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Mais uma chacina

Carandiru não foi exceção: PM mata sete no Rio de Janeiro

Dos sete, seis morreram no Morro do Juramento, e um no Complexo da Maré, o que fez com que o povo bloqueasse a Avenida Brasil em diversos momentos ao longo do dia

Nessa sexta-feira (25), as polícias Civil e Militar realizaram operações em 13 comunidades diferentes no Rio de Janeiro. No total, sete pessoas morreram, uma na favela Nova Holanda, no Complexo da Maré, e as outras seis no Morro do Juramento. Além disso, oito pessoas foram baleadas e, no mesmo dia, nove foram presas em outra operação da Polícia Civil no Sul do Rio. Ademais, ao menos 40 escolas e postos de saúde da região da Maré precisaram ser fechadas.

A vítima do Complexo da Maré já foi identificada. Segundo sua família, Renan Souza de Lemos, de 24 anos, era motorista de aplicativo e pai de duas filhas pequenas:

“Ele era muito guerreiro, trabalhador. Se ele tivesse envolvimento eu ia dizer para vocês ‘esse cara era envolvido, ele é chefe não sei de que’ porque eu não tenho afinidade com essas coisas lá dentro. Ele trabalhava fazendo as entregas na empresa da mãe, eles trabalhavam juntos. Quando não tinha entrega, ele rodava como Uber”, afirma Rivaldo, pai de Renan, cujo corpo precisou ser removido da comunidade por parentes em um carrinho de carga.

As operações dessa sexta são ainda mais uma prova de como as polícias servem para massacrar os trabalhadores. Como é o caso de Renan, citado acima, a maioria das pessoas assassinadas nunca possuiu qualquer tipo de envolvimento com os crimes das quais são acusadas. Antes, são alegações feitas pela PM que servem para justificar a matança do povo pobre das favelas.

O atual governador do Rio de Janeiro, o fascista Cláudio Castro (PL), contabilizou 3 das 5 chacinas mais letais de toda a história do estado. A de ontem entra na lista com 10 mortes a menos que a quinta mais letal e compõe os dados divulgados em julho pelo Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (GENI), que afirma que, durante o governo Castro, 692 pessoas morreram nas 1.703 operações policiais realizadas.

Cláudio Castro, inclusive, responsável pelas duas chacinas mais letais da história do Rio de Janeiro, respectivamente no Jacarezinho (28 mortos) e na Vila Cruzeiro (23), estava, enquanto a matança da PM ocorria, em viagem ao exterior para participar de evento na Universidade de Oxford, na Inglaterra.

Vale notar que as mortes em questão acontecem pouco tempo depois dos 30 anos do Massacre do Carandiru, chacina que ocorreu em 2 de outubro de 1992, na qual a Polícia Militar do estado de São Paulo executou – oficialmente – 111 detentos. Até hoje, a polícia mantém o mesmo modus operandi, servindo como um braço armado do Estado destinado para garantir, por meio da força física, os interesses da burguesia contra os trabalhadores.

A população, por outro lado, que sofre diariamente com a ação sanguinária da polícia, entende o seu papel na sociedade, uma vez que conhece a sua atuação de perto. Não é à toa que, após as operações em questão, moradores do Complexo da Maré bloquearam a Avenida Brasil diversas vezes ao longo do dia. Cumprindo, mais uma vez, o seu papel de inimigo do povo, o Batalhão de Choque da PM utilizou balas de borracha e bombas de efeito moral para dispersar os manifestantes.

Frente ao caso, não pode haver dúvidas de que não são as polícias, independentemente se for civil, militar, federal etc. que protegerão o povo. Na realidade, é o povo quem precisa se proteger da própria polícia e, para tal, precisa ter o direito de se armar. Afinal, enfrentar todo o aparato de guerra do Estado de mãos vazias é um suicídio, pois a burguesia não possui misericórdia e, portanto, atirará sem pensar duas vezes.

Entretanto, não é possível lutar contra a polícia apenas com armas, apesar de já ser um grande passo. Acima de tudo, os trabalhadores precisam se organizar em comitês de autodefesa para que o seu armamento seja feito de forma organizada. Assim, não só poderão se defender das polícias, como também poderão instituir um tipo de segurança pública completamente popular. Em outras palavras, a polícia não precisará mais ir às favelas fingir  que defenderá os trabalhadores, já que estes o farão por conta própria, independentemente da burguesia.

É interessante notar que o caso em questão mostra porque a maioria da população que mora nas favelas votou em Lula nas eleições deste ano. Trata-se de uma parcela muito oprimida do povo que vive em um cenário de guerra criado por figuras aliadas a Bolsonaro. Mostra, também, quão importante foi Lula ter feito uma grande quantidade de comícios nas favelas e, acima disso, ter trazido uma política mais combativa quando comparado ao que fez no primeiro turno.

Entretanto, não podemos nos enganar. Medidas paliativas não vão acabar com o massacre do povo pobre nas favelas, é preciso lutar pelo fim não só da Polícia Militar, mas de todas as polícias que, até lá, continuarão assassinando diariamente os trabalhadores.

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