeiro aumento do salário mínimo

O governo Lula deve se apoiar sobre as massas e as suas organizações para impor a sua política ante a pressão da direita golpista

A transição do governo Bolsonaro para o novo governo eleito, de Lula, começou com uma má notícia: o aumento do salário-mínimo está sendo estimado para R$1319, uma diferença de apenas R$17 em relação ao proposto pelo presidente derrotado, de R$1302, o que não configura um crescimento real de salário, apenas compensando a inflação. Ele não está sendo acordado por Lula, mas pelo governador do Piauí, Wellington Dias, PT. A péssima proposta mostra que é necessário haver uma grande intervenção da Central Única dos Trabalhadores no governo Lula para que haja um aumento real nos salários.

Um dos aspectos cruciais dos governos do PT, que fez com que a vida melhorasse para grande parte da classe operária e que deu uma enorme popularidade a Lula foi o aumento real do salário-mínimo. Na realidade, o governo Lula foi o que acumulou o maior aumento real do mínimo desde que ele foi criado no ano de 1940. Em conjunto com Dilma a média de aumento foi a de 59%. Depois do golpe de Estado, tanto Temer quanto Bolsonaro congelaram esse aumento deixando a inflação crescente destruir a vida dos trabalhadores.

O problema da inflação é crucial para se compreender a necessidade do aumento dos salários. Não basta que o valor aumente, é preciso que ele compense pela inflação que encarece todos os produtos, principalmente os produtos consumidos pela população mais pobre. A inflação é medida por uma média geral e portanto seu valor genérico não revela a real situação de carestia que ela gera para a população pobre do país, é um dos motivos para os mais de 30 milhões que passam fome, em conjunto a destruição econômica criada com o golpe de Estado.

A questão do aumento dos salários é uma questão crucial, um dos principais pontos na luta da classe operária em toda a sua história. A burguesia luta para que explore cada vez mais os trabalhadores aumentando o seu lucro. Há muitas formas de aumentar essa exploração: removendo direitos trabalhistas, aumentando a carga de trabalho ou mantendo os salários baixos. A inflação é uma forma de corroer os salários que só pode ser combatida com aumentos constantes. A luta pelo aumento do salário mínimo portanto é um confronto aberto com a burguesia que pressiona contra e que conseguiu essa vitória nos governos Temer e Bolsonaro.

Sendo uma luta antiga da classe operária, ela deve ser protagonizada pela classe operária. Wellington Dias é um governador do PT. Esse setor dos governadores do Nordeste é notoriamente conhecido por ser a ala mais a direita dentro do partido. O ex-governador da Bahia por exemplo, Jaques Wagner, defendia Ciro Gomes como candidato no ano de 2018. Ele e seu seguidor, Rui Costa, também defendeu a política de militarização das escolas e fortaleceu a repressão da polícia militar. Dada a pressão que a direita faz sob o PT ao se deixar essa ala direita tomar conta não há como obter conquistas para os trabalhadores.

Lula e a CUT, por outro lado, compõem a ala esquerda do PT, a ala que é ligada diretamente aos trabalhadores, aos sindicatos, a sua mais básica organização de luta. O DIEESE, Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, instituição ligada aos sindicatos, por exemplo, define que o salário-mínimo brasileiro, de acordo com o que esterilece a Constituição Federal de 1988, deveria estar acima dos 6 mil reais, dados os valores dos produtos na atualidade. Só por essa estatística é possível ver que é preciso de uma intervenção dos sindicatos no governo para que haja um aumento real no salário.

Muitos setores da esquerda estão festejando a diferença deR$17 entre a proposta de Bolsonaro e a proposta de Dias, algo vergonhoso. Ante a calamidade que existe no país, é preciso medidas sérias para tirar os trabalhadores da miséria. Se a transição de governo não permite um aumento maior que 17 reais, então que não haja festa. É preciso que Lula deixe claro desde já que seu aumento será um aumento real, como foram nos seus governos anteriores, ou ainda maiores dada a tendência de mobilização que existe na classe operária na atual conjuntura política.

A CUT por sua vez é a organização que mais pode interver nessa questão. A maior central sindical da América Latina possuiu mais de 4mil sindicatos somando dezenas de milhões de filiados, ela sozinha tem a capacidade de parar completamente o país. Os atos bolsonaristas que bloquearam algumas estradas essa semana são cócegas nos pés da burguesia ante a capacidade que possui uma mobilização real da CUT. Com esse potencial é preciso que ela se posicione por um aumento real do salário-mínimo.

Lula se tornou presidente graças à mobilização popular, que derrotou parcialmente os golpistas de 2016. Contudo, Lula tem somente o governo federal, a direita controla o Congresso, os governos estaduais e a imprensa que fazem uma pressão gigantesca contra as políticas de esquerda de Lula. Para combater essa pressão, que é, na verdade, um ataque da direita aos trabalhadores, é preciso que as organizações da esquerda chamem o povo para a mobilização, é preciso que a CUT se torne uma base real do novo governo Lula.

O presidente eleito Lula foi preso e perseguido pelo imperialismo justamente por essa característica. Ele não é um mero político burguês que tem uma ou outra posição nacionalista, ele é uma liderança da classe operária brasileira, a maior da América Latina. Ele é o mais importante sindicalista do país, ele é a liderança de fato da CUT, e ele agora está no governo. Isso configura um potencial gigantesco para o novo governo, mas que só se concretizará por meio da mobilização.

A luta contra o golpe de Estado, que derrubou a presidenta Dilma e prendeu Lula em 2018, se tornou um enorme movimento de massas que conseguiu impor a derrota aos golpistas nas eleições de 2022. É sobre esse movimento de massas que Lula deve se apoiar para governar e assim impor a sua política em defesa dos trabalhadores. Mas o movimento é fraco em sua forma difusa e desorganizada, ele precisa ser dirigido pelas principais organizações da esquerda. É por isso que a Central Única dos Trabalhadores deve interver em defesa do governo Lula, em defesa do aumento real do salário mínimo, do petróleo 100% estatal e de todas as principais reivindicações da classe operária.

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