Depois de ter apoiado a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, já em 2018, quando o mesmo encontra-se condenado e preso de forma criminosa, por ser ele o único candidato capaz de unir a esquerda e as organizações de luta dos trabalhadores, de ter se oposto à sua substituição na cabeça de chapa – diante do indeferimento ilegal do seu pedido de registro pelo TSE – o que abriu caminho para a derrota da esquerda e “legitimação” do processo fraudulento de 2018, o Partido da Causa Operária (PCO), depois de ter desempenhado um papel de vanguarda na mobilização pela liberdade de Lula (criando comitês, organizando caravanas, atos etc.), desde 2020 defendeu o lançamento de sua candidatura presidencial para 2022, chamando os demais partidos esquerda do movimento operário a se unirem em torno de sua candidatura.
A defesa da unidade da esquerda com Lula
De forma sistemática, o PCO procurou explicar a necessidade de uma frente de luta da esquerda em torno da candidatura de Lula e de um programa de defesa das reivindicações dos trabalhadores diante da ofensiva do regime golpista contra as condições de vida da imensa maioria da população e destruição da economia nacional em favor do imperialismo.
Em setembro de 2020, por exemplo, assinalamos aqui nesse Diário que :
Essa posição de tornar Lula pré-candidato como forma de usar sua liderança para impulsionar a mobilização popular, inclusive no sentido de buscar a antecipação da derrota de Bolsonaro, foi sistematicamente rejeitada pela esquerda.
Com o advento da pandemia, a maioria da esquerda reforçou sua posição de espera, de não realizar qualquer tipo de mobilização real, apoiando a política do “fique em casa” (e morra sem lutar) defendida pela direita, tendo à frente o então governador de São Paulo, João Doria (PSDB). No 1º de Maio de 2021, no Dia Internacional de luta da Classe Trabalhadora, o PCO tomou a dianteira e junto com os Comitês de Luta e outros setores classistas do Bloco Vermelho, inclusive do PT, e realizou o primeiro ato público presencial em plena pandemia tendo como um dos seus eixos a defesa da candidatura de Lula, por um governo dos trabalhadores.
Atos fora Bolsonaro, sem Lula
A esquerda parlamentar manteve-se semi paralisada, boa parte dela empenhada na política fracassada de construção da chamada frente ampla que, se tivesse se efetivado, teria servido de base para alavancar – com apoio da esquerda – uma candidatura da direita disfarçada de centro, como a de João Dória ou Ciro Gomes ou Simone Tebet ou outro político de confiança dos capitalistas.
O agravamento da crise e, consequentemente, da revolta popular, e a iniciativa do PCO e do Bloco Vermelho, impulsionar uma mudança de posição no interior das direções da esquerda, que resultou nos chamados aos atos por Fora Bolsonaro no final do mês de maio de 2021. Essa mobilização cresceu de forma significativa, nos seus primeiro meses – levantando reivindicações populares como a defesa da vacina para todos e do auxílio emergencial, além de serem – de fato – atos formados por uma maioria de ativistas e apoiadores da candidatura de Lula.
A direção dos atos fora Bolsonaro, foram aos poucos sendo capturadas por setores da esquerda defensores da política de frente ampla com a direita, como o PCdoB, PSOL e setores da direita do PT) que se opuseram à participação de Lula em tais atos, sob a fajuta alegação de que isso iria antecipar a campanha eleitoral, que muitos dos dirigentes da esquerda já iniciavam em funções de seus propósitos mesquinhos.
Isso se tornou possível pela burocratização do movimento e, consequente, distanciamento do ativismo de base que já apoiava Lula e queria a sua presença.
Lula, então não participou, em um momento em que sofria ainda enormes pressões da direita, do judiciário, da imprensa golpistas etc. para se manter afastado das atividades públicas e se preservar para uma possível candidatura.
Isso quando, se Lula tivesse participado dos atos, poderia ter impulsionado uma mobilização muito mais ampla e combativa, o que poderia ter tornado possível que Bolsonaro caísse bem antes das eleições pela mobilização popular. Essa iniciativa serviria também para dar à Lula uma base ainda mais ampla do que a conquistara, principalmente entre os setores mais organizados da classe trabalhadora dos grandes centros, que – em grande parcela – foi atraída pelas posições do bolsonarismo sem que houvesse uma disputa real, política, diante dos grandes problemas nacionais colocados para a maioria da população (pandemia, fome, desemprego etc.)
Nestas condições, bloqueadas pela política dessa esquerda, Lula teria participado das eleições com ainda com maior autoridade política diante de um setor inda mais amplo da classe trabalhadora de todo o País.
Sem Lula, para fazer frente com a direita
O bloco conservador dirigente do Fora Bolsonaro, na medida em que assumiu o controle da mobilização, se opôs em todos os momentos, à realização de um movimento real, e impôs até mesmo a presença de setores da extrema-direita (como o MBL, Frota, Joice Hasselman etc.) na mobilização, o que foi amplamente rejeitado pelo PCO e pela maioria do ativismo.
Com sua política rejeitada pelas bases e com o fracasso total de suas posições, como a de que a CPI do orçamento (foto) iria nos livrar de Bolsonaro e todos os males, a esquerda parlamentar, não só se manteve sua política de restrição da mobilização, sem a presença de Lula, como acabou por liquidar com o movimento, ante a majoritária rejeição das bases de sua política de conciliação.
Tratou de esperar pelo período eleitoral, no qual aprofundou a política de aliança com setores direitistas, totalmente contrários à mobilização do povo, à luta popular por suas reivindicações.
Essa politica alargou os caminhos para uma aliança com setores ultra conservadores, como o ex-governador e ex-presidente do PSDB, Geraldo Alckmin, como setores do PSD e os socialistas de araque e golpistas do PSB, alas do MDB etc. que se apoiaram em Lula na defesa dos seus próprios interesses, sem nem mesmo render dividendos eleitorais reais, como demonstram as derrotas de Lula no interior de São Paulo (onde Alckmin e França, supostamente, iam garantir votos até para eleger Haddad, nos delírios dessa esquerda), o êxito do PSDB em PE, o fracasso eleitoral em BH, etc. etc.
Além de endossar e participar de todas essas composições com a direita falida, todas as alas dessa esquerda parlamentar procuraram alaras essa política ao ponto do PT e a maioria da esquerda não se colocar na disputa, de forma real, na maioria dos estados, ou disputar as eleições em conluio com a direita. Aí incluídos os “radicais” e ex-socialistas do PSOL que formaram chapas com o PSDB (como no RJ) e até se colocaram o presidente do PSOL como “vice” (suplente) na “chapa” para Senado do socialista-tucano e ex-governador de SP, Márcio França (PSB) [na foto]. Tudo por um cargo!
Uma política reacionária em todos os seus aspectos, que colocou em risco a vitória de Lula e que serviu apenas, em alguma medida, para os interesses miúdos de uma pequena parcela dos oportunistas e carreiristas de todo o tipo.
Uma política que precisa ser superada para derrotar o cerco à direita que toda a burguesia vai realizar contra o governo Lula para tentar impedir quaisquer ações efetivas que contrariem seus interesses em questões centrais.