Logo após o anuncio da vitória de Luís Inácio Lula da Silva (PT) neste domingo, iniciou-se em todo País uma onda de protestos lideradas por grupos de caminhoneiros com uma reivindicação política central de defesa do governo Bolsonaro e rejeitando o resultado eleitoral. Independente da ação política, este setor ficou marcado nos últimos anos pela defesa da redução dos preços dos combustíveis, principalmente o diesel, se chocando diversas vezes com o próprio setor econômico do governo Bolsonaro e do regime golpista de conjunto.
A reivindicação pela redução dos combustíveis é uma defesa justa, no entanto, feita de forma confusa por este setor. Devido a falta de uma presença da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de uma política mais clara da esquerda, os caminhoneiros frequentemente são capturados pelo bolsonarismo. No entanto, qual deveria ser a política em respeito aos combustíveis?
O problema central que está ligado à oscilação constante dos preços dos combustíveis no Brasil e seu estrondoso aumento desde o golpe de Estado é justamente a política neoliberal colocada adiante pelo regime golpista. Desde o governo de Michel Temer, a política de subsidio e controle por meio da moeda nacional, o real, sob o preço dos combustíveis gerados pela Petrobras foi substituído por uma política criminosa e antinacional.
Temer e Bolsonaro decidiram entregar o controle da principal empresa nacional, a Petrobras, para as mãos do imperialismo, sobretudo o norte-americano. Adotando a política dos acionistas estrangeiros, que ganham em cima como parasitas dos lucros da empresa, Temer e Bolsonaro colocam o petróleo brasileiro com paridade direta ao dólar e ao controle da produção mundial dos Estados Unidos. Dessa maneira, toda e qualquer oscilação provocada pelo país imperialista resulta, em primeiro lugar, em uma mudança drástica no preço do combustível em nome da manutenção dos lucros dos acionistas.
Essa política tirou totalmente a independência econômica brasileira em relação ao próprio petróleo produzido no País. Além disso, como se não bastasse a paridade com uma moeda estrangeira, o governo federal acabou com a política de subsídios aplicada durante os governos do PT como forma de diminuir o preço final do combustível, ou seja, aquele que chega ao consumidor. Assim, o trabalhador brasileiro é obrigado a pagar os elevados custos requisitados não pela produção nacional, mas sim pelos acionistas estrangeiros.
O governo Lula precisa colocar em prática, assim que assumir, uma intensa campanha pela nacionalização do petróleo, para a devolução da Petrobras ao controle do país. Cortar a paridade com o mercado internacional controlado pelo imperialismo e nacionalizar toda produção, ganhando autonomia e voltando com os subsídios estatais ao preço para os trabalhadores.