A pandemia está sendo utilizada como justificativa para a proibição, por mais um ano, da realização do carnaval de rua, que se traduz no principal evento de expressão dos anseios popular. Proibir o carnaval tem uma mensagem camuflada claríssima: a classe dominante do Brasil quer calar o povo!
A principal prova de que para a burguesia o problema não está na disseminação do vírus da Covid-19 são as cenas cotidianas de transportes coletivos abarrotado de pessoas, ao qual a classe trabalhadora é obrigada a se submeter para trabalhar; a não liberação de trabalhadores assintomáticos, mas que tiveram contato ou que trabalham juntos de pessoas que testaram positivo para o Corona vírus; além de se ver estádios, ginásios e outros eventos que geram lucro para os poderosos, com suas capacidades máximas ocupadas e sem o respeito às regras sanitárias impostas como distanciamento e uso de máscara.
Também fica evidente o desejo de silenciar a voz do povo, através da ênfase e do vocabulário que a imprensa capitalista emprega ao noticiar a proibição do carnaval e os blocos de rua que não se deixam calar por essa imposição que desrespeita a liberdade de expressão do povo.
Na manhã deste sábado (19), no Centro do Rio de Janeiro, dois blocos de rua saíram pela Zona Portuária e despertou a ira dos monopólios da comunicação. Ao se referir a esses blocos como “clandestinos”, a imprensa burguesa tenta passar para a população a impressão de ilegitimidade e, consequentemente, marginalizar os foliões. Outro destaque da repressão ao carnaval e da expressão povo estão nos trechos: “outro bloco foi flagrado”, “eles passam perto de policiais militares, que nada fazem” (incitação à repressão policial?) e “uma agenda informal que circula por redes sociais entre foliões”.
A pergunta que a população deve fazer, criticamente e reflexivamente, é: quem tem interesse em silenciar os anseios da população? Uma das pistas para chegarmos à resposta está na expressão livre e crítica da população contra políticos, a burguesia e os monopólios, que ocorreu nos últimos carnavais. Além disso, os grandes capitalistas buscam tornar os dias festivos em dias laborais, sem folga, e dessa forma aniquilar com mais um direito da classe trabalhadora, um dos poucos momentos de diversão que restou na difícil vida dos trabalhadores. Nesse ano eleitoral, também há o temor da burguesia em ver grande parcela da população manifestar seu desejo de eleger Lula presidente mais uma vez.
As evidências das intenções capitalistas alinhadas com a repressão da elite política são comprovadas pelo fato de, além de cancelar o carnaval, tornar os dias de folia em dias de trabalho, Quer dizer: não pode aglomerar no bloquinho, mas pode aglomerar no transporte coletivo indo trabalhar.
Além disso, a hipocrisia da burguesia deverá ser comprovada mais uma vez, a exemplo de 2020, durante a campanha eleitoral, onde carreatas, o chamado corpo-a-corpo e os comícios provocam aglomerações que não são impedidas pelas mesmas autoridades sanitárias que restringem o carnaval.
A classe trabalhadora não pode aceitar que mais direitos seus sejam retirados pela burguesia. O direito à liberdade de expressão e à diversão estão sendo cobiçados e, sorrateiramente, retirados sob o pretexto da pandemia, mas é preciso reagir e evitar que a voz do povo seja calada de vez.