As chuvas não param de “surpreender” os governantes do Rio de Janeiro. Neste domingo, o prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão, pediu ao ministro da Infraestrutura, Marcelo Sampaio, o desligamento das usinas nucleares. Segundo informou, o acesso à cidade pelas rodovias RJ-155 e Rio-Santos está interditado por desmoronamentos de barrancos.
“(…) estamos ilhados. Sou um defensor da matriz nuclear e temos plano de emergência, mas como a gente faz o plano sem estrada? Não dá. Por isso estou pedindo o desligamento das usinas nucleares. (…) O governador acaba de chegar aqui, vamos sobrevoar as regiões de Monsuaba e Ilha Grande, onde ainda há desaparecidos.”
A população só pode mesmo se revoltar com o cinismo desses políticos que buscam aparecer fazendo alguma coisa diante das catástrofes que ocorrem no período de chuvas. Esses políticos burgueses profissionais sabem que vão precisar de votos para seus candidatos no período eleitoral que se aproxima, assim eles buscam aparecer nos jornais como grandes gestores preocupados com a situação.
A pergunta que fica é a mesma que se repete ano após ano. Será que não temos engenheiros e administradores capazes de prever o risco e evitar a morte dos habitantes durante as chuvas? Depois de centenas de mortos em Petrópolis, no último mês, chegou a vez de Angra dos Reis, Paraty e outras cidades da Costa Verde sofrerem com os fenômenos naturais. Já foram confirmados 18 mortos, sendo uma criança. E tudo que o prefeito e o governador podem fazer, pois já é tarde para prevenir, é realizar um passeio de helicóptero para observar a tragédia do alto.
Os jornais burgueses falam como se tratasse de uma catástrofe natural e mostram o desespero dos governantes como se eles estivessem realmente preocupados com a população. É apenas uma forma de ocultar o fato de que os recursos públicos destinados às obras de infra-estrutura urbana, saneamento e construção de moradias vem sendo desviado pelos governos capitalistas para garantir o lucro dos bancos. É este o resultado do congelamento dos gastos públicos. O Governador Cláudio Castro e o prefeito de Angra dos Reis abandonaram a população, e são cúmplices desta política que avançou, de forma acelerada, após a derrubada de Dilma Rousseff e o corte de recursos do governo Michel Temer, que eles chamaram de ponte para o futuro. Não há nenhuma ponte e o que chega para a população é o desmonte das políticas públicas implementadas pelos governos do PT.
A estatal Eletronuclear havia informado no sábado que as usinas nucleares Angra 1 e 2 seguiam operando normalmente, com capacidade total, não tendo sido afetadas pelas fortes chuvas que caíram na Costa Verde desde quinta-feira passada. Hoje, a empresa afirmou que o plano de emergência da usina não foi comprometido pelas chuvas. Mas o desespero do prefeito não pôde ser contido e ele falou diretamente com o ministro da Infraestrutura em Brasília para desligar as Usinas na cidade. Quem sabe assim, a população do Rio de Janeiro, além de sofrer com alagamentos e com a lama descendo sobre suas cabeças possa passar por tudo isto no escuro, com falta de luz.
A Defesa Civil de Angra informou que mantém o alerta máximo no município, as sirenes permanecerão ligadas mesmo com a diminuição das chuvas, devido à alta saturação do solo. Os governantes não propuseram abrigar a população, ou construir moradias para retirar quem mora em situação de risco, mas eles alertam à população das áreas de risco que só retornem para suas residências após receberem as mensagens de desmobilização. É o que foi divulgado em um informe hoje pela manhã de domingo.
Está previsto mais chuva durante o domingo, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), um acumulado de mais de 100mm de chuva. Permanece o aviso vermelho na cidade. Para os trabalhadores resta a mobilização contra a ameaça que esses políticos demagogos e pilantras representam para a vida de quem depende de políticas públicas.