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A esquerda punitivista

“Combate às fake news” é pretexto para repressão

A esquerda pequeno-burguesa pede mais punição, está achando que a cadeia poderá resolver os problemas sociais do Brasil. Esse é um triste retrocesso.

Justiça "cega"

O texto “A eleição passou, mas o combate às fake news precisa continuar”, de Paulo Henrique Arantes, no Brasil 247, se soma à montanha de chamados da esquerda pequeno-burguesa pedindo mais punição.

Para começar, se esquecem que quem pune é o Estado que, no nosso caso, é burguês. Pela própria natureza do Estado, que é uma ferramenta de dominação de uma classe sobre a outra, a punição recairá principalmente sobre as classes inferiores.

Como o ‘combate às fake news precisa continuar’ se nunca começou? Quer dizer, serviu para o Supremo Tribunal Federal fechar as redes sociais do PCO. Agora, a notícia que surgiu antes da Copa, de que no Catar 6.500 trabalhadores teriam morrido nas obras para receber o campeonato, uma clara falsificação da realidade, teve alguma punição? Algum veículo de comunicação burguês que reproduziu essa notícia foi punido? Não.

Arantes diz que “as eleições passaram, Lula venceu, mas ainda se veem fake news surgirem para tumultuar o ambiente democrático”. Há democracia quando os trabalhadores não têm direitos trabalhistas ou previdenciários? Há democracia quando o STF investiga e julga um processo no qual ele próprio se coloca na posição de vítima? Que ambiente democrático é esse no qual é proibido questionar o processo eleitoral? Questionar o TSE, falta pouco, se transformará em pecado, assim como o é a suspeição sobre a infalibilidade do Papa.

O medo

A esquerda pequeno-burguesa age por medo, mas em vez de procurar se apoiar na classe trabalhadora, prefere pedir socorro às instituições burguesas. O que mostra que a classe média, mesmo a ‘progressista’, vê um inimigo nos trabalhadores.

O medo das fake news surgiu de uma outra fake news de que o disparo massivo de mensagens falsas pelo WhatsApp teriam virado a eleição em favor de Bolsonaro. Nada mais falso. Decisivo para a eleição da extrema-direita foi a ação fraudulenta do Judiciário, no caso da Lava-jato; as inúmeras notícias falsas, ou fake news, contra Lula, seus familiares e sobre o PT na grande imprensa. E, principalmente, a ação do STF que colocou Lula na cadeia quando este ainda tinha direito a recursos. Ou seja, querem que o Supremo, fundamental para a eleição de Bolsonaro combata a não sei o quê. Pior: que defenda a democracia.

Chega a ser engraçado ver um jornalista afirmar que “Cabe à extrema-direita o pioneirismo em profissionalizar a utilização em larga escala dessa ferramenta criminosa”. É sério isso? Essa gente andou por onde? Muitos deles trabalharam na grande imprensa, a máquina mais profissional de inventar mentiras que a humanidade já conheceu. Em 1908, o grande escritor Lima Barreto escreveu ‘Recordações do Escrivão Isaías Caminha’, há 114 anos, um retrato fiel e contundente da venalidade que cerca a imprensa corporativa.

A mentira, essa em escala industrial, é inerente à grande imprensa, com um porém, jamais o Estado burguês punirá essa gente. Se a esquerda pede punição, é preciso que se saiba que o chicote cantará nas contas da esquerda e da classe trabalhadora ou de seus representantes.

Inquérito das fake news

O texto diz que “o famigerado inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (4.781) nasceu meio torto, por iniciativa do seu então presidente, Dias Tóffoli, que designou como relator o ministro Alexandre de Moraes”. E diz que “atipicamente”, vejam só, “o famigerado inquérito das fake news no Supremo Tribunal Federal (4.781) nasceu meio torto, por iniciativa do seu então presidente, Dias Tóffoli, que designou como relator o ministro Alexandre de Moraes”. O que há de atípico nisso?

O jornalista não se espanta que se abra um inquérito de um crime que não existe? Para começar, fake news’ nem mesmo está escrito em português, não está tipificado no Código Penal, como é que se pode punir?

Avisamos ao Paulo Henrique Arantes que o PCO não tem acesso ao processo e, portanto, nem sabe exatamente qual é a acusação. Onde está a tal democracia se não existe amplo direito de defesa?

Arantes diz que “os criminosos, criadores e disseminadores de fake news, costumam, primariamente, defender-se apontando o direito constitucional à liberdade de expressão”. Primeiro, não há crime. Segundo, a liberdade de expressão é uma reivindicação que vem desde o Iluminismo que a esquerda sempre teve como bandeira. Só abandonou agora, que está fica direitizada e punitivista, apostando que a cadeia será capaz de curar as mazelas sociais. Trata-se de um enorme retrocesso. Contra a mentira é preciso opor a verdade, não ficar ameaçando com o cárcere.

No Brasil, é bom que se diga, não existem cadeias, são verdadeiros centros de tortura que afrontam os direitos mais básicos dos seres humanos, é inaceitável esse punitivismo da esquerda.

Utopia

Mais para o final da matéria chegamos a um momento quase poético, pena que não tem nada a ver com a realidade. O texto diz: “Deveria ser este o tempo da verdade, tempo de disseminar o que a ciência descobre em benefício da humanidade, tempo de consolidar os avanços civilizatórios que nada têm de esquerda ou direta – são avanços na direção do aperfeiçoamento da civilização. Não se pode permitir que ocultem-se verdades históricas e que, paradoxalmente, repliquem-se as mais abjetas mentiras”.

Por que deveria ser este o tempo da verdade? Não deveria a verdade reinar em qualquer tempo? Tempo de disseminar o que a ciência descobre em benefício da humanidade? Assim como a vacina contra Covid-19, que foi vendida a preço de ouro e ninguém teve a coragem de quebrar a patente? Recusaram a vacina para países pobres, especialmente no Continente Africano, e ali o vírus matou à vontade se reproduziu o quanto quis em subvariantes. Cuba foi impedida pelos EUA de comprar ventiladores pulmonares e seringas para vacinação. Tudo isso sob o silêncio de todo o mundo ‘civilizado’.

Não dá para entender que alguém escreva que “parte civilizada do globo tenta vencer o extremismo calcado em fake news e em idolatrias inimagináveis no Século XXI”. Melhor deixar o STF de fora dessa parte civilizada, o que fizeram contra Lula o comprova. De resto, o que sobra o quê? Talvez a Europa, mas os países ali só estão interessados em financiar em bilhões de euros a guerra e a barbárie enquanto parte da população passa por necessidades.

Para finalizar, é preciso dizer a Paulo Henrique Arantes que as notícias falsas não serão punidas. O que o ‘mundo civilizado’ está fazendo com Julian Assange comprova, para quem quiser ver, que será punido quem disser a verdade.

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